Keron Ravach foi mais nova vítima do transfeminicídio no país. Assassinada aos 13 anos na cidade Comucim, no Ceará, por um adolescente com socos, chutes, facadas e pedradas. O caso escancara a realidade violenta cotidiana das pessoas trans no Brasil.
quinta-feira 7 de janeiro de 2021 | Edição do dia
Keron ainda não havia completado 13 anos, foi morta com toda brutalidade física destinada a população trans neste país. Há poucos dias de completar 14 anos, no dia 28 de janeiro, recebeu chutes, socos, pontapés, pedradas e facadas. Keron Ravach, morta no dia 04 de janeiro, passa a ser a vítima mais jovem do transfeminicídio no país que é um dos recordistas nesse tipo de violência.
De acordo como o jornal O Povo Keron, que possuía mais 10 irmãos, era órfã de sua mãe recentemente devido a um aneurisma cerebral, uma criança estudiosa, costumava brincar com os seus amigos na praça da sua cidade e ir à praia. Um adolescente de 17 anos é o acusado pelo seu assassinato e afirma que estava em um programa sexual com Keron. Essa versão é contestada por amigos da menina. Seus amigos afirmam também que além da humildade ela se destacava pelos seus sonhos e por ser querida e amada por aqueles que a conheciam.
Nos primeiros dias de 2021 o assassinato de uma criança em função da sua
identidade de gênero escancara o ódio e a transfobia cotidiana a que está submetida a população LGBT+, em especial as pessoas trans. Nos últimos 5 anos, a idade das vítimas de transfeminicídio no país veio caindo chegando em 2021 ao registro de uma vítima de 13 anos.
O caso, que de acordo com a Secretaria de Segurança Publica e Desenvolvimento Social do Ceará será direcionado ao Poder Judiciário, mostra a continuidade de um histórico de brutalidade que se materializa em uma expectativa de vida de menos de 30 anos para pessoas trans para 2021.
O Estado e suas instituições ignoram o transfeminicídio, que é o último ponto de uma cadeia de violência cotidiana, pois o patriarcado, o machismo, a homotransfobia, são marcas profundas desse sistema. Essas marcas se expressam em casos como esse que são fortalecidos pelo ódio contra a existência de pessoas trans destilado por Bolsonaro e Damares e a extrema direita que tem conservadorismo e o ódio contra as minorias em suas ações, discursos e pautas.