Após críticas vindas de diversos setores, Jair Bolsonaro tentou de desvincular de comentário de seu filho propagandeando um “novo AI-5”. Eduardo soltou novo vídeo reafirmando sua defesa do período mais sangrento da ditadura brasileira.
quinta-feira 31 de outubro de 2019 | Edição do dia
A declaração de Eduardo Bolsonaro afirmando que se a esquerda radicalizasse deveria ocorrer um “novo AI-5” no Brasil repercutiu imensamente. OAB, David Alcolumbre, João Doria, Ciro Gomes, Rodrigo Maia, além de figuras do PT e PSOL (que disseram que vão pedir a cassação de seu mandato) foram alguns dos que criticaram publicamente a reivindicação do filho do presidente da medida mais autoritária da ditadura brasileira, que deu início a seu período mais bárbaro e sangrento, intensificando mortes, desaparecimentos e torturas de opositores ao regime.
Frente a isso, o próprio presidente Jair Bolsonaro, pai de Eduardo, fez declarações públicas se desvinculando das afirmações do filho. Questionado por jornalistas, Jair disse: “O AI-5 já existiu no passado, em outra Constituição, não existe mais. Esquece. Vai acabar a entrevista aqui. Cobrem deles. Quem quer que seja que fale em AI-5, está sonhando. Está sonhando! Não quero nem que dê notícia nesse sentido aí". E, quando perguntado se cobraria do filho por conta de suas declarações, ele respondeu: “Cobre você dele. Ele é independente. Tem 35 anos, se não me engano [...] Se ele falou isso, que eu não estou sabendo, lamento. Lamento muito.”, mudando o tom em relação a outros momentos em que “passou a mão” na cabeça do “garoto”, a quem queria destinar a Embaixada do Brasil nos EUA e a liderança do PSL no Congresso.
Mas Eduardo Bolsonaro saiu em suas redes sociais para reafirmar o conteúdo de sua fala, e fez a seguinte postagem em seu Twitter:
O QUE FOI O AI-5?
Dilma, Lula, Franklin Martins, Marighella, Lamarca e outros trouxeram pânico e terror ao Brasil no final dos anos 1960 e início dos 70. Hoje a estratégia se repete no Chile e a esquerda brasileira está louca para trazer isso para o Brasil. pic.twitter.com/gRmaU7G2i2— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) October 31, 2019
Se contrapondo às manifestações no Chile, Eduardo reafirmou as tradições da sua família ao reivindicar a tortura e o assassinato de opositores como forma de manter a “ordem”. Se agora seu pai afirma que “não quer que fale em AI-5” é por mera conveniência, pois não esquecemos de suas homenagens ao torturador Ustra ou suas declarações de que a ditadura brasileira deveria ter matado uns 30 mil.