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CRISE NAS MONTADORAS | Indústria: lay-off e demissões

quarta-feira 6 de maio de 2015 | 02:23

A atividade da indústria continua caindo. O uso de sua capacidade instalada e a taxa de emprego nesse setor caíram durante os primeiros três meses deste ano, segundo informou nesta terça-feira a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

De acordo com um relatório divulgado por essa patronal, as vagas de trabalho na indústria caíram 0,4% no primeiro trimestre deste ano em relação aos últimos três meses de 2014 e 3,9% contra o anterior período compreendido entre janeiro-março.

Estas estatísticas se comprovam no dia a dia de importantes metalúrgicas de São Paulo. Na segunda-feira a Volkswagen anunciou férias coletivas para 8 mil metalúrgicos de sua fábrica em São Bernardo do Campo, isso depois dos trabalhadores terem revertido através de uma forte greve no começo do ano a ameaça de 800 demissões.

A General Motors de São Caetano do Sul determinou a partir de ontem (5) licença remunerada por tempo indeterminado para 467 metalúrgicos. Assim, já são 1,3 mil o número de trabalhadores afastados. Desde outubro do ano passado 854 trabalhadores estão sob o regime lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho em que os empregados continuam recebendo os seus salários em parte pagos pela empresa e em parte pelo governo federal).

Em outro caso, uma das metalúrgicas mais tradicionais de Osasco, a Meritor, começou a demitir a partir desta segunda-feira (4) cerca 240 funcionários. Eles são dos setores de produção, administrativo, manutenção e diretoria. Antes das demissões, o quadro de funcionários era de 850 pessoas.

Estes são alguns exemplos emblemáticos de uma realidade que se espelha na maioria das montadoras e metalúrgicas país afora e tende a se aprofundar no próximo período.

A CNI atribuiu esse quadro à delicada situação da economia do país, que segundo todas as projeções, até as baralhadas pelo próprio governo, fechará 2015 com uma contração próxima a 1%. A confederação patronal completa dizendo que diante da "dificuldade de reverter esse cenário adverso no curto prazo", é "provável" que tanto a oferta de emprego como o rendimento dos salários reais dos trabalhadores da indústria "sigam caindo" durante este ano.

Com esse discurso, a CNI, que congrega importante setor da burguesia nacional, tenta criar uma associação direta e “natural” entre a queda na produção e a necessidade de retirada de direitos e demissões. Na verdade, faz isso para legitimar seus ataques contra os trabalhadores e chantageia-los para que aceitem reduzir seus salários e benefícios em troca de seus empregos. Fazem isso para manter intactas suas bilionárias taxas de lucro.

Os metalúrgicos da Volkswagen de São Bernardo e GM de São José dos Campos no começo do ano mostraram que é possível manter os empregos com greves fortes que desafiem os patrões. Reverteram a ameaça de 800 e 600 demissões respectivamente. Mas diante de ameaças e chantagens que se espalham por muitas fábricas, se faz necessário um debate entre a esquerda brasileira e as centrais sindicais para refletir sobre como coordenar a luta contra as demissões e lay-off ´s que se avizinham.

EFE/ED




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