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PRIVATIZAÇÕES | Governo planeja arrecadar R$ 120 Bi em ´Desestatizações` e outros eufemismos

Allan CostaMilitante do Grupo de Negros Quilombo Vermelho - Luta negra anticapitalista

quarta-feira 20 de julho de 2016 | Edição do dia

O Jornal Estadão publicou ontem (19) matéria referente ao valor estimado em R$120 Bilhões que o governo federal espera arrecadar através de um termo que chamaram de "desestatizações". Se trata de uma longa lista de oportunidades para a burguesia tomar conta de serviços importantes de setores vitais para a economia e logística do país. O termo "desestatização" é usado junto com outros inúmeros eufemismos que, na realidade, significam apenas uma coisa: Privatizações!

Esse valor foi estimado pelo próprio jornal através, segundo ele mesmo diz, de um informante não identificado, e seria alcançado através de "privatizações, vendas de ativos, securitizações e aberturas de capital". Na prática medidas que quando não passam totalmente o controle de empresas estatais para a burguesia, o fazem parcialmente, tornando essas estatais reféns destes investidores estrangeiros.

Não é de surpreender que o Estadão esteja adotando essa linha, a mídia burguesa em geral parece vir se esforçado para pintar um quadro geral do governo Temer como de melhoras na economia e avanços, tentando esconder o que realmente é, reforçando assim as alianças golpistas entre eles. Essa postura se justifica quando recobramos o discurso da equipe de Temer que via a saída para o quadro econômico do país por três vias: a) Corte de gastos, b) Privatizações e c) Aumento de impostos. Sobre essas alternativas, sabemos muito bem que cortes de gastos e privatizações significam demissões, cortes em salários e piora na prestação de serviços, afetando diretamente os trabalhadores. O que o Estadão parece fazer é reforçar a segunda alternativa (privatizações) por ser justamente essa a que mais interessa à burguesia internacional, ao contrário do aumento de impostos, odiado pela turma da FIESP e cia, maiores sonegadores do país.

O que parece que se encaminha é um plano já desenhado por Temer desde que este assumiu seu mandato através do golpe quando dizia que "O estado deve transferir para o setor privado tudo o que for possível em matéria de infraestrutura". Conforme viemos acompanhando aqui pelo Esquerda Diário, o processo de privatização dos aeroportos de Fortaleza, Florianópolis, Salvador e Porto Alegre já está encaminhado com uma dezena de empresas interessadas, sendo uma delas a espanhola Ferrovial que já disse não estar disposta a ser sócia minoritária em nenhum negócio, deixando claro que entra na disputa para controlar majoritariamente esses aeroportos.

Mas o setor que é a grande "menina dos olhos" dentro deste plano de privatizações é o de Energia que pode render sozinho, segundo o jornal, R$ 50 bilhões. De fato, apenas as usinas hidroelétricas de São Simão, Jaguara e Miranda, que já estão em vias de serem entregues à privatização, devem render R$ 10 bilhões. Isso sem falar na Petrobrás, vitima da sangria de políticos corruptos e da Lava-Jato que se desvalorizou em níveis recordes e que agora assume-se que deve ser privatizada "em fatias", provavelmente para disfarçar o entreguismo daquela que já foi considerada um tesouro brasileiro. E em se tratando de tesouro, o que dizer da privatização dos campos de petróleo e Gás do Campo de Libra, que estimas-se que valham mais de R$ 20 Bilhões? Vale lembrar, inclusive, que estas privatizações já estavam previstas desde o governo Dilma que as chamava de "Desenvestimentos".

Os argumentos usados são de que essa série de medidas "desestatizantes" viriam não só a render dinheiro para o governo através de suas vendas, mas também em forma de economia de gastos, uma vez que com empresas de fora investindo em uma parte ou tomando conta através de concessão dessas estatais, haveria uma economia de recursos dessas empresas, até mesmo a coleta de imposto de renda dessas negociações é usada para embelezar essas privatizações.

Como já dito, pra além dos discursos floridos do governo, mídia e empresários, sabemos bem que as privatizações representam um enorme ataque ao conjunto dos trabalhadores enquanto grandes empresários faturam rios de dinheiro consumindo sem a menor preocupação os recursos e riquezas do pais e causando todo tipo de impactos devastadores, basta nos lembrarmos do caso recente da tragédia de Mariana causada pela negligência criminosa da Samarco. Barrar esses ataques deveria estar na pauta do dia das grandes centrais sindicais mas, à exemplo de CUT e CTB, essas se negam a construir ativamente e na base dos trabalhadores esses processos de resistência, restringindo-se primeiro à bravata de que barrariam o golpe "com luta" e depois aceitando passivamente os ataques em nome de uma "oposição responsável" proposta pelo petismo. É necessário um plano de lutas efetivo para barrar essas privatizações e defender os milhares de empregos que estão em jogo direta e indiretamente, além de colocar essas estatais à serviço e sobre controle daqueles que mais precisam e entendem sobre elas, os trabalhadores.




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