quarta-feira 24 de maio de 2017 | Edição do dia
Na o dia de ontem, quatro dias depois de chegar ao Brasil escoltado e sob gritos de "Ladrão!", o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) devolveu a mala que havia sido entregue a ele contendo à princípio R$ 500 mil, porém que, segundo o laudo da PF, foi devolvido sem 35 mil do valor total da quantia que foi dada à ele no último dia 28 de Abril como propina ao deputado e que este havia recebido das mãos do diretor da JBS Ricardo Saud numa pizzaria nos Jardins, bairro nobre de São Paulo, de onde saiu às pressas para entrar num táxi e fugir para Nova Iorque, o laudo da PF não explica o motivo do sumiço da quantia.
Loures havia sido o nome de "confiança" indicado diretamente pelo golpista Michel Temer para tratar sobre os negócios da presidência com a JBS, segundo a delação de Joesley Batista, proprietário da JBS e que veio à público na última semana e que instalou uma profunda crise no governo. Os R$500 mil serviriam para agradar os parlamentares para que esses articulassem propostas que favorecessem os interesses da empresa na Câmara.
O deputado teve um pedido de prisão dado pela Procuradoria-Geral da República mas o Ministro Edson Fachin do STF e relator da Lava-Jato, negou, apenas afastando Rocha Loures do cargo. Na última segunda (23) também foi protocolado no Conselho de Ética da Câmara pelos partidos Rede, PSOL e PSB um pedido de cassação do mandado do aliado de Temer.
A quantia desaparecida sem explicação parece um valor "pequeno" perto das cifras astronômicas que envolvem a corrupção no Brasil, porém é equivalente à mais de 37 salários mínimos, ou seja, mais de 3 anos de salário de um trabalhador que desaparecem e sobre as quais não se faz nenhuma menção de explicação por parte da PF ou de Rocha Loures.
Este "pequeno" capitulo da novela Lava-Jato é apenas mais uma demostração do quanto os métodos do judiciário e forças repressivas passam longe de se preocuparem ou de serem eficazes no combate aos políticos e empresários corruptos, afinal, nem mesmo notas marcadas e mala com chip para rastreamento foram capazes de dar conta do misterioso desaparecimento. Apenas o julgamento em juris populares dos políticos e empresários corruptos e a expropriação e estatização sob controle dos trabalhadores dessas empresas é que podem de fato fazer alguma justiça.