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CORONAVIRUS | Ibaneis de quarentena em sua mansão no Lago Sul: como combater o Covid-19 para além das medidas insuficientes do governador?

A crise mundial criada pelo novo coronavírus é uma expressão real de decadência do capitalismo. Um sistema econômico incapaz de fornecer amparo e saúde adequados para as massas trabalhadoras, que faz com que em situações como essa os efeitos sejam muito piores. No Distrito federal e entorno não é diferente: é absolutamente compreensível o medo causado por essa doença e o governo da Capital Federal expressa com suas medidas o quanto estão muito mais interessados em proteger os lucros capitalistas do que em realmente combater e prevenir a contaminação pelo vírus.

Rosa Linh Estudante de Ciências Sociais na UnB

terça-feira 17 de março de 2020 | Edição do dia

A crise mundial criada pelo novo coronavírus é uma expressão real de decadência do capitalismo. Um sistema econômico incapaz de fornecer amparo e saúde adequados para as massas trabalhadoras, que faz com que em situações como essa os efeitos sejam muito piores. No Distrito federal e entorno não é diferente: é absolutamente compreensível o medo causado por essa doença e o GDF expressa com suas medidas o quanto estão muito mais interessados em proteger os lucros capitalistas do que em realmente combater e prevenir a contaminação pelo vírus.

Uma pandemia como essa só pode arrasar um país e seus respectivos sistemas de saúde devido a uma escolha do próprio sistema capitalista de não priorizar a saúde e o bem estar da população. No Brasil temos uma grande conquista dos trabalhadores que é ter um sistema de saúde público, contudo também é preciso dizer que este é um sistema muitíssimo precário, e que vem sofrendo uma sequência de medidas de privatização e precarização que o deixaram extremamente débil para lidar com essa crise.

A lei de teto de gastos aprovada no governo Temer foi um duro golpe na saúde pública, e num momento de crescimento da curva de infectados temos razões de sobra para nos preocupar. Isso se faz valer, principalmente, numa época em que o pensamento anticientífico passa a ter uma influência relevante pelo mundo.

Somado a isso, é importante pensar nas condições de vida do povo brasileiro e do DF, em especial, nos últimos anos: itens básicos de alimentação estão cada vez mais caros nas prateleiras dos mercados; os salários garantem cada vez menos o acesso a refeições de qualidade nutricional, que consigam garantir o sustento das famílias. Uma alimentação ruim dificulta a imunidade aumentando os riscos da infecção pelo coronavírus. Pessoas por volta dos 60 anos, idosos, estão cada vez mais desamparados sem conseguir se aposentar devido a reforma da previdência, tendo que trabalhar mais e mais – esses são o principal grupo de risco da Covid-19, sendo todos obrigados a se expor para ir atrás do mínimo. É por isso que dizemos: o sistema capitalista está mostrando mais uma vez a sua falência e precisamos agir para construir um futuro melhor no Brasil e no mundo.

É nessa perspectiva que o excelentíssimo governador Ibaneis, decretou neste sábado, 14, a suspensão das aulas e eventos públicos no Distrito Federal – agora por 15 dias. O dilema que fica exposto na realidade, é como os decretos são muito pouco para dar suporte a grande maioria do povo trabalhador do DF. Ora, se a questão é conter a propagação do COVID-19, é preciso perguntar: de que adianta propor “separação de 2 metros entre mesas de bares”, enquanto a grande esmagadora maioria da classe trabalhadora do DF e entorno ainda tem que se submeter a viagens lotadas de ônibus todos os dias? De que adianta “fechar teatros e cinemas”, “fechar academias e museus” se a grande maior parte das trabalhadoras e trabalhadores estão assustados, na linha de frente diariamente expostos, tendo que tirar de seus próprios bolsos, dos salários baixíssimo do trabalho uberizado, utensílios básicos para prevenção como máscaras, álcool-gel, etc? Diga-se de passagem, um salário que em primeiro lugar impediu que esses trabalhadores pudessem ter condições de se alimentar bem e apresentar um corpo protegido contra uma doença como essa. Bem, de certo, o povo trabalhador de Ceilândia, Gama, Valparaíso, Planaltina – estão todos preocupados em assistir um belo filme no Plano Piloto, enquanto a mídia sensacionalista passa mais e mais casos de pessoas morrendo aos montes, mundo a fora. Bem, enquanto isso nosso excelentíssimo governador vai ficar muito bem, obrigado – bem longe de grandes aglomerações, da ralé, do povo trabalhador – em sua luxuosa e requintada mansão no Lago Sul.

Essas medidas paliativas de Ibaneis são uma manifestação do patriarcado, da classe dominante escravocrata, do sentido de existência da burguesia: enquanto nosso ilustre governador toma um sol em sua mansão, - a mais cara do DF, bem longe do suor da classe trabalhadora - fazendo sua “quarentena”, milhares de mulheres, negras, trabalhadoras estão se expondo todos os dias – na limpeza, nos serviços de saúde, nas fábricas, em todo o DF.

Um verdadeiro plano de contenção da contaminação começa sim com licenças do trabalho, mas de verdade. É preciso que as empresas e o GDF paguem para que os trabalhadores possam se tratar devidamente; caso seja necessária a quarentena, que sejam mandados para centros de recuperação que cabe ao governo construir, que reabilitem os contaminados e permitam que voltem para suas casas com um organismo fortalecido. Que sejam contratadas, em massa, profissionais da saúde para impedir as imensas e desumanas jornadas às quais trabalhadoras e trabalhadores da saúde estão sendo submetidos.

O governador que é autor de ataques contra nossa classe não será o portador de saídas adequadas para essa crise sanitária. Por isso é tão importante que todos nós, trabalhadores e estudantes, donas de casa, trabalhadores de aplicativos, todos sejamos sujeitos de enfrentar essa crise social. A CUT e as demais centrais sindicais, os centros acadêmicos, o DCE da UnB, todos devem garantir que as informações científicas, os debates, cheguem aos trabalhadores e toda a população. Devemos nos reunir sem pânico porque cabe às trabalhadoras/es, a juventude, professores, decidirmos o que fazer. Reunir sem pânico e alarmismo, profissionais de saúde que estão ao nosso lado explicam como se prevenir, tomando os devidos cuidados de higiene. Nossas vidas valem mais que o lucro deles.




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