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ESCOLA SEM PARTIDO | Grêmio de escola pública em Campinas organiza debate sobre o “Escola Sem Partido”

terça-feira 24 de outubro de 2017 | Edição do dia

Desde meados do ano de 2017, na Câmera Municipal de Campinas, impulsionado pelo Tenente Santini (PSD), o Projeto “Escola Sem Partido” vinha sendo imposto e aprovado com medida de urgência contra as escolas de Campinas. Em contraposição, após intensas manifestações de alunos, professores, pais e a comunidade em geral, foi revogada a medida de urgência, mas sem eliminar a possível aprovação futura. Em meio a esse senário, o Grêmio estudantil da escola estadual Jóse Maria Matosinho se colocou contra o projeto, incluindo como proposta divulgar e debater com a comunidade escolar sobre o assunto.

Nessa semana, segunda-feira (23), com os 8° anos, foi realizado o primeiro debate “Projeto “Escola Sem Partido”: O que é? O que quer? Duas visões sobre o projeto”, onde a mesa foi composta por um professor da escola Matosinho favorável ao projeto e um professor da Faculdade de Educação da Unicamp, Lalo Watanabe Milton, do departamento de Filosofia e História da Educação, contrario ao projeto, sendo mediados por uma representante do Grêmio Estudantil, Monnike Moterani. Os debatedores se apresentaram e deram inicio aos argumentos.

A proposta do debate é justamente divulgar o projeto que vem sendo aprovado em todo o Brasil sem se quer consultar a população. Em sentido contrário, o Grêmio Estudantil se propôs a organizar debates durante um período de tempo, justamente para mostrar que ao contrario dos favoráveis ao projeto que defendem a censura dos debates nas escolas, na luta contra o projeto é defendido que se debata, argumente e os estudantes sejam cada vez mais sujeitos de uma escola que deveria ser sua.

É incontestável reconhecer que nas escolas em geral, inclusive nas particulares, existe uma série de falhas do sistema educacional, mas principalmente nas escolas públicas, além de um sistema educacional ultrapassado e falhas no processo pedagógico, os alunos ainda sofrem com a falta de verbas, que causa a falta de materiais didáticos, merenda, materiais básicos, materiais de limpeza, infraestrutura, etc. Sendo que para cortar gastos necessários, ainda é feito a parceria público privado que terceiriza os funcionários da limpeza e da merenda, tornando um trabalho majoritariamente de mulheres e negras ainda mais precário.

Fora as questões básicas do ensino, os estudantes convivem com uma parcela de diversidades culturais, sócias e econômicas dentro de um mesmo ambiente, dando origem muitas vezes a conflitos e preconceitos, originados de um Brasil fundado na intolerância, e que a escola pouco está preparada e se dispõe a revolver. As opressões contra a mulher, ao negro e aos LGBTs, que sempre estiveram na escola, e que provocam a evasão de muitos alunos, só serão resolvidas no dia que os próprios alunos tomarem a frente e se enxergarem quanto sujeitos políticos em suas escolas, assim como foram às ocupações de 2015 contra a reorganização escolar em São Paulo.

O Projeto “Escola Sem Partido”, na verdade, é apenas mais um ataque a educação publica no país, que também sofre com a aprovação da reforma do Ensino Médio, a aprovação da PEC do corte de gastos e o fechamento de salas que acontece por debaixo dos panos. Sendo que a juventude pobre das escolas públicas ainda vê seu futuro comprometido com a aprovação da Reforma Trabalhista e da Reforma da Previdência.

Esse foi o primeiro debate de muitos que virão, sendo uma iniciativa importante não apenas para democratizar a discussão sobre o projeto, mas mostrar para os estudantes que eles podem e devem opinar sobre as questões que interferem não só na escola, mas na sua formação e de milhões de outros estudantes. O contrário do Projeto “Escola Sem Partido” não é “Escola Com Partido”, e sim, escola democrática que possibilite os estudantes serem sujeitos.




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