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FORA BOLSONARO, MOURÃO E MILITARES! | Mais de um mês pro próximo ato, chega de decisões pelo alto! Por um comando nacional de estudantes já

Um dia após a privatização da Eletrobrás, com mais de 500 mil mortes e escassez de vacinas, a UNE, dirigida majoritariamente pelo PT, PCdoB e Levante, e organizações de esquerda convocaram o próximo ato contra Bolsonaro para daqui mais de um mês, 24 de julho. Uma decisão burocrática que passou por fora do debate amplo com os estudantes e que só serve para desmobilizar a nossa luta. Os cortes, os ataques e as mortes acontecem agora, não podemos esperar nem 1 mês, nem as eleições de 2022 como querem as direções. Precisamos de assembleias de base e um comando nacional de estudantes para decidir os rumos da nossa luta ao lado dos trabalhadores já, por fora Bolsonaro, Mourão e militares!

Luiza EineckEstudante de Serviço Social na UnB

terça-feira 22 de junho de 2021 | Edição do dia

[ATUALIZAÇÃO: No momento da publicação dessa nota, o PCB tinha publicado por meio de seu instagram oficial, o chamado ao ato do dia 24 aprovado pela Campanha Fora Bolsonaro, que consta que participaram da reunião. A postagem referente a esse chamado foi excluída e não existem até o momento uma posição oficial do partido sobre o dia 24 de julho,a Campanha Fora Bolsonaro e os rumos da mobilização pós dia 19J]

A nova data das mobilizações, 24 de julho, foi divulgada hoje nas redes sociais pela UNE e organizações de esquerda. Um dia após a privatização da Eletrobrás que garantirá maiores lucros aos empresários, enquanto os trabalhadores e o povo pobre pagarão contas de luz ainda mais caras, com risco de novos apagões como ocorreu no Amapá. Também são mais de 500 mil mortes no Brasil, aumento da fome e desemprego, escassez de vacinas e beiramos uma terceira onda da pandemia.

Esse é o cenário em que a direção da UNE, composta majoritariamente pelo PT, PCdoB e Levante Popular, e organizações de esquerda como o PCB, UP e correntes do PSOL se recusaram a decidir junto das bases um plano de lutas unificado aos trabalhadores. Em reunião de cúpula da UNE, na qual estavam presentes PCB, correntes do PSOL, PSTU e UP, foi encaminhado um novo chamado de mobilização contra Bolsonaro para daqui 1 mês, 24 de julho. As organizações de esquerda citadas, além de terem sido coniventes com esse método burocrático de decidir os rumos do movimento, permitiram a aprovação de uma data que, de fundo, visa desmobilizar a nossa luta, canalizando ela para saídas por dentro do regime golpista, como são as eleições de 2022. Algumas delas, como o Afronte, defendem abertamente essa data escolhida, enquanto outras ainda nem se pronunciaram publicamente (PCB havia postado um chamado ao ato, mas desde que o rechaço nas redes iniciou, a publicação foi apagada). Já a UP está chamando para esta terça-feira, 23, uma nova "assembleia" do "Povo na Rua" (uma frente coordenada principalmente por eles, mas também pelo Juntos e PCB), alegando que essa atividade irá decidir de fato sobre a data do ato e que a mesma será "democrática". Mas é preciso dizer que essas "assembleias" do Povo na Rua são, na prática, lives onde poucos selecionados - por eles - falam, sem que haja debate real pela base dos estudantes, muito menos direito a voz e voto para todos. Desse modo, não fazem mais do que uma transmissão ao vivo para referendar o que foi decidido previamente por eles.

Um espaço realmente democrático, que aposte nos estudantes e trabalhadores como sujeitos dos processos de decisão da luta, é o que nós da Juventude Faísca viemos defendendo em todas Universidades que estamos presentes, fazendo propostas concretas em direção a isso, denunciando o papel que as burocracias da UNE e Centrais Sindicais vem criminosamente cumprindo e exigindo delas que organizem pela base nossa luta. Mas infelizmente quando fazemos essas propostas, organizações como a própria UP votam contra ou diretamente impedem sua votação, como fizeram na UnB.

Essa decisão completamente unilateral, nas alturas, passou por fora do amplo debate pela base dos estudantes e trabalhadores, os quais milhares foram às ruas nos dias 29M e 19J. No entanto, não é de surpreender a postura burocrática dessas direções, principalmente do PT e PCdoB, que inclusive dirigem a CUT e a CTB e vem desde o dia 29M, e do último dia 19J, chamando atos separados, desmobilizando a nossa luta com uma perspectiva de canalizar toda nossa revolta para as eleições de 2022.

Leia mais: 5 pontos para potencializar a mobilização com a força do 29M

Infelizmente a Oposição de Esquerda da UNE composta pelo PSOL, PCB, UP, etc, vem se colocando à reboque dessa política e das burocracias sindicais e estudantis cada vez mais, se adaptando às saídas institucionais - como o impeachment, eleições, CPI - e se subordinando à política conciliação de classes e divisionista do PT, ou seja, atuando na contramão da auto organização e unidade dos estudantes e trabalhadores. Vale lembrar, que essa mesma "Oposição" não falou nada sobre o espaço de 20 dias entre o 29M e 19J e sobre a divisão dos atos das Centrais. No fim das contas, tudo isso acaba se tornando bastante funcional à estratégia eleitoral do PT e que fortalece o regime do golpe institucional com saídas por dentro dele. Esses espaçamentos dos atos servem apenas para que eles fiquem em um campo de "desgaste" de Bolsonaro, não desenvolvendo um plano de lutas real para derrotar os ataques que estão sendo descarregados sob nossas costas agora.

Não podemos deixar que isso aconteça! Os cortes, as privatizações, as mortes não vão parar. Eles acontecem agora e são resultados da política negacionista e genocida de Bolsonaro-Mourão, mas também do Congresso Nacional, do STF e dos governadores que se unem quando o assunto é nos atacar e garantir os lucros dos capitalistas. Não podemos esperar nem 1 mês, nem as eleições de 2022 como querem essas direções e o Lula. A nossa luta precisa ser agora.

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E para isso é fundamental a conformação e votação de um Comando Nacional de base dos Estudantes das Universidades Federais. Que seriam representantes eleitos proporcionalmente nas assembleias gerais das universidades para levar as demandas debatidas democrática e amplamente por todos os estudantes no espaço da assembleia e, assim, esses representantes poderiam articular as demandas e a nossa luta à nível nacional, inclusive se ligando às demandas da juventude que não está nas universidades e aos trabalhadores. Esse seria um passo essencial na organização dos estudantes para avançar na superação das direções burocráticas que nada mais são do que um entrave da nossa luta.

Nesse sentido, assembleias de base em cada local de estudo e trabalho com direito à voz e voto para todos - e não lives com limite de participantes, como estão estão organizando UP, MES/Juntos e PCB - , são indispensáveis. Justamente, porque temos o direito de decidir como lutar e batalhar pelas nossas ideias. Com a força e potencialidade das assembleias de base, de um Comando Nacional e a unidade entre estudantes e trabalhadores, seria possível avançarmos para uma paralisação nacional unificada, estudantes junto dos trabalhadores. Que apenas fortaleceria a nossa luta. Não podemos ter essa estratégia eleitoral rumo a 2022, é preciso batalhar hoje por unificar a nossa classe contra todos os atores desse regime golpista que impõem uma série de profundos ataques, usando as suas instituições para defender os interesses da sua classe, a burguesia. Não podemos nos aliar com os que querem nos atacar.

Leia também: A luta contra Bolsonaro e os desafios da esquerda: um debate com Afronte e Juntos

É por isso que nós da Faísca batalhamos por uma Assembleia Constituinte livre e soberana, que permitiria derrubar Bolsonaro, Mourão e o regime de conjunto pela força da nossa luta, pela via da luta de classes. Assim, seria possível dar respostas mais profundas para a crise e os ataques. Os trabalhadores poderiam de fato decidir os rumos do país, mudando as regras desse jogo e não apenas os jogadores, batalhando por um plano emergencial de combate à pandemia, a revogação de todos os ataques, cortes e reformas. Nós revolucionários nessa batalha vamos lutar por um governo de trabalhadores em ruptura com o capitalismo.

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