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PREÇO DOS ALIMENTOS | Governo Bolsonaro afirma que a redução do auxílio levará à redução do preço dos alimentos

Com o preço do pacote de arroz chegando a mais de 10% do valor do auxílio emergencial, reduzido a R$300 reais por Bolsonaro e Guedes, a equipe econômica do governo federal justifica a falta de intervenção do Palácio do Planalto na baixa e congelamento do preço dos alimentos.

sábado 12 de setembro de 2020 | Edição do dia

Foto: Paulo Guedes e Jair Bolsonaro. BBC.com

Essa semana Bolsonaro pode dizer que “interviu” para a redução do preços dos alimentos – um escândalo nacional sentido por milhões de família cotidianamente – porque pediu patriotismo por parte dos empresários dos supermercados, como se, por benevolência, fossem reduzir o preço dos alimentos. Confiando nesse suposto patriotismo, a equipe econômica do governo afirmou ontem que a redução do auxílio emergencial leva, consequentemente, à redução dos preços nos supermercados.

O contexto é a defesa de que o Palácio do Planalto não intervenha para a baixa do preço dos alimentos, deixando por conta das leis do mercado atuarem “para o bem de todos”. A lógica da equipe econômica de Bolsonaro se baseia na lei da oferta e da procura: recebendo a metade do que recebiam no último mês, as famílias terão reduzido muito seu poder de compra, o que prejudica os donos dos supermercados, fazendo com que abaixem os preços para voltar a vender. Com isso, minimizam o fato de que a alta dos preços está ligada com o valor das exportações, e que para os grandes latifundiários e empresários dos alimentos tem sido mais vantajoso vender nossos recursos naturais para outros países e reduzir, propositalmente, o consumo no Brasil.

Sobre isso, a avaliação da equipe é de que a combinação de maior poder aquisitivo no Brasil com a alta das exportações, com dólar em alta, desestabilizou a economia interna, causando problemas de desabastecimento. E, portanto, com a redução do auxílio emergencial pela metade “Vamos ter uma necessária arrumação na casa neste momento. A pandemia do novo coronavírus desestruturou várias cadeias produtivas. Aos poucos, voltaremos à normalidade” – disse um dos técnicos do governo. Mas esse maior poder aquisitivo foi circunstancial e não atingiu, por exemplo, 93mil famílias que, por erro do governo, não receberam nem o auxílio nem o Bolsa Família em agosto.

Essa lógica perversa desconsidera que até que os empresários sintam no bolso o impacto da redução do poder de compra de milhões de famílias, várias delas estarão passando fome. Os técnicos comparam o desabastecimento da indústria civil com o da indústria alimentícia, afirmando que o menor poder de compra dará folga aos empresários do ramo, fazendo com que aumentem a oferta e, com isso, os preços baixem. Mas não se trata de tijolos, e sim de alimentos.

Por isso, é criminoso que não haja, urgentemente, um congelamento do preço dos alimentos, no valor que tinham antes de começar a pandemia. Além disso, o auxílio emergencial deveria ser de R$2000 – a média salarial no Brasil antes da mais recente onda de demissões e redução de salários. A proibição das demissões e a redução da jornada de trabalho sem redução dos salários permitia estancar e reverter o crescente número de desempregados, que sofrem o drama de não saber até quando podem alimentar suas famílias.

Fonte: Estado de Minas




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