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Lorena Gentile no 1º de Maio: “Quando saímos à luta, nós mulheres trabalhadoras estamos nas primeiras fileiras”

Lorena Gentille, operária da Mondelez (ex Kraft) e dirigente nacional do Partido de Trabajadores Socialistas, organização irmã do MRT na Argentina, encerrou o ato do primeiro de maio da Frente de Esquerda na Argentina. “A luta das mulheres tem que ser abraçada por toda a classe trabalhadora”, afirmou. Veja a seguir a fala.

quarta-feira 3 de maio de 2017 | Edição do dia

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“Saúdo todos os presentes, em especial todas as companheiras que estão aqui hoje nesse ato, mulheres trabalhadoras, estudantes, donas de casa. Mulheres que são parte desse enorme movimento internacional que se expressa na Argentina e em mais de 50 países, através do grito: ‘Nenhuma a menos! Vivas nos queremos!’.

Nós fizemos a Terra tremer. Hoje estamos comovidas com o feminicídio de Araceli Fulles, a 27ª vítima em um mês. A justiça e a polícia são responsáveis por encobrir mais um caso e são cúmplices do assassino. Por isso temos que seguir nos organizando nos locais de trabalho e estudo para sermos milhões nas ruas dizendo basta. Como dizemos desde a agrupação Pão e Rosas: ‘Mexeu com uma, nos organizamos milhares!’.

Nas fábricas e nos locais de trabalho a discriminação vem amarrada com o chicote da exploração capitalista: os salários das mulheres são 26% menor que o dos homens, as tarefas repetitivas que acabam com nossos braços ao ponto das trabalhadoras que são mães não poderem levantar seus filhos. As que ocupam postos de trabalho mais baixos, as que carregam a dupla jornada de trabalho: a maioria das jovens trabalhadoras são contratadas por agência ou terceirizadas. Para as patronais dessas empresas a gravidez é caso de demissão, isso num país onde os abortos clandestinos retiram a vida de 300 mulheres pobres e trabalhadoras por ano.

Nossa luta, a luta das mulheres, tem que ser abraçada por toda a classe trabalhadora. Há 100 anos atrás, Lucy Parsons, esposa de um dos mártires de Chicago, mestiça e imigrante nos Estados Unidos, dizia aos trabalhadores organizados: ‘Somos as escravas dos escravos. Somos exploradas mais cruelmente que os homens. Onde quer que os salários sejam rebaixados a classe capitalista usa as mulheres para reduzí-los ainda mais’.

Eu trabalho na Kraft, uma multinacional que lucra milhões por ano. Os trabalhadores do turno da noite entram aos domingos às 10 horas da noite e terminam a semana aos sábados às 6 da manhã. De 7 noites, 6 passamos na fábrica! Muitas de minhas companheiras de trabalho conseguem dormir apenas 3 horas por dia, dividindo suas horas entre serem donas de casa, mães, operárias. Nosso corpo paga a consequência desse trabalho em ritmo infernal e descansando pouco ou nada.

Quando decidimos que queremos trabalhar 6 horas, 5 dias na semana, é uma decisão pela saúde e a vida de milhões de trabalhadoras e trabalhadores. É um grito de rebeldia, de que não queremos viver mais assim e é também uma bandeira de luta no caminho para terminar com esse sistema de exploração e opressão”.




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