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DISCURSOS E AÇÕES | Lula discursa inflamado mas não organiza nada contra privatização da Petrobras

Enquanto Lula discursava em nome do patriotismo e em defesa da Petrobras. Temer e seu presidente tucano da estatal implementavam o plano de venda da empresa herdado de Dilma e seu presidente da Petrobrás Bendine. Unidades do Rio e Ceará foram postas à venda.

Leandro LanfrediRio de Janeiro | @leandrolanfrdi

quarta-feira 8 de junho de 2016 | Edição do dia

Ontem, 06 de junho, ocorreu um ato no Rio de Janeiro em defesa das estatais. A frente “Se é público é para todos” reúne boa parte das centrais sindicais do país e diversos sindicatos e federações relacionadas aos bancos públicos e à Petrobras. Nesta atividade Lula esteve presente e discursou.

Esta frente organizou a atividade para denunciar as medidas já tomadas e planejadas por Temer. Desta atividade não se deliberou nenhuma ação para que o dia 10 de Junho seja um dia que de fato paralise o país, como tem falado aos microfones a burocracia da CUT, especialmente seus braços bancários e petroleiros. Servem de continuidade mais vermelha, e com uma paralisação controlada e isolada, ao não ataque do “Lulinha paz e amor” com os golpistas e empresários. Tudo se resume a fazer pressão e tentar conseguir alguns senadores contra o impeachment, barrar os ataques de fato, nada.

Tanto discurso inflamado, e uma paralisação ordeira e de sempre é o que veremos dia 10 se a estratégia da CUT triunfar. Estão abrindo caminho para que a privatização que Lula e Dilma começaram se consolide com Temer e Serra. Hoje mesmo, pouco temendo estas ações da CUT, Temer e seu presidente tucano da Petrobras, Pedro Parente, anunciaram as primeiras unidades a serem vendidas, o leilão já foi aberto! Termelétricas e unidades de re-gaseificação no Rio e Ceará estão oficialmente à venda!

Lula discursou orgulhoso em defesa daqueles que vestem o uniforme laranja da Petrobras e orgulhoso do pré-sal. Falou como sob seu mandato foi descoberto o maior campo de petróleo do século XXI. Trata-se de Libra, vendido por Dilma em 2013 em meio a uma greve de cinco dias dos mesmos petroleiros, reprimidos pela Força de Segurança Nacional em ato na Barra da Tijuca. 60% deste campo está em mãos das empresas estrangeiras de petróleo, entre elas a Shell e a Total. E a cínica Federação Única dos Petroleiros (FUP) com seus sindicalistas eternos que nunca mais viram uma válvula, que dizer um confinamento em alto-mar, a lhe aplaudir por sua defesa do “petróleo nacional”.

Foto: Repressão ao ato contra o leilão de Libra pela Força de Segurança Nacional, tropa federal sob mando de Dilma, outubro de 2013

Em todo discurso Lula recorreu as imagens de sempre sobre “falar grosso” com os EUA e não ser subserviente. Este discurso requentado da campanha de 2010, cunhado por Chico Buarque, omitia a verdade das privatizações que ele realizou, nem falar Dilma com o leilão de Libra e todos principais aeroportos do país, hoje é ainda mais criminoso. É conivente com nova entrega dos recursos naturais do país ao imperialismo.

Temer e Parente já colocaram parte da empresa a venda. Temer e seus ministros anunciaram que uma das prioridades do governo golpista nos próximos dias é a aprovação na Câmara da mudança da lei do pré-sal, permitindo maior entrega ao imperialismo. Esta alteração na lei foi aprovada em acordo de Dilma com Renan e Serra. A venda de unidades anunciadas por Parente é continuada do "plano de desinvestimento” iniciado pelo Presidente Bendine colocado na Petrobras por Dilma. Temer está executando o que Dilma não pode executar com a mesma rapidez. Se for bem sucedido, finalmente o “mercado” terá algo a comemorar do golpe institucional.

O entreguismo de ontem de Lula e Dilma é continuado com a impotência e conivência de hoje. Conivência que a CUT vem tendo todo este tempo com a onda de demissões que percorre a indústria, que não é parada com um ocasional ato do sindicato dos metalúrgicos do ABC, eles mesmos formuladores da ideia de Acordo Coletivo Especial, que coloca o acordado acima da CLT, algo que Temer e os empresários lhes agradecem. A falta de solidariedade e medidas da CUT, CTB e sindicatos às lutas em curso da juventude e da educação ajuda a separar e isolar tanto estas lutas como a luta contra o governo golpista. É desta unidade da juventude e dos trabalhadores que pode emergir uma luta com força a encurralar Temer e seus ataques. Coisa que esta burocracia não se joga a fazer, prefere medidas controladas que não coloquem em xeque o plano de Lula de oferecer saída negociadas e oferecer-se a si mesmo e seu PT como alternativa "não para incendiar" o país mas para seguir os ataques, mesmo que diferentes que os formulados pela FIESP, PSDB e Temer.

Petroleiros ocupando RPBC, em Cubatão em 1995

Contra esta conciliação e "flexibilidade" na resistência é preciso se medir com a história. A intransigência que os petroleiros mostraram em 1995 (e que Lula os criticava por isso) e, mais que isto, pelos exemplos internacionais de hoje em dia.

A “intransigência” dos trabalhadores franceses frente a reforma trabalhista, inclusive dos petroleiros que paralisaram o país é um exemplo do que deveria ser feito em um plano de guerra contra o golpe e as privatizações iniciando neste dia 10 de Junho.

Para isto é preciso fazer o oposto do que faz Lula, que é discursar em tomar as ruas, mas não propor nada, e superar as paralisações controladas e sem um verdadeiro plano de guerra que propõem a FUP e a CUT. Com uma “paralisação” de 24hs que sequer afeta as unidades administrativas, o que dizer a produção, não se barrará este golpe aos petroleiros e todos brasileiros. É preciso superar estes limites e impor à FUP e CUT verdadeiros planos de luta. Do contrário seguiremos ouvindo discursos enquanto os ataques seguem. Lula seguirá seus negócios com senadores tentando pela via deles reestabelecer Dilma na poder, para prosseguir um governo de “unidade” e “pacificação” que será ainda mais privatizador do que já se mostrava, e nós trabalhadores amargamos privatizações e demissões mais agudas que as que eles mesmos iniciaram.




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