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MEC | MEC embeleza versão final da Base Nacional Comum Curricular

O Ministério da Educação, Mendonça Filho, entregou hoje, 6, a versão final da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) ao Conselho Nacional de Educação (CNE). A base traz conteúdo mínimo para cada ano do ensino Fundamental e Médio, e tem dois anos para a efetivação.

quinta-feira 6 de abril de 2017 | Edição do dia

Segundo Mendonça Filho “A classe média, por exemplo, ela consegue ter a criança alfabetizada anterior a média das escolas públicas no Brasil, e a medida que a gente gera essa diretriz pela fixação desses comandos pela Base Nacional Comum Curricular, na verdade, a gente está assegurando os mesmo direito as crianças que estudam nas melhores escolas também para as escolas públicas gerando mais equidade (igualdade) para todas as crianças do Brasil". Porém, não coloca que enquanto houver esse abismo de investimento nas escolas públicas para as escolas privadas, sim, continuará havendo um abismo do ensino da classe média, para os filhos da classe trabalhadora.

Utopia versus a realidade

O documento da versão final recebe uma série de elogiosos comentários e tenta se transpassar como a solução dos nossos problemas, mas na verdade, a base nada reflete na realidade das escolas públicas, parecendo mais uma “ambição”, do que propriamente uma futura implementação.

Seguindo os tópicos da BNCC, na parte de Educação Física, “sugere que as escolas trabalhem lutas brasileiras e de outros lugares do mundo com os alunos, além de danças locais e internacionais, esportes com rede e até esportes com taco”. No entanto, dados do Censo Escolar divulgados pelo MEC, mostram que 64,5% das escolas dos anos iniciais do ensino fundamental não dispõem sequer de quadra para práticas esportivas.

Todos sabem da realidade das escolas públicas no Brasil, falta merenda, bibliotecas, informática e laboratórios ativos, e chega a faltar até o básico que é giz ou fita adesiva. E que com a PEC do Fim do Mundo – que prevê o mesmo teto para gastos em educação, saúde e segurança nos próximos 20 ANOS – a precarização das escolas públicas só tende a se aprofundar.

Além disso, o MEC coloca que irá apoiar o professor, os alunos e tornar o ambiente escolar ainda mais democrático, criativo, sem preconceitos e uma série de “ambições”, sendo que a própria Reforma do Ensino Médio colocará professores de "notório saber" em sala, não estabelece questões básicas de discussão de gênero e sexualidade, não da a devida voz aos estudantes e sequer a mínima estrutura para o aprendizado.

E quem é o golpista Mendonça Filho?

Deputado Federal pelo Democratas/PR, que coordenou o comitê "Impeachment Já", além de ser “Favorável à redução da maioridade penal, na qual presidiu, em 2015, a Comissão Geral para o debate do Projeto de Lei nº 7.197, de 2002, que propõe a alteração do Estatuto da Criança e do Adolescente para a aplicação de medidas socioeducativas a infratores a partir dos 16 anos", é formado em Administração de Empresas pela Universidade de Pernambuco (UPE) e citado na Lava-Jato.

Querem falar de educação, mas de investimento e inclusão não!

Seria de fato muito bom se muitas sessas normas estabelecidas pela nova versão da Base Nacional Comum Curricular fossem efetivadas, mas vemos no nosso dia a dia as grandes falhas do próprio sistema administrativo e pedagógico do Estado. As mudanças são profundas, e enquanto não houver um investimento real nela, para inclusão e qualidade, nada mudará.

Afinal, por que dar um ensino público de qualidade sendo que podem ter muito lucro nas grandes instituições privadas de ensino do Brasil?

Como falar em igualdade de ensino quando as crianças das periferias, e principalmente nas comunidades do Rio de Janeiro, sofrem constantemente com falta de aulas ou perdas das vidas de jovens negros gerada por tiroteios e “balas perdidas” que sempre tem alvo jovem, negro e pobre? Como igualar o ensino do jovem trabalhador que, com a Reforma do Ensino Médio, terá de escolher entre estudar ou trabalhar para sobreviver? Por que quando falamos de ensino superior há uma inversão? Estudantes de escolas públicas para as universidades privadas e estudantes de escolas privadas para as públicas.

Nós da juventude viemos mostrando uma disposição de luta, fomos linha de frente em ocupações e manifestações. De junho de 2013 ao recente 31 de março, fomos protagonistas das lutas contra os ataques que nos colocavam. Continuemos assim, lutando e mostrando que a saída será através da nossa luta, lado a lado com os trabalhadores, pois essa é a única e verdadeira força que nos leva não só a uma educação pública, gratuita e de qualidade, mas também uma vida digna, saúde e previdência para todos.




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