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DECLARAÇÃO JUVENTUDE FAÍSCA | Juventude FAÍSCA frente ao novo governo golpista de Temer

Desde que se consolidou no Senado a votação do impeachment e o golpista Temer assumiu a presidência da república, pudemos confirmar o quão reacionário era esse golpe institucional levado adiante pela burguesia. No lançamento de nossa juventude anti-capitalista e revolucionária, integrada por militantes do MRT e independentes, nos posicionamos claramente contra o golpe e contra os ataques de todos os governo. Agora, com o avanço deste golpe é fundamental dizer: Abaixo Temer golpista!

Faísca Revolucionária@faiscarevolucionaria

segunda-feira 13 de junho de 2016 | Edição do dia

Foram poucas semanas desse governo e já vimos a que veio: caminho aberto pra Alckmin em São Paulo reprimir os secundaristas, Alexandre Frota estuprador confesso “conselheiro” do Ministério da Educação, num país onde as mulheres devem ser “belas, recatadas e do lar” se escancara os estupros coletivos, ataques aos artistas e à área da cultura. Isso sem falar no enorme ataque do governo que quer impor um teto para os orçamento da saúde e da educação. Diante de tudo isso, não dá pra ficar parado!

“Que que ta conteseno?”

Desde o inicio do ano essa pergunta não sai das nossas cabeças, a conjuntura estava tão maluca que se você não acompanhasse os sites de notícias por um dia já não entendia mais nada. Agora o golpe passou no senado, diga-se de passagem porque UNE, Ubes, CUT, CTB e todas essas entidades subordinadas aos petistas se negaram a travar uma batalha séria contra essa direita reacionária que o PT alimentou durante anos de governo, promovendo apenas uma resistência que permitisse garantir votos nas próximas eleições, enquanto tentavam conciliar por cima novamente. Pois temem mais a juventude e a classe trabalhadora do que os golpistas.

O golpista Temer assumiu e os cenários longe de se estabilizar continuam ainda incertos. Na pior das hipóteses pode acontecer que o “pacto” desses políticos burgueses dê certo, o governo Temer se estabilize e consiga por meio de ataques ainda mais duros, combinado com a repressão, disciplinar e conter a juventude e os trabalhadores. Consolidando assim os objetivos do golpe. Uma outra possibilidade é que a instabilidade permaneça, a crise continue mas que as movimentações por cima derrubem Temer. Seja numa tentativa de buscar uma legitimidade por meio das eleições gerais, onde sai todo mundo e depois volta tudo de novo, os mesmos corruptos só que com ar mais democrático porque foram votados, onde a classe trabalhadora e a juventude não cumprem nenhum papel. Todas as saídas que buscam a estabilidade do sistema vão contra a possibilidade da juventude e da classe trabalhadora entrarem em cena através da luta de classes. É por isso que nós não levantamos a política de eleições gerais, que nos reserva apenas o papel de votar, muito menos a reivindicação da Operação Lava-Jato como faz a juventude Juntos que termina fortalecendo o Poder Judiciário e a Polícia Federal contra os trabalhadores e a juventude. Mas também não dá pra ir na onda do Levante Popular da Juventude ou de outras juventudes críticas ao PT mas que colocam como palavra de ordem a volta de Dilma.

Tem escola ocupada no Sul, no Rio de Janeiro, no Ceará, no Mato Grosso, a juventude secundarista tá fervendo contra os cortes na educação. Uma greve que começou nas estaduais paulistas começa a se espalhar pelo país, USP, Unicamp e Unesp com greve nos três setores, com direito a ocupação de reitoria e de cursos. Com uma forte perspectiva de unificação que começou a se concretizar no Encontro de Estudantes em Luta que reuniu universitários e secundaristas de diversos lugares do estado de São Paulo, mas que pretende se espalhar pelo país construindo um dia nacional em defesa da educação, contra os ataques dos governos e a repressão rumo a construção de uma greve geral da educação.

O que nós queremos é que a juventude e a classe trabalhadora sejam os protagonistas. E por isso, ao mesmo tempo que falamos abaixo Temer golpista é preciso levantarmos, em meio as lutas em curso, uma resposta política para essa crise. Do contrário estaremos lutando pelos nossos direitos mais imediatos enquanto os políticos burgueses querem resolver a crise “por cima”. Essa resposta nós consideramos que é lutar por uma nova Constituinte, imposta pela mobilização, diferente da Constituinte de 1988 que muitos jovens sequer conhece que foi tutelada pelos militares da ditadura. Não, nós queremos uma Constituinte que dê pra nós o poder de decidir sobre os grandes problemas do país.

A juventude quer arrancar seu futuro na luta

Acreditamos que as lutas em curso pela educação, protagonizada pelos secundaristas em diversos estados e pelos trabalhadores e estudantes das estaduais paulistas, são uma poderosa plataforma para lutar contra os ataques dos governos levantando um plano de emergência frente à crise, que impeça todas as demissões, que defenda o salário mínimo do DIEESE pra todos os trabalhadores, que impeça o avanço da PL 4330 e imponha a efetivação de todos os terceirizados sem necessidade de concurso público. Devemos lutar também por um plano de emergência contra a violência às mulheres que exija salário pago pelo estado para toda mulher vítima de violência com licença do trabalho, acesso total a saúde pública e de qualidade, a construção de casas-abrigo para as mulheres vítimas de violência e a elaboração de um plano de obras públicas em base a impostos progressivos das grandes fortunas. Um plano de emergência pra que a crise não seja descarregada nas costas dos trabalhadores e da juventude, um plano de emergência para que as mulheres enfrentem a violência.

Este plano deveria ser em meio as lutas em curso a base justamente de uma nova Constituinte imposta pela luta. Uma Constituinte que possa responder aos grandes problemas do país garantindo por exemplo que não haja pagamento da dívida pública e este dinheiro seja investido em educação, saúde, transportes e moradia. Que leve adiante a reforma agrária radical, algo que o PT nunca fez. Que todas as escolas e universidades sejam estatizadas sob controle dos estudantes e trabalhadores, impondo as cotas raciais e ao mesmo tempo acabando com o vestibular, muito diferente dos projetos de precarização do ensino levado adiante pelo PT. Legalizando o direito ao aborto, que em treze anos de governo petista foi deixado de lado, enquanto milhares de mulheres morriam todos os anos por procedimentos clandestinos. Mas também permitindo condições para que as mulheres possam exercer a maternidade plena, garantindo creches, restaurantes e lavanderias públicas. Que tenha uma politica efetiva contra as milhares de LGBT mortas todos os anos e garanta efetivamente o direito ao nome social. Uma constituinte que imponha que todos os juízes e políticos de alto escalão sejam eleitos e revogáveis e recebam o mesmo salário que uma professora e que seja a população que investigue e julgue a corrupção. Que se expulse o imperialismo do país, e obrigue os capitalistas a pagar por sua crise. Exigimos desde já que as entidades estudantis como UNE, UBES e tantas outras rompam com sua subordinação ao petismo e organizem de fato a luta em cada local de estudo e trabalho. Devemos exigir um plano de luta com greves, ocupações e cortes de rua pra dizer abaixo Temer golpista, por uma constituinte imposta pela luta!

Queremos acabar com o capitalismo ao lado da classe trabalhadora

Neste sistema baseado na acumulação do lucro, todos trabalham e alguns poucos enriquecem. O capitalismo é uma sociedade de exploração e opressão que, para lucrar sobre o trabalho precário do povo negro, perpetua a ideologia racista, o padrão de beleza europeu, a violência policial e a miséria na periferia. Que mantém a ideologia machista, que quer impedir nossa livre sexualidade, impede a livre construção de nosso gênero, prega a individualidade, mas quer que todos sejamos iguais e caibamos em suas caixinhas. Não aceitaremos as milhões de LGBT mortas todos os anos, devido a LGBTfobia, como ocorreu recentemente com as 50 assassinadas em Orlando. Queremos ser linha de frente na luta contra toda forma de opressão, junto às mulheres, negros e LGBT, mas com a perspectiva da luta por uma outra sociedade.
A juventude que grita por direito à cidade, ao lazer, à cultura, à arte, ao corpo, pela legalização das drogas, não pode se contentar com as amarras que esse sistema nos impõe. Lutamos contra a cultura do estupro porque sabemos que são os governos, a justiça, as Igrejas, a mídia e este estado capitalista os responsáveis. Por isso acreditamos que cada jovem do Brasil deve se colocar na perspectiva de lutar por uma revolução social, que bote abaixo esse sistema de uma só vez, não busque consertar o que não tem solução, e construa uma sociedade sem exploração e opressão, onde “sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres”.
A classe trabalhadora, que tudo produz e tudo sustenta com seu trabalho, é a única força social capaz de realizar essa revolução, paralisando o sistema e impondo um governo dos trabalhadores e da população pobre. Por isso a nossa juventude, com decisão e convicção revolucionária, quer se colocar a frente de construir essa perspectiva ao lado dos trabalhadores, queremos assim como a juventude francesa ser a faísca que vai incendiar a classe operária, queremos abrir o caminho para o gigante levantar e dar passos largos nessa batalha histórica, que acreditamos que vamos vencer, contra a classe exploradora. Basta de pedir, vamos impor a revolução que nos dará o direito ao pão, mas também às rosas.
Nós da Juventude FAÍSCA, uma juventude anti-capitalista e revolucionária composta por militantes do Movimento Revolucionário de Trabalhadores e independentes, somos parte junto ao lado de dezenas de estudantes de vários Centros Acadêmicos como o Centro Acadêmico de Letras da USP, o Centro Acadêmico de Educação da USP, o Centro Acadêmico de Ciências Humanas da Unicamp, o Centro Acadêmico de Serviço Social da UERJ, o Centro Acadêmico de Filosofia da UFMG, e em dezenas de universidades, colégios e com a juventude trabalhadora nas fábricas e locais de trabalho, queremos colocar todas as entidades onde atuamos a serviço da luta de classes.

Esta declaração, assinada pela Coordenação da Faísca que reúne companheiros eleitos em várias cidades e estados, chamamos a todos os militantes da Faísca a debater vivamente em reuniões amplas em cada local de trabalho e estudo, opinar, debater para avançarmos nesta discussão apaixonante para que cada companheiro e companheira seja sujeito na construção desta juventude e da nossa luta. Vamos juventude, fazer história nessa vida.




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