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HAITI | Haiti: renunciou o primeiro ministro que tentou aplicar o ajuste do FMI

A renúncia veio logo que seu governo passou a enfrentar a crise gerada pelos protestos contra o anúncio de uma alta no preço dos combustíveis e que conseguiram frear a medida.

segunda-feira 16 de julho de 2018 | Edição do dia

O presidente haitiano, Jovenel Moise, aceitou esse sábado a demissão apresentada pelo primeiro ministro, e pouco depois publicada em sua conta do Twitter: “O primeiro ministro Jack Guy Lafontant me entregou a sua renúncia. Ao mesmo tempo, aceitei a renúncia do Governo”. “Aproveito essa oportunidade para agradecer ao Sr. Lafontant e a todos os membros do gabinete pelos serviços prestados a nação”, acrescentou o presidente.

A demissão do primeiro ministro do Haiti, Jack Guy Lafontant, e de seu gabinete ministerial, veio logo que seu governo passou a enfrentar a crise gerada pelos protestos contra o anúncio de uma alta no preço dos combustíveis, que o Governo deixou sem efeito após a pressão social.

Lafontant devia enfrentar nesse sábado a Câmara de Deputados, uma sessão convocada para decidir se o Parlamento iria retirar o seu voto de confiança no primeiro ministro, ainda que sua renuncia ao cargo aconteceu durante o debate, sem a necessidade de levar a votação prevista.

O país se encontra sem um Governo em funcionamento, ainda que o gabinete recém demitido poderá atuar em caso de emergência, mas sem a possibilidade de tomar qualquer decisão.

A gestão do primeiro ministro Lafontant vinha sendo questionada há algum tempo, porém o anúncio de aumentos entre 37% e 50% no preço dos combustíveis foi a gota que transbordou o copo. Mobilizações, protestos e bloqueios de rua foram a resposta imediata nas principais cidades do páis contra a medida ditada pelo FMI.

Haiti, que ainda tenta superar a situação gerada em 2010 pelo terremoto que deixou mais de 300.000 mortos, devia enfrentar o plano de austeridade que o FMI impôs a ilha. O aumento dos combustíveis, entre eles o querosene, muito utilizado para aquecer as casas haitianas de amplos setores de baixo poder aquisitivo, mostra que o tarifaço veio para afetar os setores mais pobres.

Os protestos e manifestações obrigaram, um dia depois do anúncio, o Governo a deixar sem efeito a medida, que foi produto de um acordo firmado com o Fundo Monetário Internacional (FMI), órgão imperialista que propôs a eliminação gradual dos subsídios a esses produtos.

Os efeitos do ajuste e dos planos de austeridade que impõe o FMI se expressaram em todos os continentes. Desde a Argentina, passando pelo Haiti, Jordânia e Grécia, o resultado é semelhante e afeta diretamente aos trabalhadores e o povo pobre, em benefício dos setores que concentram a economia e do capital internacional.




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