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SERVIDORES PÚBLICOS | Grande mídia propõe pacto entre os poderes para cortar salário de servidores

Não contentes com a aprovação da MP da Morte de Bolsonaro, a Folha de São Paulo publicou uma matéria sugerindo que o Congresso aprovasse o corte de salário também no setor público, supostamente como medida para arrecadar fundos ao combate ao vírus.

Ítalo GimenesMestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

domingo 12 de abril de 2020 | Edição do dia

A MP da Morte autorizou os patrões a suspenderem os contratos de trabalho e cortarem até 70% dos salários e da jornada dos trabalhadores do setor privado durante a pandemia, alegando que com isso estaria salvando empregos, mas na realidade foi o lucro do patrão que terminou garantido.

Uma medida que aproveitou a pandemia para atacar ainda mais os direitos trabalhistas, fortalecendo o poder de chantagem e de pressão das patronais contra os seus empregados. Nesse contexto, significa criar um medo maior na população da fome do que do próprio vírus.

Agora a Folha de São Paulo quer expandir essa chantagem para o setor público, propondo a redução de jornada com redução de salário para os servidores públicos. Em matéria publicada nesse sábado, convoca o todos os poderes da república a avançarem com medidas como essa aos servidores federais, estaduais e municipais.

Desde antes do coronavírus, esse jornal, concordando com Bolsonaro, Maia e os militares, apoiava a aprovação de uma Reforma Administrativa, que previa justamente a redução da jornada com redução salarial dos servidores. Novamente propõem, com a justificativa do vírus, aprofundar ataques que já vinham aplicando.

Segundo essa lógica, quem deve pagar pela epidemia são os rendimentos dos trabalhadores, agora os professores e também trabalhadores da saúde, justamente os que estão na linha de frente do combate à pandemia. É escandalosa essa ideia que os representantes da classe capitalista, que defendem que os grandes empresários, os bancos, precisam ser salvos com injeção de R$ 1,2 trilhão em “liquidez” ou com o estado bancando seus gastos com salários.

Enquanto isso, a falta de leitos já começa a ser sentida, não há testes sequer para os trabalhadores da saúde, que estão batalhando pela nossa sobrevivência sem EPIs. A população segue sendo demitida e não se divulga o quanto, nos marcos de que nos EUA já são 15 milhões de novos desempregados, no Brasil certamente não estará melhor, com alguns cálculos falando em cerca de 5 milhões de desempregados.

Uma pesquisa do Instituto Locomotiva, publicada no Estadão, aponta que 51% das pessoas afirmam ter perdido renda e que já estão contingenciando seus gastos. Enquanto isso, assistimos longa demora para cair os insuficientes R$ 600 reais oferecidos pelo governo, que já negou mais de 20 milhões de pessoas.

A Folha de São Paulo, e toda a grande imprensa, convocam a "unidade" para seguir fazendo com os trabalhadores paguem por essa pandemia, tirando diretamente do seu bolso, enquanto a dívida pública segue sendo paga a cada dia, que garante unicamente os milhões mensais dos grandes bancos, lucrando na quarentena dos seus palácios.

É urgente exigir o não pagamento dessa dívida, a taxação das grandes fortunas e dos lucros capitalistas, pois são vidas que poderiam ser salvas sendo descartadas por conta da falta de itens básicos no combate ao vírus. Não há sequer testes massivos para nortear o combate a doença, quantos leitos, respiradores e trabalhadores precisamos conseguir agora. Já faltam leitos em locais, como no Amazonas, onde nem se chegou ao pico da doença.

Além disso, contra essa ofensiva da patronal, apoiado pelos grandes jornais e os seus representantes como Bolsonaro, a ampla maioria no Congresso, nos estados e municípios, de atacar os nossos empregos, salários e direitos trabalhistas, é fundamental a exigência de que sejam proibidas as demissões, que deveria estar partindo das próprias centrais sindicais, CUT e CTB para falar das maiores.




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