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24J | Manifestações do 24 de julho demonstram disposição de luta e limites dos atos

Mais uma vez, a juventude, movimentos sociais e setores de trabalhadores saíram às ruas para se manifestar contra o governo, no último sábado, 24 de Julho. Ficou expresso o descontentamento com Bolsonaro e a disposição de luta, ainda que tenha se expressado também uma diminuição de tamanho em relação aos atos anteriores. Mais do que nunca, é necessário que trabalhadores, estudantes, mulheres, indígenas, negros e LGBTQIA+ se organizem em cada local de trabalho e estudo, na perspectiva também de combater uma estratégia eleitoralista e de aliança com a direita nas manifestações.

terça-feira 27 de julho de 2021 | Edição do dia

Foto: Roberto Parizotti

Milhares saíram às ruas no quinto dia dessa jornada de atos contra Bolsonaro, para repudiar o avanço do desemprego, da fome, das privatizações - como a dos Correios e Eletrobrás - e exigiram vacinas para todos com maior agilidade. As manifestações contaram com a presença de jovens, trabalhadores, centrais sindicais, movimentos sociais ligados à luta por moradia, ao movimento estudantil, ao movimento negro e de mulheres, assim como organizações de esquerda.

Confira também: Manifestações contra Bolsonaro rechaçaram privatizações e exigiram vacinas

Na perspectiva de que nossa força não se dissipe e não seja debilitada, nós, trabalhadores, estudantes, mulheres, indígenas, negros e LGBTQIA+, precisamos debater dois pontos. No sentido de que, para derrotar Bolsonaro, Mourão, militares, Centrão e o conjunto do regime político que nos ataca com reformas e privatizações, precisamos unificar as nossas próprias forças.

1. Não podemos aceitar unidade com a direita, que nos ataca, nas manifestações

A direita liberal, como o PSDB, vai aos atos, tem o aval do PT, do PCdoB e até mesmo de organizações de esquerda, como PSOL, PSTU e PCB, mas os trabalhadores e a juventude temos que ter claro: nossos interesses são opostos aos interesses dela! Essa direita se opõe a Bolsonaro porque querem aparecer como responsáveis frente aos absurdos do governo, se separando dele. Têm como objetivo o ocupar seu lugar e implementar a quantidade de ataques que forem necessários para garantir os lucros dos empresários e capitalistas, descarregando a crise em nossas costas, e nesse sentido disputam a crise política das alturas, enquanto que para os de baixo, estão juntos votando as privatizações, reformas e ataques aos indígenas.

É esse PSDB que, mesmo após o governo Bolsonaro, literalmente dava risada (Bruno Covas) na cara de professores que estavam sangrando com os tiros de bala de borracha em uma manifestação contra o Sampaprev – a reforma da previdência do município de São Paulo. É o mesmo partido que esteve à frente em incontáveis políticas de destruição da educação e da saúde públicas. É o partido que está há anos à frente de privatizações, que demitem trabalhadores, que sucateiam todos os tipos de serviços públicos para após isso vir com o “milagre da iniciativa privada”.

2. Nossa força não pode ser canalizada para vias institucionais

Em matéria do jornal O Globo, organizadores dos atos avaliam que as manifestações foram menores. Josué Rocha, da Frente do Povo Sem Medo (FPSM), aponta que a redução se deve ao período de recesso no Congresso e, consequentemente, dos senadores da CPI da Covid. A verdade é que o que realmente explica o menor número de manifestantes nas ruas no último sábado é justamente a política das direções sindicais, como CUT e CTB, e também das entidades estudantis, que não vêm construindo em cada local de trabalho e estudo, com assembleias de base, essas manifestações.

Motivos não faltam para que se expresse a força dos trabalhadores, indígenas e da juventude na luta de classes. Nós vivemos todos os dias os altos índices de desemprego, os preços exorbitantes das cestas básicas, a fome, o trabalho precário, ou seja, toda essa situação que Bolsonaro, como herdeiro do regime político do golpe institucional de 2016, gestiona e nos ataca em plena crise capitalista, protegendo os bolsos dos patrões. Somos nós que enfrentamos a fila do osso, enquanto Bolsonaro come picanha. E é nesse sentido, inclusive pelo próprio comentário de um dos dirigentes da FPSM, é que temos que combater que nossas forças sejam movidas e estejam a cargo dessas instituições podres - como a Câmara e o Senado. São os senadores da CPI da Covid, como Renan Calheiros (MDB), Omar Aziz (PSD) e Randolfe Rodrigues (Rede), e seus partidos, que apoiaram e aprovaram a Reforma da Previdência imposta goela abaixo dos trabalhadores de todo o Brasil por Bolsonaro, fazendo com que nós tenhamos que trabalhar até morrer.

A direita liberal, como o PSDB, buscam desgastar Bolsonaro para tentar forjar a chamada "terceira via" rumo a 2022, portanto, querem canalizar para esse objetivo nosso descontentamento. Essa direita corrupta, que se beneficia de cada ataque, não é aliada dos trabalhadores e da juventude e também não está sozinha em buscar que nossa força seja canalizada para seus objetivos eleitorais. Ainda que em torno de outra candidatura, o PT - enquanto partido político, mas também como parte das direções burocráticas dos sindicatos, entidades estudantis, movimentos sociais, como a CUT -, tendo consigo o PCdoB (que faz parte da direção da CTB e da UNE), alenta a esperança na CPI da Covid, dizendo que Bolsonaro estará mais deteriorado para que se possa realizar o impeachment, que colocaria o general Hamilton Mourão (PRTB), um racista, no lugar de Bolsonaro, num movimento de aumentar as ilusões nas vias institucionais para desgastá-lo com o objetivo de eleger Lula em 2022. O ex-presidente já apontou que seguirá fortalecendo os militares e as privatizações, assim como fez em seus governos, quando orgulhosamente propagandeava os altos lucros dos bancos.

E é nesse sentido que é fundamental a unidade dos trabalhadores para enfrentar os ataques que estão em curso agora, por isso fazemos um chamado à esquerda para colocar de pé um Comitê Pela Greve Geral para se dirigir aos trabalhadores que estão na base dessas grandes centrais sindicais, como a CUT e a CTB dirigidas pelo PT e pelo PCdoB, para mostrar a necessidade de exigir de suas direções um plano de luta efetivo, com assembleias de base em cada local de trabalho e estudo, para que trabalhadores e estudantes, mulheres e LGBTQIA+, negros e indígenas, sejam sujeitos sobre os rumos da luta. Por isso para derrotar todos os ataques consideramos que a força da nossa luta deve impor uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, dissolvendo todas essas instituições atuais que nos atacam e exercendo a soberania popular diante dos grandes problemas do país, congelando o preço dos alimentos e confiscando os estoques do agronegócio, proibindo as demissões, revogando todas as reformas anti-operárias e projetos de leis contra os indígenas. No marco dos embates concretos contra a repressão estatal dos capitalistas, pela garantia das decisões da constituinte, será necessário desenvolver a auto-organização dos trabalhadores, evidenciando que somente a luta por governo de trabalhadores de ruptura com o capitalismo pode atender plenamente as demandas das massas.




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