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O QUE É O MBL? | Kim Kataguiri na Folha: um rosto para a nova direita

A Folha de São Paulo de São Paulo anunciou ontem a estreia de uma nova coluna semanal. O responsável por ela é Kim Kataguiri, um dos líderes e figura pública do Movimento Brasil Livre – MBL, movimento de direita que defendeu e puxou manifestações pelo impeachment no último período. O fato gerou repercussão e debate na internet.

terça-feira 19 de janeiro de 2016 | 01:29

É preciso saber quem é o MBL. Fundado em 1 de novembro de 2014, realizaram sua primeira manifestação juntando 5000 pessoas com a pauta de investigação e punição dos envolvidos no escândalo apurado pela Lava Jato. Se tornaram conhecidos por puxarem (junto com outros grupos como Vem Pra Rua e Revoltados Online) as manifestações contra o PT e pelo Impeachment de Dilma Roussef, que juntou centenas de milhares de pessoas, em sua maioria da classe média.

Em um momento em que o regime e todos os partidos da ordem estão extremamente desgastados, surgem como uma nova direita. Diferentemente da direita tradicional, se apresentam com a cara política da conjuntura pós junho de 2013: jovem, apartidária, com o espírito da “geração que vai mudar o país”, como o escrito de uma de suas camisetas a venda em sua pagina de facebook, utilizando as manifestações de rua como método.

Ideologicamente são defensores assíduos do Liberalismo clássico, onde o estado tem um papel mínimo na gestão da economia e da sociedade. Na esfera social, o que defendem (ausência do estado em todas as esferas, inclusive na regulação dos salários, etc) na prática significa uma exploração brutal dos trabalhadores e um retorno as condições de vida do início da revolução industrial.

O grupo afirma conseguir seu financiamento por doações espontâneas e por venda de seus materiais, como camisetas por exemplo. A questão que fica no ar é: quem são esses doadores? A BBC Brasil, em matéria publicada em março de 2015, ao investigar o “Vem Pra Rua”, movimento similar que também fez parte das manifestações impeachment, descobriu doações do empresário Jorge Paulo Lemann, sócio da Ambev e da rede de fast food Burger King. A Carta Capital, em matéria publicada no mesmo mês de 2015, constatou a relação de membros do MBL com as instituições Studants for Liberty e Institute for Humane Studies, ambas patrocinadas por Charles e David Koch, donos do grupo Koch Industries, segunda maior empresa de capital fechado nos EUA, com refinarias de petróleo em todo o país.

Esse ano, cansados de apelar apenas para a manifestação de rua, assim como o Vem Pra Rua, pretendem disputar as eleições e para tal empreitada vão lançar 123 candidatos em 23 estados, todos filiados a partidos da oposição como PSDB, DEM, PSC, Partido Novo, PPS .”Estamos nos filiando a esses partidos para disputar a eleição, mas a ideia é que, como existe a bancada evangélica, formaremos uma bancada liberal independente” diz Kim Kataguiri para o Valor Economico.

Eis o MBL, ideologicamente liberal, com uma cara jovem e sem os desgastes da direita tradicional, com capacidade de mobilização na classe média e financiamento de grandes empresários internacionais. Kim Kataguiri ser nomeado colunista da Folha demonstra um reconhecimento do peso social que essa nova direita está conquistando nas classes médias, sobretudo de São Paulo, e ao mesmo tempo uma aposta, para Kataguiri seja o rosto mais visível desta direita em formação, que tem ao menos promessa de um futuro mais "promissor" do que os atuais representantes da direita tradicional.

http://www.valor.com.br/politica/4397918/lideres-pro-impeachment-mudam-discurso-e-vao-se-candidatar-este-ano
http://mbl.org.br/




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