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INTERVENÇÃO MILITAR | General saudosista defende uma nova ditadura militar

O ex-chefe do Estado Maior do ministério da Defesa e general da reserva Rômulo Bini Pereira, reivindicou a ditadura militar como saída para a crise política que envolve os três poderes da República. Rômulo Bini escreveu um artigo no jornal O Estado de São Paulo, onde defende que “se o clamor popular alcançar relevância, as Forças Armadas poderão ser chamadas a intervir, inclusive em defesa do Estado e das instituições”.

sexta-feira 16 de dezembro de 2016 | Edição do dia

Rômulo Bini foi um dos militares das gerações que atuaram durante a ditadura militar. Em seu artigo, ele analisa a situação política brasileira, critica o Congresso Nacional e até o governo. De acordo com ele, a elite política brasileira empurra o país para o brejo. Com o título de ’’Alertar é Preciso 2’’, o artigo do general fala que as Forças Armadas serão a ’’última trincheira defensiva desta temível e indesejável ida para o brejo”. E termina dizendo que “Não é apologia ou invencionice. Por isso, repito: alertar é preciso”.

Além disso, o general da reserva critica o Congresso por ter acrescentado punições ao Judiciário entra as medidas de combate à corrupção proposta pelo Ministério Público. Ele lembra que Renan Calheiros é réu por peculato e afrontou uma decisão de um ministro do Supremo que determinou seu afastamento do cargo, por estar na linha sucessória presidencial. Também disse de “um grande número de parlamentares envolvidos em processos judiciais”.

Em relação ao Judiciário, Rômulo diz que a sociedade ainda confia nos juízes de primeira instância, mas coloca em dúvida a atuação dos tribunais superiores. Nas suas palavras ’’nas instâncias superiores o quadro é diferente”. Ele aproveitou para criticar o foro privilegiado, direito das autoridades de serem julgadas exclusivamente pelo STF.

O militar considera que o Brasil enfrenta uma desgraça sem precedentes e tenta profetizar: “É nesse cenário de ‘desgraças’ que as instituições maiores e seus integrantes deverão ter a noção, a consciência e a sensibilidade de que o país poderá ingressar numa situação de ingovernabilidade, que não atenderá mais aos anseios e às expectativas da sociedade, tornando inexequível o regime democrático vigente”.

Esta não foi a primeira que o Bini faz artigo de análise política e proposta de solução. Em novembro de 2015, o general escreveu um outro texto e veiculou no mesmo jornal, com o mesmo título, em que fazia uma análise também catastrófica da situação política do país naquele período. No artigo do ano passado, o militar lembra que um colega general, em documento interno, alertou para o agravamento da crise, que poderia conduzir o país a uma “caótica conjuntura”. “Nesse caso, as Forças Armadas teriam de ser empenhadas e, por isso, deveriam estar adestradas”.

O general está na reserva e não tem qualquer comando de tropa. O seu artigo representa um setor minoritário de oficiais das Forças Armadas, formada por generais e coronéis saudosistas que viveram a ditadura militar. De acordo com fontes das Forças Armadas, o discurso político do general não tem eco na caserna atual, formada por ’’gente profissionalizada, de outra geração’’.

Com o aprofundamento da atual crise política que o país está vivendo, tendo como foco Michel Temer, mas também o Congresso Nacional e o próprio Judiciário, está visível que os chamados ’’intervencionistas’’ procuram uma posição melhor para fazer propaganda de suas ideias reacionárias e também pra se colocar como uma alternativa para os grandes empresários e banqueiros do país.

Esta escória da humanidade tem saudades da época em que o Estado retirava o mínimo dos direitos democráticos dos trabalhadores e demais setores populares da sociedade, assim como que era permitido torturar e matar militantes de esquerda e operários que se voltavam contra a ditadura militar. Na verdade, esta corja de reacionários tem medo que os trabalhadores em conjunto com os demais setores populares da sociedade se mobilizem e deem uma resposta independente para a crise política que o país está vivendo.

Ainda que hoje sejam minoritários e que a burguesia tenha outras cartas antes da ditadura militar para responder à crise política que o país está passando, é preciso ter em mente que é necessário travar uma luta para que estes setores não apenas não tenham espaço para defender essas ideias, como diretamente deixem de existir. As grandes mídias como o Estadão dão todo espaço para que esse discurso seja reproduzido com naturalidade. Isso porque os militares ligados à ditadura nunca foram punidos, seguem livres até hoje e há liberdade para que políticos como Jair Bolsonaro reivindique abertamente torturadores e siga impune. E isso se mantém porque o próprio PT, durante seus 13 anos no poder, colaborou para que os militares da ditadura estivessem impunes até hoje.

Ainda que a burguesia e os setores da direita ligados ao governo golpista hoje não demonstrem interesse em implementar uma nova ditadura civil-militar, há elementos da ditadura que muito lhes interessa em recuperar. As fortes repressões às últimas manifestações contra a PEC 55 em Brasília e a tentativa de enquadrar os manifestantes presos na Lei de Segurança Nacional é uma mostra disso.

Por nos depararmos com matérias veiculadas na grande mídia como essa do general da reserva, fica ainda mais fundamental a necessidade de questionar a política de anistia ampla, geral e irrestrita, que deixou impune militares como Rômulo Bini Pereira, assim como a Comissão Nacional da Verdade, que investigou crimes da ditadura mas não se propôs a fazer justiça para os mortos e desaparecidos políticos.

E mais do que nunca está colocado a necessidade dos trabalhadores darem uma resposta independente à essa crise, que passe por cima da direita - não apenas a intervencionista - e coloque nas mãos dos trabalhadores e da juventude os rumos do país, tirando da boca de generais saudosistas a resposta à situação política e social nacional.




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