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CONFERÊNCIA DA FT | IX Conferência da Fração Trotskista - Quarta Internacional (FT-QI)

Entre os dias 28 de abril e 3 de maio ocorrerá, em Buenos Aires, a IX Conferência Internacional da corrente internacional que o PTS integra, a Fração Trotskista – Quarta Internacional (FT-CI). Também contará com a participação de delegações do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT, ex-LERQI), o Movimento dos Trabalhadores Socialistas do México, o Partido dos Trabalhadores Revolucionários do Chile, a Corrente Comunista Revolucionária do NPA da França, Classe contra Classe do Estado Espanhol, a Liga Operária Revolucionária da Bolívia, a Liga de Trabalhadores pelo Socialismo da Venezuela, o grupo RIO da Alemanha e a Juventude Revolucionária Internacionalista do Uruguai.

domingo 26 de abril de 2015 | 00:58

Nas sessões, serão abordadas a discussão a respeito da situação internacional, a dinâmica da crise capitalista, as mudanças geopolíticas, entre elas a situação no Oriente Médio à luz do balanço da Primavera Árabe, a natureza da grande potência asiática, China, e o seu papel no tabuleiro mundial e como se expressa a situação da economia mundial na América Latina.

O surgimento de fortes partidos e agrupações reformistas na Europa como o Syriza e Podemos, assim como a abertura de uma nova etapa na América Latina com a crise dos governos “progressistas” e a resistência dos trabalhadores aos planos de ajuste que estes começam a implementar, colocam para a esquerda marxista revolucionária, a urgência de dar passos decididos na construção de fortes partidos operários que possam jogar um papel de vanguarda nos combates de classe que virão, como fez o PTS nos recentes conflitos operários, como em Lear em 2014.

O projeto do diário La Izquierda Diario (em sua versão em castelhano), com uma média de mais de 30.000 visitas diárias de dezenas de países e que já se estendeu com edições próprias no Chile e Brasil e em breve, no México, é uma das ferramentas privilegiadas para este enorme desafio que assume nossa corrente internacional.

América Latina: O retrocesso dos governos “pósneoliberais” e as tarefas da organização política operária

Eduardo Molina

Um dos grandes temas que será abordado na Conferência da FT é a situação latino-americana e as tarefas e desafios que estes tempos de “fim de ciclo” reformista colocam, após uma década de governos nacionalistas e de centro-esquerda que hoje evidenciam o esgotamento de seus projetos. Isto facilita o ascenso das oposições reacionárias e o “retorno” do imperialismo, que hoje aparecem na ofensiva.

Frente à isto, se atualiza a tarefa estratégica de construção de alternativas da classe para enfrentar de modo consequente todo este avanço reacionário e abrir caminho a uma saída operária e popular para a crise capitalista.

O encontro entre Obama e Raul Castro foi o evento que marcou a Cúpula do Panamá e sintetizou seu sentido político: distensão com o imperialismo, abertura de novo “diálogo americano” apontando em direção a novos acordos econômicos e políticos diante da estratégia de sedução de Obama para devolver presença e autoridade ao imperialismo em seu “quintal”. Não é um dado menor que Raul tenha dito que Obama era um “homem honesto”, este embelezamento do papel do “prêmio Nobel da Paz que mais guerras tem em seu favor” ilustra a disposição a se reconciliar com Washington, e tenha sido saudada por toda a imprensa burguesa como um grande passo “pragmático”, com o princípio de um “anestesiamento” dos profundos sentimentos antiimperialistas dos povos latino-americanos.

Os EUA aproveitam para seus planos de “retorno” sobre a América Latina, o retrocesso dos governos “pós-neoliberais”, que giram à direita embretados pelo desgaste político, a estagnação econômica e as exigências do grande capital diante de um panorama de estagnação e crise.

Como na Venezuela, Argentina ou Brasil, “bolivarianos”, “nacionais-populares” e progressistas, aplicam políticas econômicas inflacionárias, desvalorizadoras e medidas de ajuste, que estão erodindo as condições de trabalho e de vida do povo trabalhador, enquanto abrem as portas a uma maior entrega à transnacionais. Ao mesmo tempo, se endurecem contra as reivindicações operárias e populares, recorrem à criminalização dos protestos e pactuam com setores reacionários, como as igrejas, em um rumo que distancia cada vez mais seus discursos da realidade.

Estes governos, levaram mais de uma década administrando o capitalismo dependente sem encarar soluções de fundo aos problemas estruturais da dependência econômica e financeira, a concentração da propriedade da terra, os diversos laços de subordinação ao imperialismo. Mas também, se distinguiram como “bons pagadores” e promotores do agronegócio, a mineração a céu aberto e o festim de lucros das grandes empresas e dos bancos. Se durante um tempo, tomando parcialmente algumas demandas populares, se preocuparam antes de tudo de controlar e conter ao movimento operário e de massas com algumas modestas concessões e “gasto social”, agora, se alinham cada vez mais na lógica de que a crise será paga pelo povo trabalhador.

A direita reacionária explora o retrocesso progressista e quer capitalizar seu desgaste para retornar ao governo, enquanto pressiona por ataques mais abertos ao salário, ao emprego e às condições de vida populares.

No entanto, existe uma força social de enorme potencial que pode enfrentar e derrotar os planos da burguesia e o imperialismo: a classe trabalhadora, que não somente vê suas expectativas frustradas, mas também, que sente o risco de piora de sua situação. O movimento operário, junto a setores populares e juvenis, vem dando sinais de que não está disposto a aceitar sem resistência os ataques, sejam eles “progressistas” ou neoliberais. As paralisações e lutas em fábricas na Argentina, os processos iniciados no Brasil com os protestos da juventude em junho de 2013 e a volta a greves e protestos, junto a lutas em outros países do Cone Sul são sintomáticas. Neles, estão se gestando as forças decisivas para enfrentar a reação e abrir um novo horizonte estratégico para as lutas sociais.

Se no início do século, o que ficou como marca registra foram os “movimentos sociais” de caráter plebeu ou campesino, hoje pode ganhar centralidade a classe trabalhadora, criando um eixo unificador para a aliança operária e popular na perspectiva de respostas revolucionárias aos problemas do continente.

Nestas lutas ao calor da experiência política com os projetos de colaboração de classes "nacional e popular", também fez surgir camadas avançadas que podem tomar em suas mãos as bandeiras do anti-imperialismo consequente, de um programa para que a crise seja paga pelos capitalistas e assumir a tarefa de lutar pela independência política da classe operária em se conjunto.

Neste sentido, se destaca a experiência argentina, onde se combinam a luta por um sindicalismo classista, de esquerda e o surgimento da FIT como um polo de independência política dos trabalhadores com um importante peso eleitoral em nível nacional.

O Esquerda Diário está se convertendo em um instrumento de difusão das ideias socialistas a nível regional, com suas edições na Argentina, Chile, Brasil e México, para chegar a centenas de milhares de leitores. ED deve ser também uma grande tribuna para que a luta anti-imperialista seja tomada em suas mãos pela classe operária do continente, para forjar a necessária unidade econômica e política entre nossos países, numa Federação de Repúblicas Socialistas da América Latina, buscando a aliança com os trabalhadores norte-americanos contra o inimigo comum imperialista.

Como avançar nestes e outros desafios, é o tema que será abordado na Conferência, com o objetivo de construção de uma esquerda revolucionária dos trabalhadores a nível latino-americano, como parte da luta por um movimento internacional pela revolução socialista (que para nós implica a reconstrução da Quarta Internacional).




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