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AUMENTO DO CUSTO DE VIDA | Inflação em 2018 poderá ser até 50% maior que em 2017

Alta nos custos de energia, gasolina e alimentação devem ser os fatores determinantes para o aumento da taxa de inflação, que especialistas estimam ter sido entre 2,8% e 3% este ano, para até 4,2% em 2018.

quarta-feira 3 de janeiro de 2018 | Edição do dia

Setores fundamentais para o bolso dos trabalhadores, os alimentos, energia e gasolina devem ficar ainda mais caros em 2018, e estima-se que por isso a taxa de inflação para este ano será entre 4 e 4,2%. Os economistas comemoram esse valor, que ainda está abaixo do centro da meta, de 4,5%, como se isso não significasse novamente uma perda no salário dos trabalhadores, que só terá novo reajuste em 2019.

Segundo economistas ouvidos pelo jornal O Globo, mais uma vez o custo de vida aumentará mais do que o salário. Segundo sua visão “otimista”, a inflação em 2017 ficou abaixo do piso da meta, que era de 3%. No entanto, o governo Temer reajustou o salário mínimo em apenas 1,8% (o valor mais baixo dos últimos 24 anos). Ou seja, os trabalhadores vão ter menos do que comer na mesa esse ano, vão ter que cortar ainda mais seus gastos com lazer, enquanto políticos ladrões e corruptos roubam nosso dinheiro e querem fazer com que os trabalhadores paguem por uma crise que não criaram.

Um dos entrevistados pelo Globo, Luiz Roberto Cunha, economista da PUC-Rio, chega ao absurdo de afirmar que não tem problema a diminuição do poder de compra dos trabalhadores, porque eles estão acostumados ao sacrifício de abrir mão do que não podem pagar para terem acesso ao mínimo. E as afirmações dos entrevistados só pioram: a também economista Maria Andreia Parente Lameiras, do Ipea, diz que como os salários serão menores, os custos com mão de obra mais baixos (para os patrões) serão um incentivo para a economia.

Essas são as visões daqueles que só pensam em números e lucro em cima de nossas vidas, porque sabem que terão uma mesa farta em casa todo dia. Calculam que o custo de vida para o trabalhador pode aumentar, desde que isso não interfira nas taxas de lucros dos banqueiros, e falam em “macroeconomia” como se fosse algo abstrato, como se o importante seja que as contas se equilibrem no final, pouco importando se nessa gangorra nossa vida está indo para baixo e os lucros dos empresários para cima.

Não poderíamos deixar de remarcar aqui também que existe outra discussão importante sobre a inflação que eles não fazem. A forma como hoje é feito o reajuste do salário mínimo, ano a ano, já deixa os salários defasados. No momento em que é feito esse reajuste, ainda que ele fosse equiparado ao índice da inflação do último ano, como supostamente deveria ser, mas nunca acaba sendo, ele apenas colocaria o salário num patamar equivalente ao de 12 meses antes, não recuperando a perda nesse período. Porém, a inflação se sente todos os dias, na compra do mercado, na bomba de gasolina, nas contas a pagar. Quando se chega no fim do ano, todos os trabalhadores sabem que seu salário vale menos do que no começo. Cada vez mais se faz necessário que lutemos para que nosso salário pelo menos seja reajustado mensalmente seguindo a inflação, para não termos perda na nossa qualidade de vida.

Além disso, as razões apresentadas pelo Globo para o aumento nos preços de alimentos são a produção agrícola menor do que a safra recorde de 2017. A energia ficará mais cara por causa das secas que diminuem o potencial energético das hidrelétricas e obrigam o uso das termelétricas, mais caras. E a gasolina vai ver seu preço subir por conta de questões geopolíticas globais. Ou seja, segundo eles, o aumento nos custos desses setores que representam a maior parte dos gastos da população são decorrência de causas naturais, ou de fatores externos ao Brasil, querendo dizer que não há nada que possa ser feito em relação a eles.

Pensar assim é um absurdo, principalmente para os economistas e jornalistas responsáveis por essa matéria, que supostamente são estudados e sabidos, mas que estão a serviço dos governos e grandes empresários. A variação na produção agrícola influencia muito mais nossa exportação de soja do que nossa capacidade de produzir alimentos para consumo interno, ou seja, não é um fator direto no aumento do custo da comida, apenas chega nesse ponto porque se permite que especuladores lucrem com a fome. Quanto à energia, se a taxa de chuvas é menor nas cabeceiras das usinas hidrelétricas, com certeza poderiam ter sido feitos investimentos em tecnologias mais baratas de produção de energia, por exemplo na forma eólica ou fotovoltaica (solar), que hoje impactariam muito menos do que o gasto com as termelétricas. Em relação à gasolina, novamente vemos o poder da especulação atingir nossos bolsos, dessa vez combinado com o entreguismo ao capital estrangeiro: a demanda por petróleo e seus derivados poderia ser mais que suprida pelas reservas de petróleo já conhecidas no Brasil, principalmente as que estão na camada do pré-sal, cujo direito de exploração foi vendido para empresas que preferem lucrar com a especulação do que investir de verdade na extração e refino.

Ou seja, o custo de vida do trabalhador brasileiro vai aumentar porque o governo está a serviço de aumentar o lucro dos empresários, porque não investe em infraestrutura, e porque para eles o importante é manter um número no papel dentro da margem que eles querem, pouco importando se nossas vidas vão ficar cada vez mais difíceis, mas preocupado somente com seus próprios lucros milionários às custas da carestia de vida da população.




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