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OPINIÃO | Leon Trotsky e a juventude que ocupa as escolas em época de crise

’’A IV Internacional dá uma excepcional atenção à jovem geração do proletariado. Por toda sua política ela se esforça em inspirar à juventude confiança em suas próprias forças e em seu futuro. Apenas o fresco entusiasmo e o espirito ofensivo da juventude podem assegurar os primeiros sucessos na luta; apenas esses sucessos podem fazer voltar ao caminho da revolução os melhores elementos da velha geração. Sempre foi assim. Continuará sendo assim’’. Leon Trotsky, programa de transição.

sábado 28 de novembro de 2015 | 00:20

As ocupações das escolas estaduais de São Paulo estão colocando em cena uma nova juventude que está despertando para a vida. Estes jovens que estão lutando contra a reorganização escolar e o fechamento das escolas, são os mesmos que estão sendo atingindo fortemente pela crise econômica e os mesmos que não têm nenhum vínculo com os partidos da ordem e, principalmente, não carregam nas costas as derrotas do passado.

É a juventude que sofre todo dia ao ir a uma escola que tem mais 40 alunos por sala, onde não tem nenhuma estrutura para apoiar os seus estudos, que tem que aguentar estruturas totalmente rígidas e autoritárias, e que pegam duas conduções lotadas pra chegar nas escolas. A mesma juventude que está vendo o preço do arroz aumentar, a conta de luz e de água aumentarem e ver suas casas numa determinada hora do dia não tendo água pra poder usar.

As diversas derrotas das revoluções e das lutas do passado, na maioria dos casos por responsabilidade das direções políticas traidoras e covardes do stalinismo e dos partidos reformistas, levaram as grandes massas à total desilusão com a possibilidade de transformar pela raiz a sociedade em que vivemos, apesar dos milhões que lutaram com toda a força por esse objetivo. Foi esse o papel nefasto do stalinismo e dos partidos reformistas em escala internacional. E no Brasil, foi o papel do PCB desde os anos 1930, e especialmente no processo que desembocou no golpe de 1964. O PT que serviu na luta contra a ditadura, apesar do grande impulso dos trabalhadores na base, tinha também uma direção que sempre buscou a conciliação com os ricos e os militares da ditadura, um caminho que só podia levar a traições e derrotas.

Por muito tempo a restauração burguesa contaminou a mente de milhares dizendo que não existe uma outra saída sem ser o capitalismo, portanto não adianta sair às ruas ou fazer greve. Cada vez mais quem saía às ruas era um numero restrito de pessoas, as quais eram muitas das vezes vistas com maus olhos pela maioria.

As manifestações de Junho de 2013 mataram de vez os valores da restauração burguesa no Brasil e questionaram e puseram em xeque toda a desmoralização das massas, que elas sentiam por conta do passado. Junho de 2013 abriu a porta para greves importantes como a dos garis do RJ em 2014, e também para as ocupações de escolas que estão ocorrendo no Estado de São Paulo.

Muitos dos jovens que hoje corajosamente dormem dentro das escolas, muitos estavam nas ruas em 2013 se encantando com o novo momento em que se abria no país. Ou se não estavam lá fisicamente, ao menos assistiram àquele processo com entusiasmo e começaram a formar sua consciência crítica a partir dessa experiência de massas. Estes jovens não viram o PT dos anos 80, que apesar dos seus defeitos tinha muitos elementos de classismo e combatividade, mas viram o PT dos acordos com as grandes empresas e do ajuste fiscal contra os trabalhadores e os jovens.

São estes jovens que vão ocupar os postos de trabalho mais precários, com jornadas de trabalho cansativas, são os mesmos que vão estar nas universidades privadas mais precárias pagando suas altíssimas mensalidades. Não são aqueles que procuram apenas "cargos" nos movimentos de trabalhadores em busca de conforto, muito menos que procuram fazer alianças com os inimigos de classe pra conseguir algum benefício pessoal, mas sim aqueles que têm energia e vontade para entregar à revolução dos trabalhadores.

Estes que têm que estar à frente das lutas, refletindo e convencendo os trabalhadores e jovens de quais passos devem seguir, quais são as próximas tarefas, qual é a situação do momento pra poder agir e quais formas que os trabalhadores têm que se organizar. Num período de crise econômica, não bastam as velhas direções e as velhas formas que os trabalhadores viram que não dão certo; mas que os novos aprendam com os erros do passado e triunfem nas lutas e na construção de uma nova sociedade. Mais um exemplo que os escritos de Trotsky continuam atuais!




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