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Racismo | Letícia Parks: precisamos de atos por todo o país para arrancar justiça por Moïse Kabagambe

Letícia Parks, fundadora do Quilombo Vermelho e dirigente do MRT falou ao Esquerda Diário sobre a importância de nacionalizar a luta por justiça por Moïse Kabagambe.

quarta-feira 2 de fevereiro de 2022 | Edição do dia

Leia a declaração do Quilombo Vermelho: Toda força na luta por Justiça para Moïse Kabagambe! Abaixo o racismo e a xenofobia!

"Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte são cidades com atos convocados por justiça para Moïse Kabagambe no próximo sábado. É urgente fortalecer a construção desses atos e expandir a luta nacionalmente, é preciso lutar por justiça para Moïse em todo o país!

É sensível notar que a indignação ao redor do brutal assassinato de Moïse Kabagambe esteja crescendo. O chamado para manifestação no Rio, no mesmo local das terríveis cenas de racismo e xenofobia, está se expandindo para outras cidades do país, mas ainda é preciso muito mais força e mobilização para arrancar justiça.

Em primeiro lugar, os atos que já estão sendo convocados precisam ser amplamente construídos, não apenas midiaticamente, como também na base dos locais de trabalho, nas escolas e Universidades, de onde pode se expressar a força dos trabalhadores e jovens quando se organizam, discutem e atuam juntos contra as injustiças mais sensíveis do país, extrapolando suas próprias demandas específicas. Vimos exemplos disso entre professores e estudantes de escolas públicas, metroviários, trabalhadores das Universidades que vem divulgando fotos em apoio a luta por justiça. Esse potencial tem que se expressar nas ruas, com fortes blocos de trabalhadores na linha de frente da luta contra o racismo e a xenofobia, que servem como ferramenta para aprofundar a superexploração da nossa classe, como ilustra tristemente a brutalidade que sofreu Moïse ao exigir seu salário.

O assassinato de Moïse acabou de se tornar um símbolo trágico da precarização do trabalho aprofundada pela reforma trabalhista. Ao negociar diretamente com o patrão, nos termos de um trabalho ultra precário e informal, como incentiva a reforma, Moïse, não apenas não recebeu o salário devido por seus dois dias de trabalho, como sofreu a brutalidade do ódio racista e xenófobo que a burguesia tanto utiliza para nos manter divididos entre homens e mulheres, negros e brancos, héteros e LGBTs. Mas nós sabemos que somos mulheres, homens, negras, brancos e LGBTs trabalhadores, unidos na resistência diária à exploração do nosso trabalho mal pago, cada vez com menos direitos. Nossa unidade tem que se fazer na luta. Se arrancarmos justiça por Moïse com a força da nossa mobilização, organizados enquanto classe, estaremos dando um passo importante luta contra o racismo, a xenofobia, toda forma de preconceito e fortalecendo nossa luta por direitos, contra as reformas e toda a herança maldita do golpe institucional que nos legou o bolsonarismo.

Não vamos escolher entre a miséria e a morte, não vamos aceitar a divisão racista, machista e LGBTfóbica entre nós, nem cair na demagogia de Congresso e STF, instituições que foram pilares do golpe institucional e implementadoras, junto ao governo Temer e depois Bolsonaro e Mourão de todas as reformas e ajustes que nos colocaram nesta situação. Não conciliamos com militares fascistas ou liberais que falam da boca pra fora sobre preconceito, mas atuam na prática pela miséria da nossa classe, que é negra, feminina, imigrante.

As direções dos movimentos de massas, as Centrais Sindicais e Entidades Estudantis dirigidas pelo PT ou PCdoB, que se colocam na oposição ao que representa o governo Bolsonaro e todo o seu ódio racista, precisam urgentemente nacionalizar a luta por justiça para Moïse, levantando com centralidade uma ampla campanha de solidariedade à família e convocando mobilizações de rua e discussões nas bases por todo o país. Esse seria o único caminho coerente para o combate à ultra direita bolsonarista hoje, dar ferramentas nas mãos da nossa classe, para que confiando em nossas próprias forças arranquemos justiça por Moïse como parte da grande batalha contra todo o racismo e exploração."




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