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#ForaBolsonaroeMourãoRacistas | Letícia Parks: "20N: Basta de fila do osso e desemprego. Que os capitalistas paguem pela crise"

terça-feira 9 de novembro de 2021 | Edição do dia

A pandemia retrocede em número de mortes diárias, mas as consequências da política dos capitalistas e seus governos de jogarem a crise econômica nas costas dos trabalhadores através de suas reformas não dão trégua ao sofrimento da população que está comendo lixo ou em filas por osso porque o salário não chega ao fim do mês ou porque não encontram emprego.

São cerca de 15 milhões de desempregados e mais de 30 milhões de brasileiros vivendo com “até” um salário mínimo, sendo que 20 milhões destes 30, são negros. E se antes já víamos a expressão do racismo na desigualdade salarial entre negros e branco, isso se intesificou com a reforma trabalhista ao ampliar o trabalho precário, informal, sem carteira e por aplicativos. Chegamos ao escandaloso dado de que homens brancos com ensino superior ganham em média um salário 159% maior do que o das mulheres negras com ensino superior.

A luta pela igualdade salarial entre negros e brancos sempre foi uma demanda fundamental contra o racismo estrutural na sociedade de classes. Frente a enorme inflação onde os preços aumentam mensalmente, destruindo nosso poder de compra que já era baixo, é urgente impor o reajuste automático dos salários a cada mês de acordo com o aumento do custo de vida, como parte da luta contra o racismo e em defesa da vida do povo negro.

Assim, como não podemos naturalizar que o que resta às mulheres negras e a nossa juventude seja a terceirização e a "uberização" do trabalho. Por isso entendo que a defesa do direito ao emprego com plenos direitos para todos também é parte da luta contra o racismo e pode unificar o movimento negro com a juventude, as mulheres, os empregados e os desempregados formando uma enorme força social para lutar por uma transformação radical da sociedade. Lutar par por fim ao capitalismo que sustenta o racismo e suas formas atuais de expressão que arranca a vida de negras e negros com violência policial, o feminicídio, a fome e o desemprego. Precisamos colocar fim ao racismo do estado que faz com que a juventude negra seja 78% dos assassinados pela polícia! Lutar de forma intransigente contra o racismo às mulheres negras que têm mais dificuldade de ter independência econômica por causa dos trabalhos precários e, também por isso, ficam mais vulneráveis à violência doméstica e ao feminicídio!

O Black Lives Matter impactou gerações de jovens e lutadores ao chacoalhar a racista sociedade norte-americana, unindo brancos e negros na mesma trincheira da luta contra a morte de George Floyd. Lá nos EUA, a luta negra não se tratava apenas de tirar Trump da Casa Branca, mas de acabar com o racismo e com a polícia. Aqui no Brasil também não se trata de lutar apenas pelo Fora Bolsonaro. É preciso lutar contra os militares, as instituições deste regime político degradado que permitiu um avanço autoritário do judiciário levando à prisão em segunda instância centenas de pessoas negras, que junto ao Congresso aprovaram uma série de ataques aos trabalhadores intensificando o impacto do racismo e da exploração na vida do povo negro. E não tem como acabar com essas marcas escravocratas na sociedade, sem acabar com o capitalismo.

Nossa classe, que é feita majoritarimente pelo povo negro, se enfrenta com a política traidora das direções das grandes centrais sindicais, como a CUT e CTB, que cancelaram os atos do 15N contra Bolsonaro. E mesmo antes disso, exerceram um enorme controle sobre manifestações para ir minando a disposição de derrotar o governo pela luta, ao mesmo tempo em que impediam a unificação das lutas e greves de resistências que aconteciam. Isso porque o objetivo era convencer que a única luta possível contra Bolsonaro é aguardar a eleição de Lula daqui 1 ano. Os partidos de esquerda e centrais sindicais como a CSP-Conlutas estão dando convocando com peso as manifestações do 20N colocando a luta contra Bolsonaro como um eixo importante do dia, mas além disso é preciso dizer à todos que vieram participando das mobilizações que o cancelamento do ato do 15N pela CUT e CTB é uma traição e que as negras e negros precisam se unir à juventude, aos indígenas, LGBTs e aos trabalhadores e exigir um verdadeiro plano de lutas que unifique os focos de resistência e apresente um programa com independencia de classe pra responder à crise econômica e política.

Nesse 20N, reafirmo a necessidade de nos ligar ao espírito combativo de mulheres e homens negros que viveram suas vidas com o incansável desejo de liberdade, um desejo que não cabe e nunca caberá nos limites impostos pelas correntes de exploração e opressão desse sistema capitalista. Gritemos juntos: basta de fila do osso e desemprego. Que os capitalistas paguem pela crise!




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