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GREVE DAS ESTADUAIS PAULISTAS | Médicos, estudantes e funcionários se unificam em ato contra o desmonte do HU da USP

A manifestação que se dirigiu ao Palácio dos Bandeirantes reuniu centenas de grevistas que estão mobilizados contra a desvinculação dos hospitais e o seu desmonte, que já está em curso. A reitoria tem se mostrado intransigente e sequer marcou negociações.

Babi DellatorreTrabalhadora do Hospital Universitário da USP, representante dos trabalhadores no Conselho Universitário

sexta-feira 3 de junho de 2016 | Edição do dia

A luta contra o desmonte dos Hospitais Universitários da USP não começou agora. Aliás, o HU do campus Butantã, na zona oeste de São Paulo, só existe por conta da luta da população da região em aliança com estudantes e trabalhadores da USP. Hoje, governo e reitoria estão unidos para acabar com essa conquista histórica.

Em 2014, a reitoria tentou desvincular tanto o HU do Butantã como o HRAC (Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais) de Bauru da USP. Só uma fortíssima greve, a primeira em muitos anos que parou o HU da USP, de quatro meses foi capaz de frear essa medida da reitoria.

Nem por isso o desmonte foi detido. A reitoria conseguiu passar o seu PDV (Plano de Demissão Voluntária), o que levou à saída de 43 médidos (15% a menos, passando de 296 para 253) e 195 funcionários do hospital, passando de 1.775 para 1.580. Isso levou a uma redução de 21% dos leitos do hospital (fechando 49 e restando 184 atualmente), 30% nas consultas ambulatoriais, 24% no atendimento de urgências, 21% nas internações e 25% nos procedimentos cirúrgicos, segundo dados apresentados pelo jornal Folha de S. Paulo obtidos a partir do serviço de estatística do HU.

Conforme denunciamos, o Pronto Socorro infantil foi fechado no período noturno a partir de março, e as internações infantis diminuíram em 17%. Hoje a espera para atendimento no Pronto Socorro pode ultrapassar seis horas. Na internação, as macas acumulam-se nos corredores, sem equipamentos de monitoração e em condições completamente insalubres. O HU é um hospital de referência em uma região pobre e extremamente carente de serviços de saúde: segundo o Conselho Gestor de Saúde do Butantã, 600 mil pessoas dependem de seus atendimentos.

A intransigência da reitoria

Mesmo depois de ter sido derrotado o plano de desvinculação, a reitoria aplicou todas essas medidas de desmonte e, agora, volta novamente a atacar com a desvinculação. A precarização também tem por objetivo “provar” que a USP não tem condições de manter o hospital e ele estará melhor nas mãos da iniciativa privada por meio das OSS (Organizações Sociais de Saúde) que gerem os hospitais públicos em São Paulo lucrando com o péssimo serviço que oferecem à população mais necessitada.

A fortíssima greve que está ocorrendo na USP, com adesão de estudantes, trabalhadores, docentes, médicos, não foi o suficiente para que a reitoria sequer sentasse para negociar. Nas duas reuniões ocorridas até agora com o conselho de reitores de USP, Unesp e Unicamp o reitor Marco Antônio Zago não compareceu. Nem marcou nenhuma reunião com nenhum dos setores em greve na universidade. Como se não bastasse, agora começou a atacar ilegalmente o direito de greve dos trabalhadores com o corte dos salários dos que lutam em defesa da educação e da saúde.

Uma forte mobilização que está só começando

O primeiro grande ato em defesa do HU nessa greve foi o “abraçasso” organizado ao redor do hospital, congregando os setores em luta e a população usuária do serviço.

Agora, os grevistas levaram sua luta para rua e se unificaram com outros setores que lutam pela defesa do HU. Os demais setores em greve na USP se somaram ao ato, e também os trabalhadores da saúde da região oeste e a população usuária do hospital. O ato foi até o Palácio dos Bandeirantes, por entender que a luta não é apenas com Zago, mas com seu chefe, Alckmin, patrono dos cortes na educação e na saúde no estado de São Paulo. A exigência era para que o governador fizesse uma audiência pública para negociar a pauta do HU bem como o aumento de verbas para a saúde.

Essa ação mostrou, ainda inicialmente, o enorme potencial que a unidade entre esses setores têm para levar adiante essa luta. A primeira conquista foi que o governador se viu obrigado a assumir o compromisso de responder até essa sexta-feira, dia 3, marcando a audiência na qual irá se discutir as reivindicações apresentadas por meio de uma carta do movimento, que foi protocolada na reunião. Agora, é hora de intensificar as mobilizações e ampliar a greve, para conseguir impor as nossas demandas.




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