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UNICAMP | Frente ao PL de Doria, Knobel quer cortar bolsas dos mais pobres na Unicamp, não defender a universidade

Doria apresentou um novo PL, em caráter de urgência, para ser tramitado na ALESP e que se passar significará cortes orçamentários às estaduais paulistas e Fapesp, dentre outros ataques. Com a crise orçamentária, Marcelo Knobel, reitor da Unicamp e reconhecido pelos discursos em defesa da universidade pública, apresentou uma nova proposta de critérios para bolsas estudantis, na prática significará corte de bolsas para centenas de estudantes, fazendo os mais pobres pagarem por essa conta em meio a pandemia. É assim que se defende a universidade pública?

domingo 23 de agosto de 2020 | Edição do dia

A Assembleia virtual, com mais de 700 estudantes presentes, que ocorreu nesta quinta-feira, votou pelo rechaço ao plano de novos critérios para bolsas da moradia e decidiu por medidas de mobilização. Os estudantes mostraram que querem se unificar contra todas as medidas que atacam sua permanência na universidade, como é a PL de Dória, e para isso não aceitam o discurso de Marcelo Knobel de que “defende a universidade pública e a ciência contra Bolsonaro” se deixa claro, desde que obrigou estudantes bolsistas a fazerem o Ead, que vai restringir o acesso e cortar as possibilidades dos estudantes pobres, maioria negros, continuarem seus estudos.

Os novos critérios propostos em reunião da CEPE (Comissão de Ensino, Pesquisa e Extensão) colocam que o tempo de vigência das bolsas deve respeitar não as necessidades dos estudantes mas o tempo mínimo de término estabelecido pelas direções dos cursos, sendo que muitos estudantes, por motivos diversos, tem que estender esse prazo, isso mesmo para aqueles que mudarem de curso dentro da universidade.

Além disso, querem condicionar as bolsas a critérios meritocráticos, avaliando o rendimento e não mantendo as bolsas se o estudante reprovar ao menos uma vez por falta. Ou seja, assim, a deliberação proposta pela reitoria ignora possíveis dificuldades dos estudantes, ainda mais nem meio a uma pandemia (!), para cortar bolsas sob o discurso da produtividade acadêmica e atendendo à crise orçamentária. Além disso, a proposta ainda continha um item absurdo que já saiu da proposta, mas que previa fazer uma divisão no índice de vulnerabilidade entre pretos e pardos, uma separação que não condiz nem mesmo com a categoria de “negros” do IBGE, que unifica pretos e pardos.

Veja isso: Os ataques à permanência estudantil em curso na Unicamp: governos e reitoria ampliam a exclusão na pandemia

Toda a proposta dos novos critérios para bolsas foi retirada da pauta na última reunião da CEPE, mas voltará a ser debatida na próxima reunião, dia 1 de setembro. A resposta dos estudantes é contundente: Nenhuma bolsa a menos! E na assembleia decidiram impulsionar um abaixo assinado e um ato dia 01 em frente à reitoria, além de se somar ao chamado do Fórum das 6 para que dia 26 seja um dia contra a PL, também incluindo aí as pautas da defesa das bolsas e contra as demissões de trabalhadores terceirizados que também vem acontecendo na Unicamp.

Além disso, os estudantes votaram que vão apresentar uma contra-proposta à reitoria sobre que permanência que os bolsistas precisam, se organizando em Grupos de trabalho (Gts) para isso e na próxima semana farão mais duas assembleias para debater a crise do financiamento das universidades, com a PL de Dória, e uma outra para debater especificamente a questão da bolsas.

Veja também: Assembleia da Unicamp com 700 estudantes afirma direito ao aborto legal, seguro e gratuito

Frente a pandemia, que contamina e mata milhares de pessoas, e toda a precarização da vida expressa pelos escandalosos números do desemprego, culpa de todo negacionismo e dos ataques de Bolsonaro, é escandaloso que Dória queira cortar orçamento das universidades e que a resposta da reitoria seja a de descarregar a crise sobre as costas dos mais pobres, como está acontecendo também quando precariza o trabalho e é conivente com as centenas de demissões de trabalhadores terceirizados que estão acontecendo na universidade neste momento.

Se defende a universidade pública, como Knobel diz defender, deveria convocar toda a universidade a se colocar contra a PL e exigir orçamento para manter as bolsas, os direitos dos trabalhadores, se pronunciar contra as empresas terceirizadas que sugam dinheiro da universidade e demitem trabalhadores e dar as melhores condições de trabalho ao HC para que de fato possa atender a população de Campinas sem expor os trabalhadores.

Abaixo-assinado pela proibição das demissões nas universidades!

Fortalecer todas as medidas de rechaço à PL de Dória e a essa política de cortes de bolsas é fundamental, esse deve ser o papel das entidades estudantis, a começar pelo DCE da UNICAMP, que dirigido pelo PCdoB, partido relator da MP936 de Bolsonaro, se torna um empecilho para unificação dos estudantes, já que são mais auxiliares da reitoria do que uma impulsionadores da nossa organização, vale lembrar que fizeram podcast com o reitor elogiando suas medidas de aplicar o EaD na universidade, além da assembleia só ter acontecido por exigência que a juventude faísca junto com os CAs fizeram.

O movimento estudantil da Unicamp também rechaçou em assembleia as demissões dos trabalhadores terceirizados, votando uma campanha em defesa dos empregos e para que os trabalhadores recebam seus direitos, a exigência à reitoria para que se pronuncie contra a empresa, um fundo de ajuda para todos os trabalhadores que estão passando necessidades, e também decidiu que a página do DCE no facebook deve estar totalmente aberta a esses trabalhadores.

Um exemplo muito importante da aliança entre trabalhadores e estudantes dentro da universidade. É preciso defender a proibição das demissões na universidade frente a pandemia, para que nenhum trabalhador amargure o desemprego e a fome. Além disso, as bolsas devem ser estendidas a todos que precisam, sem nenhuma contrapartida do trabalho, só defendendo os que mais sofrem pela crise é que é possível de fato defender a universidade pública.




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