A senadora da oposição assumiu a presidência em um Senado semi-vazio e em meio a mobilizações em La Paz. Morales disse que "o golpe foi consumado".
quarta-feira 13 de novembro de 2019 | Edição do dia
Na tarde de terça-feira, a senadora da oposição Jeanine Añez se declarou "presidente provisória" da Bolívia. Ele fez isso em uma sala da Câmara dos Senadores semi-vazia, devido à ausência dos parlamentares do MAS que solicitaram garantias de reunião.
O incidente ocorre no mesmo dia em que Evo Morales chegou ao México, onde pediu asilo, depois de renunciar no meio de um golpe de estado civil, policial e militar.
Em uma manobra fraudulenta e no Senado sem quorum, Añez citou o artigo 169 da Constituição boliviana para proclamar-se presidente. Em seu discurso, ela disse que as "novas eleições" na Bolívia ocorrerão após a nomeação do novo Tribunal Eleitoral.
Ele então fez um discurso nos degraus do Senado, onde agradeceu à polícia, às Forças Armadas e à Igreja. Mais tarde, ela fez isso na varanda do Palácio do Governo, cercado por algumas das referências do golpismo nas últimas semanas, como o líder do Comitê Cívico de Cruceño, Luis Fernando Camacho. Com uma Bíblia na mão, disse "nossa força é Deus" e cantou com seus seguidores "Sim, poderia".
"La Biblia vuelve a Palacio", dice Jeanine Áñez. La senadora, quien se declaró presidenta de #Bolivia, se dirigió al antiguo Palacio de Gobierno levantando una Biblia.https://t.co/3kh3o0KNGP pic.twitter.com/EVF4N85VPi
— CNN Argentina (@CNNArgentina) 12 de novembro de 2019
Tradução: "A Bíblia retorna ao palácio", diz Jeanine Áñez. A senadora, que se declarou presidente da #Bolivia, foi ao antigo Palácio do Governo levantando uma Bíblia
Um dos primeiros a parabenizá-la foi o ex-candidato à presidência e impulsionador do golpe, Carlos Mesa.
Felicito a la nueva Presidenta Constitucional de Bolivia Jeanine Añez. Nuestro país consolida con su posesión, su vocación democrática y la valentía de una gesta popular legítima, pacífica y heroica. Todo éxito en el desafío que afronta. Viva la Patria!!!!!
— Carlos D. Mesa Gisbert (@carlosdmesag) 12 de novembro de 2019
Tradução: Parabenizo a nova Presidente Constitucional da Bolívia Jeanine Añez. Nosso país se consolida com sua posse, sua vocação democrática e a coragem de uma ação popular legítima, pacífica e heroica. Todo o sucesso no desafio que você enfrenta. Viva a pátria!!!!!
O mesmo fez o líder da direita golpista de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, que disse que suspenderá suas medidas a partir da meia-noite.
#LoÚltimo "Tenemos nueva Presidenta, se suspende el paro a la medianoche", dice el presidente del Comité Pro Santa Cruz, Luis Fernando Camacho. Vía Unitel
— La Razón Digital (@LaRazon_Bolivia) 12 de novembro de 2019
Tradução:"Temos uma nova presidenta, a greve é suspensa à meia-noite", diz o presidente do Comitê Pro Santa Cruz, Luis Fernando Camacho.
A manobra de fato ocorre no meio de importantes mobilizações que chegaram de El Alto a La Paz. Alguns minutos após a "autoproclamação", as forças repressivas começaram a avançar sobre os manifestantes.
Evo Morales, o presidente deposto que solicitou asilo no México, denunciou que "o golpe foi consumado".
Se ha consumado el golpe más artero y nefasto de la historia. Una senadora de derecha golpista se autoproclama presidenta del senado y luego presidenta interina de Bolivia sin quórum legislativo, rodeada de un grupo de cómplices y apañada por FFAA y Policía que reprimen al pueblo
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) 12 de novembro de 2019
Tradução: O golpe mais astuto e nefasto da história foi consumado. Uma senadora de direita golpeia a si mesma como presidente do senado e depois presidente interina da Bolívia sem um quorum legislativo, cercada por um grupo de cúmplices e liderada pelas forças armadas e pela polícia que reprimem o povo.
Assim que as notícias foram divulgadas, as principais referências da Frente de Izquierda repudiaram os fatos.
No se puede reconocer la "presidencia" de facto de Añez puesta a dedo por los golpistas. Todo nuestro apoyo a la resistencia del pueblo boliviano contra el #GolpeDeEstadoEnBolivia
— Nicolas del Caño (@NicolasdelCano) 12 de novembro de 2019
Tradução: Não se pode reconhecer a "presidência" de fato de Añez escolhida a dedo pelos golpistas. Todo o nosso apoio à resistência do povo boliviano contra o #GolpeDeEstadoEnBolivia
No se puede reconocer una presidencia puesta por los golpistas.
Apoyamos la resistencia del pueblo.
No hay que permitir que el golpe de asiente.#Bolivia— Myriam Bregman (@myriambregman) 12 de novembro de 2019
Tradução: Não se pode reconhecer uma presidência definida pelos golpistas. Apoiamos a resistência do povo. Não se deve permitir que o golpe seja aceito. #Bolívia
Durante esta terça-feira, ocorreram mobilizações maciças de setores populares e vizinhos de El Alto. Milhares marcharam até La Paz para exigir respeito por suas conquistas ganhas com sua luta e em repúdio a uma oposição que mostra o que é, quando queimou a wiphala em uma clara demonstração de racismo.
Milhares de pessoas que chegaram e cercaram as seis entradas da praça Murillo, o centro político do país, finalmente instalando uma vigília para pedir ao congresso que lesse suas demandas, entre as quais a renúncia de Camacho, Mesa e também a recente autoproclamada presidenta Añez. No momento em que escrevemos essa nota, uma repressão brutal contra a vigília instalada na capital começa a ser desencadeada.