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Racismo | "Foi uma covardia, porque meu irmão era trabalhador", diz irmã de Durval, morto por militar em São Gonçalo

Mais um trabalhador negro tem sua vida rouba pelo racismo nessa semana no RJ, onde já assistimos o brutal assassinato de Moïse e mais uma chacina que deixa pelo menos 15 mortos em Belford Roxo.

sexta-feira 4 de fevereiro de 2022 | Edição do dia

Durval Filho foi assassinado na noite de quarta-feira (02/02) pelo seu vizinho, um militar racista, na cidade de São Gonçalo. Durval, de 38 anos, teve sua vida interrompida ao ser confundido com um “bandido” quando chegava em casa, dentro do próprio condomínio, e ser baleado por seu vizinho, o sargento da Marinha, Marinha Aurélio Alves Bezerra.

“O que aconteceu foi uma covardia, porque meu irmão era trabalhador. Meu irmão nunca encostou em nada de ninguém. Ele sempre saiu de casa cedo. Minha mãe criou três filhos sozinha e nenhum seguiu a vida errada. Ele era o único irmão que eu tinha e acontece um negócio desse? Ele tira a vida do meu irmão? Aí vai dizer que é legítima defesa? Não tem como. Meu irmão não tinha arma, meu irmão veio do serviço, ele veio do trabalho. Ele chegou em casa às onze horas da noite”, disse a irmã de Durval.

O Sargento foi preso em flagrante e indiciado por homicídio culposo — quando não há a intenção de matar. A polícia entendeu que o militar não teve a intenção de matar, mesmo ele tendo sido avisado que trata-se de seu vizinho e ter atirado três vezes em Durval. Em depoimento o assassino chegou a declarar que a vítima chegou a dizer que morava no condomínio, mas ao que parece não foi suficiente para impedir seu vizinho de o matá-lo. Ele deixou a mulher e uma filha de 6 anos.

“Vendo as câmeras, ouvindo a fala do delegado e pelo que os vizinhos estão falando, tenho certeza de que isso aconteceu porque ele é preto. Mesmo eles falando que ele era morador do condomínio, o vizinho não quis saber. Para mim, foi racismo sim”, afirmou a viúva.

A justiça para a família de Durval, para cada mãe, parente e amigos das vítimas do racismo, passa pela responsabilização dos indivíduos que as cometeram, porém não se acaba nela, deve caminhar em direção a luta contra toda a covardia e a barbaridade das instituições do estado burguês que tem como um dos seus pilares de sustentação o racismo e a segregação.

Leia mais: "Carta à Ivana, mãe de Moïse: estaremos juntas na luta por justiça".




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