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CORONAVÍRUS E CLASSE TRABALHADORA | França: vários sindicatos exigem fechamento do que não for essencial em fábricas de aeronaves

Nesta quinta-feira, 26 de março, vários sindicatos da aeronáutica francesa se coordenaram para exigir condições de segurança e o fechamento de centros de trabalho não essenciais.

sexta-feira 27 de março de 2020 | Edição do dia

Texto originalmente publicado em espanhol no Izquierda Diario Estado Español, integrante da Rede Internacional de Diários La Izquierda Diario.

Em uma ação sem precedentes, sindicatos de diferentes empresas aeronáuticas e terceirizadas que prestam serviço a Airbus se reuniram e emitiram uma declaração comum, rejeitando o retorno ao trabalho por não haver condições de segurança sanitárias e em setores não essenciais para o abastecimento da população ou para o fortalecimento da saúde, como a produção de aviões.

"Estamos em guerra. O governo acaba de aprovar leis que reforçam o confinamento e eliminam os direitos trabalhistas. Enquanto isso, os gerentes da empresa nos pedem para voltar ao trabalho. Por um lado, eles impõem milhares de multas para confinar as pessoas e, por outro lado, estão nos pedindo para manter as fábricas funcionando. Isso é irresponsabilidade”, apontam. Veja vídeo aqui

“A carta escrita pela Airbus na terça-feira, 18 de março, não era uma notícia falsa. A administração da Airbus determinou a retomada dos trabalhos para segunda-feira, 23 de março. Depois disso, as empresas terceirizadas também pedem que seus funcionários voltem ao trabalho, argumentando que os requisitos do cliente da Airbus devem ser atendidos”, explicam.

E também denunciam que “a administração de uma empresa terceirizada chegou ao ponto de ordenar que todos os funcionários voltassem ao trabalho, usando palavras como ’as pessoas terão que escolher do que querem morrer, o vírus ou a fome”.

Os sindicatos concluem em sua declaração unitária que “quando tudo corre bem, não se compartilha a riqueza; porém quando tudo dá errado, você ainda precisa produzi-la. Essa crise nos mostra um sistema que está se esgotando, que exige profundas transformações”.

Ao mesmo tempo, os trabalhadores da aviação questionam o fato de que, embora “a Airbus ofereça máscaras, luvas e uniformes para proteger os funcionários no local, os serviços médicos estão pedindo ajuda no fornecimento de equipamentos para profissionais de saúde e pacientes. Todas essas máscaras devem ser entregues ao pessoal médico em caráter de urgência".

“Estamos sendo obrigados a correr riscos para produzir coisas não essenciais diante da crise sanitária. Nossa saúde deve vir antes dos lucros”, explicam. E, finalmente, incorporam uma questão crucial sobre a dimensão da crise da saúde na França e em outros países. Na declaração, afirmam que “vários setores e países estão considerando a questão da reorientação da produção, por exemplo, para fabricar respiradores artificiais; também se coloca a questão do setor aeronáutico”.

Em face da mais provável crise econômica e social que se seguirá à atual crise da saúde, os trabalhadores aeronáuticos também exigem medidas de emergência: “Nossos sindicatos CGT e UNSA-Aérien do setor aeronáutico exigem o pagamento de 100% dos salários durante o período de confinamento para todos os funcionários que não são elegíveis para teletrabalho, para o cuidado das crianças ou pessoas que tenham doenças crônicas. Os lucros gerados pela indústria permitem que isso aconteça!”

Sindicatos como UNSA-Aérien DERICHBOURG, CGT TOFER, CGT Airbus aircraft, CGT Airbus Defense&Space, CGT Latécoère, CGT Safran Power Unit, CGT Collins, CGT Ratier-Figeac, CGT Figeac-Aéro, CGT Safran Nacelles, CGT Mécachrome, CGT Atelier Haute Garonne, CGT SOGETI, CGT Ventana, CGT Dassault-Argenteuil, Safran Electrical Power, SES, Safran Villemur, CGT OTIS, CGT LIEBHERR Aerospace, CGT Technal, CGT ONERA e outros se uniram a esta iniciativa para enfrentar a pressão das patronais aeronáuticas.

Em outros países, como no Estado espanhol, os trabalhadores do setor aeronáutico também estão fazendo demandas semelhantes. Foi anunciada uma greve para 30 de março em todas as empresas da Airbus com sede espanhola, enquanto várias empresas terceirizadas estão denunciando a mesma situação. Enquanto os aviões estão no chão ou voam vazios, os empregadores pressionam os trabalhadores a continuar produzindo peças de aeronaves, para não perder a concorrência no mercado, mesmo ao custo de arriscar a vida de todos.




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