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ERROS NO ENEM E ABSTINÊNCIA SEXUAL | Governo prefere reprimir sexualmente a juventude a solucionar erros do Enem

Erros no ENEM e a tenebrosa política arcaica de Damares Alves de abstinência sexual: o governo brinca com a vida de milhares de jovens que sonham em ingressar na universidade enquanto se orgulha de reprimir sexualmente a juventude e irresponsavelmente fecha os olhos para a necessidade de prevenção.

quarta-feira 29 de janeiro de 2020 | Edição do dia

2020 já começou com grande descaso de Weintraub em relação ao sonho de milhares de jovens de furar o filtro social do vestibular e ingressar na universidade. Os erros técnicos na correção da prova e declarações como a de Jair Bolsonaro de que a situação é “complicada” mostra que a vida e o sonho desses jovens não importam, pois seu projeto é tornar a universidade cada vez mais elitista enquanto a juventude pobre e negra é privada de ter o ensino superior e forçada a viver com trabalhos precários e nenhum direito.

Ao mesmo tempo, enquanto brinca com o sonho desses jovens em ter um diploma, o governo através da política de Damares Alves, pastora evangélica e ministra da Mulher, da família e dos Direitos Humanos, está defendendo uma campanha de abstinência sexual com o lunático pensamento de que isso servirá para prevenir gravidez na adolescência. Como argumento, Damares afirma que isso evitará “comportamentos antissociais ou delinquentes”. Na verdade, essa política é uma imensa falta de responsabilidade pois alimenta uma ilusão de que os jovens deixarão de se relacionar sexualmente, e abdica de impulsionar campanhas de prevenção.

Na campanha o governo está decidindo não abordar métodos contraceptivos como DIU ou pílula do dia seguinte por puro conservadorismo, retrocedendo em avanços científicos e deixando os jovens vulneráveis a doenças sexualmente transmissíveis e a casos de gravidez indesejada que podem culminar em aborto, que no Brasil é crime, o que coloca as mulheres em situação ainda maior de risco.

Além dessa série de irresponsabilidades, a campanha que terá início em fevereiro é reacionária pois busca difundir um pensamento que reprime os jovens sexualmente, atacando o direito que todos têm descobrirem seus próprios corpos e colocando as relações sexuais ainda mais como um tabu. Isso difunde um pensamento de que descobertas no sexo e no prazer são problemas morais, buscando ir mais a fundo no discurso de “meninas usam rosa e meninos usam azul” e ignorando que experiências sexuais na adolescência, que quer Damares queira ou não, continuarão acontecendo.

Assim, acaba promovendo uma retomada da ofensiva da década de 80, auge do preconceito e estigma da comunidade da diversidade sexual sob a suposta "peste gay", enquanto a Igreja Católica discursava sobre a abstinência sexual como método preventivo às ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), o que significava apagar toda sexualidade subversiva que questionava não apenas a moral da época, mas um sistema de exploração e opressão que impede, até os dias de hoje, a liberdade sexual. A educação sexual em todas as escolas, laica, gratuita e de qualidade, é uma necessidade urgente.

O governo repleto de reacionarismo e descaso com os jovens coloca como prioridade arbitrar se a juventude pode ou não transar enquanto dificulta seu ingresso nas universidades com os erros no Enem. Ao invés de ter um árbitro em nossa vida sexual, é necessário impulsionar uma apuração independente da justiça que afirmou que os entregadores do iFood, onde está a juventude mais precarizada do país, não têm vínculo empregatício. A investigação deve ter participação das entidades estudantis, sindicais, professores e representantes dos movimentos sociais para assegurar que de fato se busque resolver o drama de milhares de estudantes e a garantia da lisura do processo o mais rápido possível.

É preciso lutar por uma educação que sirva aos trabalhadores e à população pobre, pelo acesso direto às universidades sem pagar, sem vestibular e pela estatização das universidades privadas que multiplicam os lucros dos monopólios da educação, para que todos tenham o direito de estudar - ao contrário da declaração da UNE, expressa por seu presidente, Iago Mantovão, que defende esse vestibular como forma de democratização do acesso.




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