Nela, as pontas de uma corrente de aço reforçado são presas em tratores que arrastam os elos de até 40cm pela área que se pretende desmatar. A utilização do "correntão" é danosa e criminosa tanto do ponto de vista ambiental quanto social, pois possibilita o desmatamento rápido de grandes áreas sem a verificação do que está sendo desmatado e o que pode arrastar no meio do caminho.
Rafaella LafraiaSão Paulo
terça-feira 12 de abril de 2016 | Edição do dia
Com a técnica pode-se colocar ao chão espécies típicas do Brasil que podem estar em extinção além de causar a morte de inúmeros animais que podem estar entre a vegetação. Sobre a questão social pode-se acrescentar o descaso com populações que dependem dos recursos naturais para sua subsistência – populações originárias e tradicionais – que são as únicas que conseguem utilizar destes recursos de forma sustentável dentro do sistema predatório que vivemos.
O que chama mais a atenção é que os agropecuaristas não precisarão de autorização ou comunicação formal para o órgão controlador, o que garante, por lei, o desmatamento já elevado do meio ambiente. Dados mostram que entre agosto de 2014 e janeiro de 2015 o desmatamento na Amazônia atingiu 1.660 quilômetro quadrados (um aumento de 213% em relação ao mesmo período do ano anterior), sendo que só o estado de Mato Grosso foi responsável por 45% desse aumento [1]. Em tempos de crise econômica, os setores ruralistas avançam com mais força sobre as florestas nativas na tentativa de manter seus lucros aumentando. Os governo estaduais e federal fazem o possível para atendê-los, com medidas como a implementação do novo código florestal, e para evitar maiores problemas políticos dizem que a taxa de desmatamento está caindo no longo prazo [2]. As áreas florestais são cada vez mais escassas o que força a queda da taxa, mas a área desmatada só aumenta. Isso mostra a real preocupação destes governos: manter o país como celeiro do mundo, garantindo os interesses dos agro produtores e pecuaristas.
A forma predatória que o sistema utiliza com o meio ambiente já dá resultados observáveis e quem sofre com tais são sempre as populações que vivem em condições precárias, já que existe uma relação direta entre o desmatamento e o regime de chuvas – falta ou excesso – juntamente com a temperatura.
[1] Análise do desmatamento na área florestal de Mato Grosso de Agosto de 2014 a Janeiro de 2015 (http://www.icv.org.br/site/wp-content/uploads/2015/03/AlertaDesmatamentoMT2015.pdf)
[2] Mato Grosso continua sendo o maior responsável pela redução de desmatamento (http://www.mt.gov.br/-/mato-grosso-continua-sendo-o-maior-responsavel-pela-reducao-de-desmatamento)
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