×

ESTADO ESPANHOL | Líder do PSOE inicia negociações entre pressões do Podemos e PP

Encarregado por Felipe VI de buscar uma maioria para formar o governo, Pedro Sánchez e os seus lançaram mãos à obra dando início às negociações. Até este sábado, o líder socialista espera conseguir reunir-se com todas as forças.

sábado 6 de fevereiro de 2016 | 00:00

A crise política em que vive o Estado espanhol desde as eleições do 20D chegou a um novo capítulo na última terça e quarta. A crônica de uma “renúncia” anunciada de Rajoy fez efeito, e o monarca, Felipe VI, encomendou ao líder socialista Pedro Sánchez, a tarefa de configurar uma maioria parlamentar que garantisse a sua própria posse.

Em meio a uma paralisia política, Felipe VI encomendou esta tarefa a Pedro Sánchez com a esperança de que abrisse um processo de negociação “à direita e esquerda”. A resposta não tardou. Da direita e da esquerda chegaram os primeiros posicionamentos, mas lamentavelmente para o monarca e para o resto do establishment, a negociação não ocorreu como o esperado.

Os anseios de Sánchez por um grande bloco “progressista” que uniria desde Ciudadanos ao Podemos, passando pelo UP-IU, Coalizão Canaria e o PNV, parecem ter pouco fôlego na realidade. Ferraz segue lançando mensagens de colaboração e harmonia. Sánchez sabe que tem diante de si a oportunidade de frear as aspirações de um setor dos barões que anseia ver sua carreira política servida em uma bandeja de prata. Porém, apesar das boas intenções e da harmonia que tentam transmitir do bunker do candidato socialista, a crise política atual traz nuvens muito mais escuras.

PP e Podemos coincidiram na quarta-feira em exigir na Mesa do Congresso um encurtamento dos prazos de negociação, ainda que por motivos obviamente diametralmente opostos. O que move os populares (PP) vem de sua resignação diante do fracasso por não poder conformar nenhuma maioria. Tem como única esperança que em novas eleições arranquem um voto mais concentrado de seu espaço político particular, quer dizer, recebendo um fluxo de “votos úteis” da direita que no 20D foram para os Ciudadanos.

Para o Podemos o panorama de novas eleições não é o melhor. Iglesias, Errejón e companhia vêm levando há vários dias uma campanha de pressão ao líder socialista para sentar-se e negociar. Este partido sobserva com receio e preocupação a realização de novas eleições porque suas pressões para ser o companheiro de dança de Sánchez e do PSOE no congresso são cada dia mais evidentes.

Frente a novas eleições a caixa de pandora virá carregada para Iglesias, que deveria voltar a se enfrentar com debates tais como a estratégia de confluência mais ampla ou o encaixe de suas alianças territoriais e os desafios que começam a emergir dentro de seu próprio espaço político. Por não esquecer as limitações econômicas para fazer uma nova campanha eleitoral com garantias.

Apesar destes motivos supostamente serem uma forte pressão para a direção do Podemos, a estratégia de exigências ao PSOE, que ontem foi personificada pela deputada Gloria Elizo com a petição à Mesa do Congresso, pode ter um efeito bumerangue. A tentativa de mostrar um partido socialista na defensiva, sem vontade de pactos nem de concessões que fosse marcado como o claro culpado por novas eleições e por jogar fora a oportunidade de livrar-se do PP, pode ver-se truncado.

O rechaço diante das propostas do líder socialista, como por exemplo, de entendimento com Ciudadanos, pode ser traduzido pela sua base mais conservadora como um símbolo de imobilismo em tempos que existe a possibilidade de eliminar o PP do governo. Aspecto que, sem dúvida, jogaria imediatamente contra possíveis novas eleições

Apesar das petições do PP e do Podemos feitas por Celia Villalobos e Gloria Elizo respectivamente, o presidente da mesa, o socialista Paxti Lopez recusou ambas as petições, assegurando, como já fizera na última terça, que o candidato contará com “três semanas, um mês”, para levar adiante suas negociações.

A crise do regime político espanhol vive um novo capítulo sem um desenlace claro. As hipóteses de pacto são pouco sustentáveis. Os diferentes atores se vetam mutuamente, e apesar de que no jogo da política do parlamentarismo burguês nada é impossível, parece complicado juntar as diferentes posições. Ainda mais quando os espaços políticos e as “cestas” de votos têm limites tão difusos. Cada partido busca salvaguardar seu botim do 20D evitando dar passos em falso que façam os votantes mudar de opinião, mas ao mesmo tempo tem que mexer as peças nas negociações. Ao mesmo tempo, a pressão por parte das instituições do regime e do establishment* para que se conforme o governo ganha cada vez mais força.

Mas se a fórmula dos pactos parece a o dia de hoje indecifrável, mais ainda parece que um governo “estável” só poderia surgir de uma coalizão imposta pela necessidade. Tal como escrevíamos ontem no Esquerda Diário, a crise continua.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias