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CONTAGEM REGRESSIVA PARA O 8 DE MARÇO | Machismo na mídia e feminicídio na prática – Eliza merece justiça!

A manchete de hoje nos jornais tratavam da soltura do goleiro Bruno, assassino confesso de Eliza Samúdio, mãe de seu filho. Eliza foi morta, teve seu corpo esquartejado e ocultado. Muitos apontam que entregaram seu corpo para ser alimento de cães de guarda. Essa morte cruel e chocante é tratada pela mídia machista, como a manchete do site de notícias UOL, como algo corriqueiro. Para o UOL , Eliza Samudio apenas sumiu!

Patricia GalvãoDiretora do Sintusp e coordenadora da Secretaria de Mulheres. Pão e Rosas Brasil

sexta-feira 24 de fevereiro de 2017 | Edição do dia

Hoje soltam o goleiro Bruno, mas Eliza Samudio continua morta, e como ela milhares são mortas todos os anos, vítimas de feminicídio.

Falamos de feminicídio em contraposição a crime passional. Quando uma mulher é morta por seu companheiro, ou ex, a mídia burguesa e a justiça atribuem a morte a uma briga de casal que deu errado. Porém, quando existe uma política de estado deliberadamente machista, que coisifica a mulher, prega a sua submissão, e trata do seu assassinato como algo normal, fruto do descontrole do casal, isso é feminicídio. Quando se mata a mãe do seu filho e manda esquarteja-la para não pagar pensão alimentícia, também é feminicídio. Quando se mata por ciúmes ou traição, por que acha que a mulher é posse, isso é feminicídio, quando se estupra e mata a mulher, isso é feminicídio!

À justiça também não escapa o machismo e a apologia à violência contra a mulher e aos oprimidos em geral. A soltura do assassino de Eliza ocorre no mesmo momento em que é nomeado como ministro do Supremo Tribunal Federal o reacionário Alexandre de Moraes, que na secretaria de segurança pública do estado de São Paulo comandou a polícia responsável por chacinas como a de Osasco, mandou reprimir duramente os secundaristas que ocupavam escolas, além de apoiar a tortura como método das polícias. Ou seja, a justiça real por Eliza e por tantas outras não virá das mãos reacionárias do judiciário. Enquanto mulheres negras são agredidas, como a que relatamos aqui, por roubar comida para se alimentar, garantir que o goleiro Bruno, que confessou ter mandado matar e esquartejar Elisa, responda em liberdade por esse cruel assassinato é mostra de como o Judiciário e o Estado Brasileiro são entidades profundamente machistas e misóginas.

Estamos a 12 dias do 8 de março, dia internacional de luta das mulheres e Eliza Samúdio está mais presente que nunca. Porque como ela muitas outras mulheres são vítimas de atrocidades machistas, como a garota de 16 anos empalada e morta na Argentina, que gerou uma comoção nacional aos gritos de Ni Uma Menos (Nenhuma Menos), ou como a garota indiana vítima de estupro coletivo e morta por consequência dele, ou como Geiza Martinez, trabalhadora da USP morta a tiros pelo seu ex-companheiro e abandonada numa estrada.

De cada escola, local de trabalho, nas ruas, devemos gritar: Nem Uma Menos! Basta de mulheres mortas pelo machismo e o capitalismo!




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