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GREVE GERAL NA FRANÇA | França: A partir do dia 17 de dezembro, construir a greve geral até a retirada da reforma!

A novidade que todos na França estão sabendo é a renúncia de Delevoye, alto-comissário estava responsável por conduzir oficialmente a reforma da previdência. E, enquanto, é claro que as recentes mobilizações desempenharam um papel chave para impô-la, essa renúncia expressa também algo mais geral da situação. Se, às vésperas das mobilizações do dia 17 de dezembro, o principal arquiteto da reforma trabalhista se vê obrigado a renunciar, existe uma importante brecha pela qual os trabalhadores e a juventude podem atuar: a partir do dia de hoje até a retirada completa da reforma, até a vitória. Para vencer Macron, é preciso construir a greve geral.

terça-feira 17 de dezembro de 2019 | Edição do dia

Rejeição maciça dos anúncios de Edouard Philippe [primeiro-ministro de Macron] e monumental desastre para Delevoye: o governo colocado contra a parede?

Isso não passará despercebido. Após várias declarações sucessivas de Delevoye sobre mandatos ocultos, o homem de confiança de Macron e arquiteto da reforma previdenciária acabou renunciando ao seu cargo de Alto Comissário para Aposentadorias.

Alguns dias antes, foi o primeiro-ministro quem falou sobre a reforma. Embora ele tenha escolhido um discurso mais lírico do que seu colega Delevoye, Edouard Philippe convenceu uma grande parte da população a sair na rua no dia 17, chegando até mesmo a perturbar a CFDT [Confederação Francesa Democrática do Trabalho, grande confederação interprofissional de sindicatos] que levava essa reforma ao lado do governo há 2 anos.

Esse desastre do governo é um grande golpe para o executivo, em uma situação de explosão social. Se, na semana passada, o movimento endureceu a greve, esta semana está colocada definitivamente a urgência de uma generalização da mesma, depois de 12 dias de greve progressiva. Trabalhar até os 64 anos para conseguir uma aposentadoria de apenas 1.000 euros, depois de ter se desgastado completamente ao longo da carreira, é um projeto de vida que não encanta ninguém, exceto aqueles que acumulam aposentadorias e pensões, além de salários de cinco dígitos.

Da mobilização histórica à mobilização vitoriosa: se apoiar no dia 17 para buscar a vitória

Diferentemente do dia 5 de dezembro, nesta terça-feira, a CFDT e a CFTC [Confederação Francesa de Trabalhadores Cristãos] fazem um chamado pela primeira vez à greve e à manifestação. Assim, é uma frente unida dos sindicatos que se conforma em oposição à reforma previdenciária (pelo menos parte da reforma, ou seja, à idade de 64 anos para as centrais conhecidas como reformistas). Apesar dessa frente unida ser um tanto quanto precária, como evidenciado pelas últimas declarações de Berger [CFDT] sobre a "Trégua de Natal", essa continua sendo uma oportunidade para o movimento atuar de maneira ainda mais ampla do que antes e levar carregar consigo setores geralmente menos mobilizados e, especialmente, sindicatos que podem entrar na mobilização, impondo-a sobre aqueles, como Laurent Berger, que querem sair da greve depois desta terça-feira. É a base que deve decidir. E a base recusa a reforma de conjunto! E também recusa qualquer negociação!

Com a tão esperada manifestação dos trabalhadores de hospitais nesse 17 de dezembro, a primeira greve dos catadores de lixo, a radicalização das refinarias, as explosões aqui e ali da mobilização dos coletes amarelos por meio de bloqueios, setores como os caminhoneiros que estão se mobilizando pelo aumento de salário, está sendo formado o coquetel explosivo capaz de nos fazer vencer e sobre o qual os grevistas estão falando há várias semanas.

No dia 5 de dezembro, essa mobilização tornou-se histórica. Um ano após os coletes amarelos, uma radicalidade do movimento operário, de setores estratégicos que reavivam o método da greve ativa, uma base que pressiona as direções sindicais para que reivindiquem a continuação da greve, tantos sintomas de uma situação sem precedentes, confirma o desenvolvimento de uma nova etapa na luta de classes.

Mas depois do 17 de dezembro, são os 18, os 19, os 20 que devemos construir, para ir na direção de uma greve geral capaz de submeter, de uma vez por todas, o governo. Contra todo facilismo, é crucial confiar nas conquistas da mobilização e nas crescentes fraquezas do executivo para espalhar o máximo possível do movimento. Se o governo prendeu a respiração na véspera do dia 17, tudo ainda está em jogo.

"Colete-amarelização" do movimento dos trabalhadores: contra todas as negociações, é hora de expressar na rua !!!

Enquanto ministros e membros da maioria parlamentaria, apoiados por Le Pen, lotam as mídias para cuspir nos grevistas e dividir a população sobre a questão da pertubaçãodas férias de Natal, é importante que o movimento se concentre nos dias de mobilização e ação desta semana, em vez de cair na armadilha da temporada de festas de fim de ano.

Se a questão é colocar um ultimato real a Macron, seria necessário que as direções sindicais realmente chamassem realmente uma greve geral em todo o território francês. Adiando a radicalização do movimento para a próxima semana, a poucos passos do Natal, como tendem a fazer as quatro federações da CGT[Confederação Geral do Trabalho], não será suficiente para passarmos ao próximo passo.

Agora é a hora de virar a mobilização chamando uma greve geral. Se é necessario colocar um ultimato ao governo, é necessário colocá-lo agora. Macron não tem absolutamente nenhum interesse em recuar e, não importa o que seu companheiro Edouard Philippe nos tente fazer acreditar, é a correlação de forças que decidirá.

Por que esperar sete dias para generalizar a greve, quando o conjunto do mundo do trabalho tem interesse em mobilizar-se massivamente, a partir de amanhã, se apoiando nas brechas abertas ao alto com a renúncia de Delevoye? Não há motivo para esperar, é preciso sair desde agora.

E, se está claro que os setores que estão se mobilizando hoje também estão relacionados ao contágio operado pelo movimento dos coletes amarelos, como expresso pela impressionante radicalidade de professores, trabalhadores de hospitais ou maquinistas de RATP [Empresa Autônoma de Transportes Parisienses] para quem o movimento constitui um retorno retumbante à luta de classes, agora é uma questão de expressar esse espírito de luta nas ruas.

Junto aos piquetes de greve, as manifestações são a expressão da correlação de força entre o governo e o mundo do trabalho. Ir além da estrutura das manifestações passivas, tradicionais do movimento sindical, é um imperativo para puxar o movimento para o terreno da greve geral. A auto-organização deve refletir-se nos cortejos de grevistas, jovens, mulheres e todo o movimento deve exigir mais do que uma simples República-Nação para expressar suas reivindicações, que vão muito além do quadro das mobilizações corporativistas.

Ao bloquear o país e sair massivamente às ruas nessa terça para exigir a retirada imediata da reforma previdenciária, o movimento obtém perspectivas ardentes e garante a plena capacidade de alcançar, través da generalização da greve nos próximos dias, a greve geral. A vitória está à mão e poderia constituir a uma nova geração sedenta de mudanças a demonstração de que o capitalismo não está apenas apodrecendo, mas que ele pode ser derrubado. Seria o mais belo presente de Natal.




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