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Trabalho Análogo à Escravidão | Foi cobrar o salário e o patrão atirou nele

No interior do Maranhão um trabalhador rural foi cobrar o salário de seu patrão e foi vítima de tentativa de homicídio, teve que se fingir de morto para não darem cabo da sua vida.

sábado 12 de março de 2022 | Edição do dia

Na quinta, dia 10 de março, o Ministério Público do Trabalho do Maranhão divulgou que realizou uma operação de resgate de trabalho escravo na fazenda São Sebastião no município de Cidelândia. A operação foi motivada pela denúncia de um trabalhador que sobreviveu após levar um tiro na nuca ao cobrar o salário do dono da fazenda.

O trabalhador havia sido contratado com a promessa de receber um salário-mínimo para roçar o pasto e a cerca da fazenda, mas entre setembro e novembro de 2021 ele só havia recebido 150 reais de pagamento, por isso saiu do trabalho e foi morar nas ruas da cidade.

Depois de uma semana nas ruas de Cidelândia o chefe pediu pra ele voltar e fazer outros serviços. Nisso, o trabalhador cobrou pelo seu pagamento mas continuou trabalhando, dessa vez carregando sal mineral numa caminhonete, foi quando deram o tiro na sua nuca: “Quando fui carregar o último pacote, ao virar de costas, levei o tiro de espingarda que pegou de raspão na minha cabeça”, afirmou a vítima. Segundo o trabalhador, o tiro teria sido dado pelo caseiro, a mando do fazendeiro.

O fazendeiro ainda disse “Tá morto o peão” e deixou o corpo jogado.

Condições precárias de trabalho

Na operação do Ministério Público e da Polícia Federal, realizada entre 14 e 18 de fevereiro, outros 3 trabalhadores foram resgatados vivendo junto a porcos, tomando a mesma água deles. Soma-se ainda os alojamentos não terem energia elétrica e nenhum deles terem carteira de trabalho assinada.

Além disso, um dos trabalhadores, de 62 anos, teve que ser resgatado de ambulância pois estava com fortes sintomas gripais, confirmado depois serem de COVID.

Ou o patrão dá cabo da vida dos trabalhadores ou as condições de trabalho levariam suas vidas. E mais absurdo ainda é que a fazenda é arrendada pela Suzano Celulose, uma gigante mundial do ramo e que se baseia na exploração dos trabalhadores e dos recursos naturais para dar mais lucro aos seus acionistas.

Semelhanças com o caso de Möise

Quem lê essa notícia não pode deixar de recordar do absurdo caso do imigrante congolês que foi morto a pauladas na orla carioca exatamente por cobrar seu salário.

A luta por Justiça para Möise é também a luta por Justiça para centenas de trabalhadores submetidos a condições análogas a escravidão, assediados com armas e com a morte para não receberem e trabalharem mais.

Foto do alojamento do trabalhador

A Suzano é a maior produtora global de celulose de eucalipto e uma das 10 maiores de celulose de mercado, além de líder mundial no mercado de papel. Esse caso, assim como o de Moïse, demonstra como o Estado também é responsável. Bolsonaro, Mourão e também o Congresso e STF mantiveram e aprovaram a reforma trabalhista, dando carta branca para gigantes capitalistas e o agronegócio reacionário promover trabalho análogo à escravidão, tudo em nome de seus lucros.

Por isso o Esquerda Diário levanta uma campanha pela revogação integral da Reforma Trabalhista, exigindo que as centrais sindicais chamem uma forte mobilização nos locais de trabalho e nas ruas contra essa reforma que simboliza o avanço contra direitos mínimos dos trabalhadores.

Com informações do Ministério Público do Trabalho disponível aqui.

Leia mais: Pela revogação integral da reforma trabalhista e de todas as reformas




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