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GRÉCIA | Impulsionemos uma campanha internacional pela anulação da dívida grega

É preciso que o fracasso da estratégia de negociações do Syriza seja compreendido para a próxima fase da luta dos trabalhadores da Grécia contra a austeridade e a Troika. Que comece pela ruptura de negociações com a Troika, pelo não pagamento da dívida.

Simone IshibashiRio de Janeiro

quarta-feira 1º de julho de 2015 | 00:00

Como já foi expresso aqui o povo grego encontra-se em meio à chantagem imperialista, que almeja sujeitá-lo completamente. A troika, como é conhecida a tríade pela União Europeia, FMI e Banco Central Europeu, busca com suas exigências fazer com que o povo e os trabalhadores gregos paguem por uma crise que não criaram. E isso apesar do governo grego do Syriza ter apresentado um plano no qual praticamente 90% das exigências da troika eram atendidas, rebaixando seu programa eleitoral e concedendo cada uma das questões que em sua campanha haviam dito ser inegociáveis.

Mesmo assim, o BCE alimentou a fuga de capitais como medida de pressão contra a Grécia, enquanto o FMI tampouco abriu mão do pagamento de 1,6 bilhões de euros, que seriam retirados dos salários e aposentadorias dos funcionários públicos. Isso se combina a uma intensa campanha midiática que visa pressionar o povo grego a aceitar as condições impostas pela troika.

Frente a isso o governo do Syriza convocou um referendo que como debatemos aqui. Nesse referendo o governo grego está chamando a votar NÃO. Isso tem como objetivo fortalecer posições de Alex Tsipras numa eventual nova rodada de negociação. Que como se torna claro, não visaria negociar o não pagamento da dívida grega, questão que o Syriza já abandonou por completo, mas simplesmente condições menos draconianas de uma recessão mais controlada. Por isso há que rechaçar a ingerência imperialista da Troika sobre a Grécia, porém não se deve deixar de lado que o plebiscito, mesmo ganhando o NÃO é incapaz de resolver a situação favoravelmente para os trabalhadores e o povo grego.

Simone Ishibashi, militante do MRT e editora da revista Estratégia Internacional Brasil reforçou a necessidade de impulsionar uma ampla campanha de apoio ao povo grego, e de denúncia da chantagem imperialista, e pelo cancelamento imediato da dívida. “A Grécia vem sangrando nas mãos do imperialismo. Hoje o desemprego oficial é de 25,7%. E os planos da troika significam aprofundar isso. Há que retomar o legado da III Internacional que lutou resolutamente contra a imposição do Tratado de Versalhes sobre a Alemanha na saída da I Guerra Mundial. De maneira similar à que a Alemanha faz hoje contra a Grécia, o Tratado de Versalhes impunha uma dívida impagável, e na prática buscava transformar a primeira numa semicolonia”.

E lembrou também que essa campanha não deve ser confundida com o apoio político ao governo do Syriza, mas deve defender uma saída dos trabalhadores. “Nosso chamado visa apoiar os trabalhadores e o povo grego, e não a política do Syriza.

A importante classe trabalhadora e o povo grego tem uma enorme tradição histórica de combate, que conta com o enfrentamento à ocupação nazista, com uma revolução estrangulada pela ação do stalinismo. Agora frente à crise capitalista protagonizaram mais de 30 greves gerais. É preciso que ela aponte o caminho.

Que comece pela ruptura de negociações com a Troika, pelo não pagamento da dívida. E avance revertendo as privatizações, nacionalizando o sistema bancário contra a fuga de capitais, e expropriando os grandes grupos de capitalistas nacionais e estrangeiros. E isso ela só conseguirá se contar com o apoio ativo dos trabalhadores. Em primeiro lugar europeus,que podem chamar ações e greves em apoio contra os seus governos imperialistas que participam do saque à Grécia, mas também aqui na América Latina.

Que todas as organizações de esquerda, sindicais e de juventude que se coloquem nessa perspectiva possam discutir e organizar atos, debates e ações de apoio”.




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