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CONTRA REFORMA TRABALHISTA | Índia: centenas de milhões de trabalhadores em greve geral

Juan Cruz FerreLeft Voice, EUA

sexta-feira 4 de setembro de 2015 | 00:00

Fotografia: EFE

A greve geral se fez sentir em todos cantos do país, com especial força em Calcutá, Kerala e Bengala Ocidental. A medida paralisou o transporte e as operações bancárias. Ainda que os protestos tenham acontecido sem incidentes na maioria dos casos, registrou-se enfrentamentos com a polícia em Bengala Ocidental, Kerala e Karnataka.

Os dez sindicatos convocantes chamaram a greve para manifestarem-se contra as medidas de reforma trabalhista impulsionadas pelo governo de Narendra Modi, líder do Partido Bharatiya Janata. Mas além disto, os sindicatos se expressaram contra as privatizações, que foram parte central do programa político de Modi desde que começou seu mandato há um ano.

Um porta-voz do Congresso de Sindicatos da Índia (AITUC, em inglês), Gurudas Dasgupta, declarou à agência EFE que "milhões de trabalhadores pararam, foi um grande sucesso". A agência de notícias da central sindical calculava em 400 milhões de trabalhadores a adesão à greve.

Narenda Modi arrasou nas eleições de maio de 2014 depois de governar por 12 anos o estado de Gujarat. A estendida corrupção do Partido Congresso Nacional Indiano e o estancamento econômico dos últimos anos pavimentaram o terreno para vencer na votação, mas o pujante crescimento econômico durante seu mandato à frente de Gujarat foi sua principal carta de apresentação. Seu modelo de governo inclui um esquema econômico favorável às empresas com flexibilização do mercado de trabalho.

Não surpreende que uma de suas principais medidas à frente do governo nacional seja atacar os direitos dos trabalhadores. A reforma proposta facilitaria a contratação e a demissão de trabalhadores por parte das empresas, e deixaria mais difícil para os empregados a sindicalização e o exercício do direito à greve.

Frente aos limites do crescimento que se apresentam na China de forma cada vez mais evidente, os olhos se voltam para a Índia como próximo local de acumulação capitalista e exploração assalariada a grande escala. Com uma força de trabalho de 480 milhões e um crescimento anual estimado da população trabalhadora urbana de 10 milhões para as próximas 4 décadas, espera-se que o mercado de trabalho indiano supere o chinês nos próximos 10 a 15 anos.

Atualmente, o setor manufatureiro representa só 16 % do PIB indiano, enquanto que na China é equivalente a 32% do PIB. A liberalização do mercado de trabalho que Modi tenta impor se inscreve neste cenário. O objetivo explícito é atrair os investimentos estrangeiros, e só há uma forma de fazer isso: oferecendo mão-de-obra barata e com escassos direitos.

No entanto, a resposta dos sindicatos não se fez esperar. A greve geral da quarta-feira passada, com grande adesão em todo o país, representa um obstáculo importante para a agenda pró-empresarial do primeiro ministro indiano.

Fonte: EFE




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