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quinta-feira 7 de maio de 2015 | 00:01

"Acho que as medidas (de ajuste) são o caminho: é necessário produzir mais, investir e, digamos, gastar menos em coisas que não são essenciais", afirmou Machete a jornalistas depois de um almoço com empresários portugueses e brasileiros na Câmara Portuguesa de Negócios, no terceiro de seus quatro dias de visita ao Brasil. No Brasil ou em Portugal, “coisas que não são essenciais” tem significado direitos dos trabalhadores, com cortes em gastos com educação, aumento da terceirização, e no caso de Portugal, diretamente com privatizações, como foi com a CTT (Correios português) e agora da TAP (companhia aérea)

Machete elogiou o principal objetivo econômico do governo neste ano, alcançar um superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB).

O ministro afirmou à Agência Efe que a perspectiva de contração da economia brasileira (a previsão é de crescimento negativo de 1% este ano) "pode ser minimizada".

"Isso depende das medidas adotadas, da evolução do mercado mundial, da sorte e da vontade dos brasileiros. Confiamos que o Brasil terá essa capacidade", disse.

Durante seu discurso para empresários em São Paulo, Machete disse que Portugal "deixou para trás a recessão" e está atraente para os investidores brasileiros.

"Existe uma ampla margem para que o volume de investimentos brasileiros em Portugal aumente ainda mais", ressaltou o ministro.

O chanceler afirmou que os empresários brasileiros estão, em 2015, em segundo lugar nas autorizações concedidas para investir em Portugal, e destacou o desembarque com força de empresas como Embraer, o grupo Intercemento-Camargo Corrêa e O Boticário.

Para Portugal, o mercado de 200 milhões de pessoas do Brasil é estratégico para as exportações. O país é o terceiro maior mercado de destino fora da União Europeia, somente atrás dos Estados Unidos e de Angola, e o número 1 na América Latina.

"O número de empresas portuguesas que exportam para o Brasil cresceu de forma significativa, de 1.100 em 2009 para 1.740 em 2013", ressaltou Machete, ao elogiar a criação de um novo fórum de negócios em São Paulo destinado a atrair pequenas e médias empresas portuguesas para a capital paulista.

Antes do encontro com empresários, o chanceler visitou o Museu da Língua Portuguesa, e destacou que por atrás do inglês e do espanhol, a língua de Camões é a que mais ganha relevância no mundo dos negócios emergentes graças a países como Brasil, Angola e Moçambique.

"Temos esse diferencial na língua portuguesa: geopoliticamente estamos presentes em quatro espaços, como Europa, América, África e Ásia", ressaltou.

O ministro destacou que o português é a quinta língua mais falada no mundo (por 254 milhões de pessoas, 3,7% da população mundial), a quinta mais usada na internet, com 122 milhões de usuários, a terceira no Facebook e a quarta no Twitter.

O ministro também defendeu a troca científica e acadêmica para o desenvolvimento dos países membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Timor-Leste, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Guiné Equatorial).

A visita de Machete ao Brasil termina amanhã em São Paulo, depois de ter visitado também Brasília e Rio de Janeiro.

Em abril, foi o vice-presidente brasileiro,Michel Temer, quem visitou Portugal e elogiou os ajustes naquele país. Mais uma vez, por traz dos discursos, o que está em jogo é como superar a crise do ponto de vista dos capitalistas, aumentando os negócios entre os empresários brasileiros e portugueses, enquanto os trabalhadores perdem direitos e empregos.




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