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PORTO ALEGRE | Marchezan tenta acelerar privatização da Carris e trabalhadores reagem

Desde início do mandato o prefeito de Porto Alegre Nelson Marchezan Jr (PSDB) insiste em entregar a Carris aos empresários. O tucano culpa principalmente os trabalhadores dos supostos prejuízos da empresa, quando tudo o que a sua e a anterior gestão fizeram foi sucatear para privatizar.

terça-feira 26 de setembro de 2017 | Edição do dia

Marchezan segue culpando trabalhadoras e trabalhadores da Carris pelos prejuízos da empresa. Chegou a acusar os trabalhadores de furtar peças da manutenção, como justificativa para os altos custos que empresa tem com isso.

A Carris é a única empresa pública de transporte da capital, e é objeto de desejo do empresariado do setor. Durante a campanha eleitoral Marchezan enganou os trabalhadores e a população dizendo que não iria privatizar a empresa, mas é notável sua postura desde que assumiu a prefeitura no sentido de entregar essa grande empresa à iniciativa privada.

Os trabalhadores da Carris se revoltam com o discurso de Marchezan, culpando rodoviários e rodoviárias pelos prejuízos da empresa. O prefeito diz, por exemplo, que os que não fazem seu serviço direito não podem ser demitidos e que isso é um problema, enquanto os rodoviários da empresa denunciam que a direção da Companhia, toda a semana, consegue garantir demissões por justa causa, a maioria delas cavada por perseguições aos trabalhadores.

A gestão ainda impôs o fim da Comissão de Funcionários da empresa, e tentou fechar o espaço da associação dos trabalhadores, onde costumavam ocorrer reuniões. Tudo para poder atacar a Carris e o transporte público sem precisar lidar com a revolta dos trabalhadores, que conhecem a empresa e sabem melhor do que ninguém que os problemas da Carris não estão nos funcionários, mas sim na gestão municipal que só visa o lucro do empresariado.

A empresa, a mando da prefeitura, chega ao absurdo de revistar bolsas e mochilas dos trabalhadores da empresa para tentar achar algo que justifique mais demissões e sanções. Os trabalhadores ainda são proibidos de "formar bolinhos" ou seja, conversar em grupos de mais de três pessoas durante seus intervalos.

Tudo isso ocorre em meio à um grande sucateamento do transporte público da capital para garantir os lucros dos empresários. Tanto na Carris quanto nas empresas privadas, os cortes de linhas e tabelas permitidos pela prefeitura e pela EPTC geram mais e mais demissões, muitas por justa causa, além de atrasos e superlotação nos ônibus. A prefeitura ainda tentou extinguir a integração da segunda passagem para garantir mais dinheiro no bolso do empresariado, mas o decreto acabou sendo derrubado na justiça.

Outra mentira de Marchezan nas eleições é sobre os CCs. Nas secretarias e também na Carris o dinheiro público é utilizado para garantir muitos cargos políticos da prefeitura, na tentativa de Marchezan de ter mais apoio, o que também não tem sido garantido. Os trabalhadores da Companhia denunciam inclusive que são os próprios CCs de Marchezan que inviabilizam a manutenção das frotas para mantê-las paradas e "mostrar" mais prejuízos.

Os trabalhadores da Carris estão indignados. Depois do prefeito chamar os funcionários de ladrões, motoristas e cobrados protestaram em frente à empresa, paralisando os serviços por algumas horas. Embora a burocracia do sindicato provoque enorme desconfiança entre os trabalhadores e não organize estas ações, foi uma demonstração de que há disposição de luta. Os trabalhadores também se preparam para mover ação coletiva contra Marchezan. Estão divulgando ainda uma petição online, que ajuda a dar visibilidade à luta contra a privatização, e vão fazer um abaixo-assinado físico, que contribuirá também neste sentido, abrindo diálogo entre os próprios rodoviários e com a população de Porto Alegre.

Já ocorreram três assembleias dos trabalhadores da Carris contra a privatização. As ações encaminhadas são principalmente de divulgação e conscientização da sociedade sobre a situação da Carris, a má gestão de Marchezan e os absurdos que o prefeito inventa para culpar os trabalhadores da privatização. A próxima assembleia ocorrerá no dia 7 de outubro, as 9h da manhã na UseCarris.

Os trabalhadores também estão participando de reuniões junto ao Simpa e aos trabalhadores do Departamento Municipal de Água e Esgoto, também ameaçado de privatização pelo prefeito.

Desde a Câmara de Vereadores a Frente Parlamentar em Defesa da Carris e do Transporte Público também participa dessas ações dos trabalhadores. A Frente se reúne nesta terça as 19h na Câmara de Vereadores.

Todos esses movimentos precisam ser combinados com uma grande unidade na luta contra a privatização e contra Marchezan, que inclua rodoviários da Carris e de todas as empresas, mas também municipários, estudantes e outras categorias de trabalhadores.




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