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QUESTÃO NEGRA | Historiador lança livro sobre trajetórias de mulheres negras em Maceió, na segunda metade do sec. XIX

Alagoas, segundo pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - Ipea (2013) é o estado mais perigoso para negros. Em sua capital, Maceió, o Mapa da Violência no Brasil de 2016 registrou que 898 pessoas foram mortas nos últimos 6 meses, e apenas 2 eram brancas. Nesse cenário, será lançado um livro que contribui para o debate sobre a luta da população negra local, focando em trajetórias de mulheres negras que lutaram contra a escravidão.

quarta-feira 14 de setembro de 2016 | Edição do dia

O historiador Danilo Luiz Marques, autor do livro “Sobreviver e Resistir: os caminhos para liberdade de escravizadas e africanas livres em Maceió (1849-1888)”, publicado pela editora Nova Letra - sendo o resultado das pesquisas realizadas no mestrado em história social pela PUC-SP, fez tal estudo visando contribuir para o debate em torno da presença africana em Alagoas, a partir de sua capital, mas não apenas como fato pertencente a um passado inerte e isolado, e, sim, como uma pequena contribuição para buscar entender os índices de violência e pobreza que envolvem a população negra local, e que se devem a uma história complexa de dominação e resistência secular.

A obra teve por objetivo estudar as experiências de vida de africanas livres e escravizadas em Maceió durante o período de 1849 a 1888, evidenciando a luta por sobrevivência e resistência dessas mulheres que viveram a conjuntura dos últimos momentos da escravidão no Brasil.

Através de uma leitura a contrapelo dos documentos analisados, foi possível encontrar os fragmentos de vidas das escravizadas e africanas livres – imergindo na batalha diária destas mulheres em busca de suas sobrevivências e na luta contra a escravidão. A maioria das africanas desembarcadas eram levadas a Maceió para prestarem serviços domésticos, trabalhar em instituições públicas ou realizar vendas pelas ruas como “escravizadas de ganho”. As mulheres negras realizavam várias tarefas, pois o mundo do trabalho feminino era amplo e envolvia muitos ofícios, como: lavar, engomar, cozinhar e vender quitutes, marcando o quotidiano da cidade de Maceió. Neste sentido, foi possível compreender quais eram as práticas exercidas pelas africanas livres e escravizadas para se emanciparem ou alforriarem, tendo, assim, uma parcela importante para a eclosão do fim do regime escravista no Brasil.

Um ano após as “comemorações” em torno do bicentenário de Maceió, e um ano antes de comemorarem os “200 anos da emancipação Alagoana”, “Sobreviver e Resistir” é um contraponto à história factual de Alagoas, que é dotada de um ranço oligárquico, que privilegia personagens históricos advindos da classe senhorial, cujos sobrenomes reinam as famílias Calheiros, Lyra, Mello, Vilela, Albuquerque, Beltrões, entre outros. O lançamento está marcado para a última semana de setembro de 2016 em Maceió, com data e local a definir pelo autor.


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