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França | Marchas, bloqueios e repressão na França contra o aumento do preço do combustível

Os chamados "coletes amarelos" protagonizam um novo dia de protestos contra o aumento nos combustíveis imposto pelo governo. As ruas de Paris enchem de pessoas pedindo a renúncia do Presidente Macron. A resposta: caminhões de gás lacrimogêneo e hidrantes.

domingo 25 de novembro de 2018 | Edição do dia

Os "gilet jaunes"

Neste sábado, a França foi tingida de amarelo fluorescente com o protesto de milhares e milhares de pessoas que exigem a redução dos impostos sobre os combustíveis, que o governo de Emmanuel Macron está aumentando, e que deverá aumentar novamente em janeiro, se utilizando de um discurso "ecológico", afetando muito o poder de compra da classe trabalhadora. Os trabalhadores já sofrem os ataques da reforma trabalhista anti-operária aprovada no ano passado pelo governo, que não tem a mínima intenção de tocar os lucros das petroleiras como a Total, que ganha por ano quase 9 bilhões de euros.

Como no sábado, 17 de novembro, os coletes amarelos (coletes obrigatórios para os motoristas) tomaram as ruas, concentrando-se em Paris desta vez, para exigir, não apenas uma queda no preço do combustível, mas também a renúncia de Macron, cuja popularidade caiu para 25%, a menor desde que assumiu.

Desde cedo, os manifestantes abriram os pedágios e deixavam os motoristas passarem de graça, gerando enorme solidariedade. Também os ferroviários, que desde o início do ano estão dando uma enorme batalha contra a reforma do sistema ferroviário, juntaram-se aos coletes amarelos e marcharam juntos pela famosa Champs Élysées.

Diante dessa situação de maior organização e popularidade (segundo pesquisa da Odoxa, 8 de 10 franceses apoiam o movimento), o governo, com a "ajuda" da mídia, tentou deslegitimar o protesto para evitar a massividade do último sábado, e tentou colocar medo com uma enorme força policial.

No entanto, as centrais sindicais estão longe de estarem à altura das circunstâncias. O líder da CGT, Philippe Martinez, em vez de chamar a greve e demonstrar apoio à luta dos coletes amarelos, pediu que se juntassem à mobilização anual em 1º de dezembro, sem aproveitar para golpear o governo Macron no calor da situação, que está cada vez mais entre as cordas com este processo de luta que, para dizer a verdade, não era esperado, e como não conseguiu dissuadi-lo, saiu para reprimir ferozmente.

Com um dispositivo quase militar organizado pelo Ministério do Interior, os 3.000 policiais mobilizados reprimiram a manifestação com gás lacrimogêneo e hidrantes. No perímetro de "segurança" levantado pela polícia, até agora foram presos nove manifestantes, quando dezenas de manifestantes atravessaram esse perímetro para alcançar a residência do presidente, Emmanuel Macron, a quem reivindicam a renúncia, como se pode ler nos cartazes e bandeiras dos manifestantes.

As autoridades haviam proibido a concentração em torno do Palácio do Eliseu (governo) e tinham limitado o espaço para se manifestar ao Camps de Mars, localizado em frente à Torre Eiffel, decisão que foi rejeitada pelos porta-vozes da marcha, e também superado devido à quantidade de pessoas presentes nas ruas.

De acordo com dados preliminares do Ministério do Interior, no meio da manhã, havia na capital cerca de 3.000 "coletes amarelos", mais concentradas na Champs-Elysées e nas proximidades da Place de la Concord, que dá acesso à residência presidencial.

No resto do país, continuam os bloqueios de ruas e centros de logística que começaram há uma semana, que já ganharam até "reclamações" do Ministério das Relações Exteriores espanhol, já que a fronteira entre França e Espanha foi quase paralisada em suas principais rotas.

A luta dos coletes amarelos, que a direita e a extrema direita estão tentando cooptar de maneira oportunista, está crescendo a cada dia, ganhando um forte apoio, especialmente nas cidades e vilas do interior. Os "gilets jaunes" continuarão a luta contra o governo dos ricos, cercando-se de solidariedade em todo o país.




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