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JUVENTUDE ANTICAPITALISTA E REVOLUCIONÁRIA | Lançamento da Faísca no Rio reúne dezenas de estudantes contra os cortes da educação e o governo golpista de Temer

Foi neste sábado o lançamento do Faísca – Anticapitalista e Revolucionária no Rio de Janeiro, e reuniu mais de 60 jovens: UERJ, UFRJ, UFRRJ (Rural), Unirio, UFF e de universidades privadas, além de estudantes dos colégios ocupados do estado, como do C.E. Central do Brasil, Visconde de Cairu e Faetec.

domingo 5 de junho de 2016 | Edição do dia

A mesa de lançamento da Faísca carioca reuniu Carolina Cacau, coordenadora do CASS-UERJ e professora do estado em greve, Sérgio Baiense, estudante do C.E. ocupado Visconde de Cairu, Enzo da Faetec ocupada de Quintino, Mateus Correia, estudante de economia da Unicamp que está ocupada, e Desirée Carvalho, do CASS-UERJ e grupo de mulheres Pão e Rosas.

A atividade começou com uma saudação à luta dos trabalhadores em greve na França contra a reforma trabalhista de Hollande.

Na França, a luta dos trabalhadores foi antecipada pela juventude que iniciou sua mobilização 2 meses antes, com coordenações entre universidades e escolas. A juventude que incendiou os trabalhadores na França pode fazer o mesmo aqui no Brasil contra este novo governo golpista de Temer.

Carolina Cacau colocou a necessidade de se seguir este exemplo da juventude francesa no Brasil, já que aqui as Centrais como a CUT, CTB, se recusam a lutar seriamente contra o governo golpista de Temer. Cacau enfatizou que o golpe se deu no Brasil porque os ajustes que o PT veio aplicando não eram o suficiente para satisfazer os grandes empresários, e o PT facilitou o caminho do golpe alimentando por anos esta direita, mantendo também os trabalhadores controlados através da burocracia sindical.

Neste cenário a nova geração de juventude que luta nas ocupações de escolas e universidades e que não tem nenhuma amarra ou compromisso com o projeto falido do PT pode cumprir um importante papel servindo de ponta de lança para que os trabalhadores rompam com seus freios, lutando contra os cortes do novo governo golpista e por uma constituinte imposta pela luta que bote abaixo os privilégios dos políticos e juízes que recebem altíssimos salários para aprovar leis contra os trabalhadores e a juventude ganhem o mesmo salário de uma professora e que todo político possa ser revogável pelos que os elegeram.

Mateus, estudante da Unicamp aonde os estudantes ocuparam a reitoria, relatou que a juventude veio quente contra este governo golpista e contra a direita reacionária, contando que na Unicamp os estudantes ocupam a reitoria contra os cortes na educação, mas também iniciaram sua mobilização contra o golpe e por cotas raciais.

Sérgio, estudante do Cairu, relatou que a repressão dos diferentes governos tem aumentado para tentar calar a resistência da juventude, como foi recentemente no Rio de Janeiro quando estudantes foram reprimidos na SEEDUC pela Tropa de Choque, ou na última sexta feira quando um estudante foi espancado pela PM em manifestação dos professores em greve do Rio.

Enzo, estudante da Faetec, comentou que frente à escalada repressiva dos governos, é um erro estratégico não haver a unificação das lutas, entre os estudantes do estado e a Faetec, entre as ocupações e os professores, e em conjunto com todos trabalhadores em greve no estado, em comandos de greve e ocupações que representem a base dos setores em luta. A recente decisão judicial que criminaliza as ocupações permitindo a ação da PM para liberar as salas de aula nos colégios ocupados, como parte de um plano nacional já que o governo golpista de Temer deu aval para ação da polícia contra as ocupações estudantis, trazendo como secretário de justiça Alexandre Moraes, antigo secretário da segurança de Alckmin em SP, responsável pela repressão aos secundaristas. Enzo também frisou que este novo governo golpista, além fortalecera repressão do governo de Pezão, abre espaço para figuras reacionárias com o convite de Mendonça Filho do DEM à Alexandre Frota, estuprador confesso e racista, como conselheiro do MEC para defender o projeto “Escola sem Partido”, que visa proibir o já mínimo debate político temendo a consciência política dos alunos.

Desirée Carvalho, do Pão e Rosas, contribuiu ao debate tratando do tema da cultura do estupro, que já é um debate instaurado na sociedade desde quando veio à tona o caso do estupro coletivo de uma jovem de 16 anos por 33 homens no Rio de Janeiro. Desirée chamou atenção para o fato de que no capitalismo a violência contra a mulher é naturalizada em todos os aspectos da vida. Desde a desigualdade salarial, o não direito ao próprio corpo quando lhes é negada a escolha de ter um filho ou não, a opressão que a mulher sofre dentro de casa com a dupla jornada de trabalho que a mulher cumpre ao ter um local submisso de dona de casa ou mãe nesta sociedade, os assédios no trabalho, toda a opressão contra a mulher é instrumentalizada pelo capitalismo para aumentar os lucros, sendo o estupro a faceta mais brutal da opressão machista.

As mulheres vem se organizando desde a primavera das mulheres sendo linha de frente contra esta direita que além de reacionária, é golpista. Foi alimentada pelo PT, que mesmo tendo uma mulher no poder, não fez avançar os direitos das mulheres por causa de suas alianças, tendo Dilma aberto mão da legalização do aborto e do Kit anti-homofobia para ser eleita e manter sua relação com esta bancada.

A plenária de lançamento da Faísca foi muito viva, com várias intervenções de independentes. Entre elas:

Alice, do C.E. Central do Brasil, interveio denunciando a repressão do governo do estado contra as ocupações, e o papel da polícia militar, que espancou Yuri, aluno do Central que se manifestava no Palácio da Guanabara em defesa da educação.

Amanda, da UFRRJ (Rural) saudou o espaço fazendo uma homenagem à Isadora, estudante da UFRRJ que foi vítima de estupro a dois anos no Campus e teve seu caso negligenciado pela reitoria durante todos estes anos. Amanda denunciou que as reitorias também são responsáveis pela cultura do estupro, já que quando não acobertam, se omitem, e que as mulheres da Rural estão organizadas para combater isto dentro da instituição, com a primavera das mulheres da rural que se iniciou com a campanha “Me avise quando chegar”.

Isabela Rocha, estudante de Ciências Sociais da UFRJ, colocou também a necessidade urgente de mobilização em sua Universidade, denunciando que as condições de permanência praticamente não existem em uma universidade aonde 1 em cada 4 estudantes vêm de outros estados. Com o caos com o cancelamento dos bilhetes únicos universitário, a falta de restaurantes universitários e de alojamento e o recente anúncio de extinção das bolsas de permanência são medidas que cada vez mais expulsam estudantes da universidade. E colocou também a necessidade de preparar a mobilização durante as olimpíadas, quando todos os holofotes estarão voltados à cidade do Rio de Janeiro.

A plenária resolveu:

  •  Por um plano de luta para por abaixo o governo golpista do Temer e por uma constituinte imposta pela luta.
  •  Campanha em solidariedade ao processo de luta dos estudantes e trabalhadores na França.
  •  Campanha contra a violência às mulheres e a cultura do estupro nas universidades e escolas. Participação no 2° ato Por todas elas no Rio, dia 8/06 quarta feira.
  •  Participar das ações do dia nacional de mobilização contra o governo golpista do Temer dia 10/06
  •  Campanha de denúncia às crescentes dificuldades de utilização do Bilhete Único universitário que vem cancelando e aumentando a burocracia para impedir o acesso ao direito.
  •  Construir um plano de mobilização para as Olimpíadas.
  •  Campanha democrática nos locais de estudo em apoio às escolas ocupadas e a ocupação da SEEDUC contra a repressão policial e da justiça e do governo aos estudantes.
  •  Campanha visual pela cidade com nossas pautas.
  •  Material da Faísca Rio de Janeiro com o conteúdo debatido na plenária de lançamento para distribuição nos locais de estudo.


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