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Maíra Machado: "CUT e CTB devem organizar a luta contra o regime do golpe institucional"

A situação do Brasil é cada vez mais grave com a crise sanitária, econômica e social em meio a um regime do golpe institucional de 2016 com Bolsonaro no poder. Nesse cenário, o Esquerda Diário recebeu o depoimento Maíra Machado, professora e militante do Movimento Nossa Classe e do grupo de mulheres Pão e Rosas. Confira.

quarta-feira 31 de março de 2021 | Edição do dia

"O Brasil atingiu o número escandaloso de 3780 mortos por dia. Estamos vivendo o pior momento da pandemia. A fome, miséria e desemprego estão se generalizando ainda mais. O novo auxílio emergencial, que deveria ser de pelo menos um salário mínimo, é totalmente insuficiente para responder às necessidades do povo. O governo Bolsonaro passa por um momento de muitas mudanças nos ministérios, com o Centrão se fortalecendo e se impondo sob Bolsonaro em detrimento dos militares, cuja crise de apoio que se revelou na Alta Cúpula ainda precisa ser inteiramente dimensionada.

Sabemos que apesar das mudanças no governo, todos os setores do regime têm um acordo: descarregar a crise nas costas dos trabalhadores e do povo pobre. Bolsonaro, Mourão, Congresso Nacional, o STF e todos os governadores que vem atuando com ampla demagogia querem potencializar toda obra do golpe institucional e aplicar mais ataques como a reforma trabalhista, reforma da previdência, lei da terceirização irrestrita, reforma administrativa e tantos outros. Já passou o tempo das centrais sindicais saírem de sua paralisia para organizar a luta dos trabalhadores, que é a única que pode dar uma saída para essa situação.

Essa política dos sindicatos dirigidos pelo PT e PCdoB é mais uma expressão da tentativa de conduzir qualquer saída política à crise no país para uma via meramente institucional. Se as centrais sindicais já vinham em paralisia há tempos, agora com a reabilitação de Lula como presidenciável para 2022 coloca esses sindicatos ainda mais como construtores da passividade da nossa classe como se a saída a todos os ataques não passasse pela nossa organização.

O objetivo de Lula agora é se apresentar como “mal menor” em relação a Bolsonaro para alas do golpismo não bolsonaristas, para os quais declarou perdão, buscando diálogo até com as Forças Armadas e a polícia. É a estratégia lulista empalmando com os interesses de alas do golpismo institucional. Mas a fome e as mortes não vão esperar 2022. Elas acontecem agora e as massas não podem esperar esse calendário eleitoral.

Em meio a esse cenário, tenho que reafirmar a importância da luta por Fora Bolsonaro, Mourão e o regime do golpe, com a urgente tarefa de lutar por um programa anticapitalista para enfrentar a crise sanitária e econômica, sem nenhuma confiança no PT.

É urgente que os trabalhadores se organizem para exigir das suas direções que parem de trégua e organizem os trabalhadores mesmo com as dificuldades da pandemia, com assembleias e reuniões de base presenciais ou virtuais de acordo com a categoria. Nesse caminho a esquerda poderia cumprir um papel importante se colocasse de pé um pólo anti-burocrático que apontasse para os trabalhadores esse caminho da mobilização e mostrasse que é necessário ter uma política alternativa a conciliação das centrais sindicais para impor que estas se movimentem colocando de pé uma verdadeira frente única operária que possa lutar por um plano de emergência contra a pandemia, pela anulação de todas as reformas e privatizações, contra todas as medidas autoritárias do judiciário golpista e por um programa operário diante da crise para que sejam os capitalistas e não os trabalhadores os que paguem por essa crise."




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