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CONTRA O ESCOLA SEM PARTIDO | Fernando Holiday e criador do "Escola Sem Partido" recebem uma "aula" em evento na Câmara

O vereador do MBL/DEM Fernand Holiday promoveu evento na Câmara dos Vereadores de São Paulo para elogiar o reacionário projeto "Escola Sem Partido". Um dos professores presentes se inscreveu e deu uma verdadeira aula do que é a escola para os direitistas.

quarta-feira 24 de maio de 2017 | Edição do dia

O evento promovido por Holiday, vereador que já ficou conhecido por fazer "blitz" perseguindo professores nas escolas, contou com uma mesa de apoiadores do projeto "Escola Sem Partido", também conhecido como escola com mordaça. Os participantes da mesa eram o próprio Holiday além de Kim Kataguiri do MBL, Miguel Nagib (o criado do projeto), Eduardo Tuma e o Francisco Razzo.

Para falar algumas verdades sobre o reacionário projeto de perseguição ideológica que a direita quer implementar, um grupo de educadores decidiu comparecer ao evento. Um deles, Yvan Dourado, educador da escola Politéia, se inscreveu para rebater as falas dos apoiadores do projeto. Após duras críticas, seu microfone foi cortado pela mesa, mas não antes de ter colocado alguns importantes pontos de debate.

Veja a fala abaixo:

Um dos outros educadores presentes postou o seguinte comentário junto com o vídeo da fala de Yvan:

"Alguns comentários para entenderem o contexto:

1. Muitas falas dos defensores do Escola Sem Partido reivindicaram do estado e da educação laica. Porém os canalhas não percebem a contradição estampada na parede em cor dourada e brilhante. [referência ao enorme crucifixo no plenário da Câmara]

2. Não é por acaso que as empresas bilionárias têm investido pesado em educação por meio dos seus institutos. Eles querem ditar os caminhos para onde a educação deve seguir. Particularmente formar a mão de obra barata, desfigurada e alienada que tanto precisam. Falar em neutralidade num cenário desses é no mínimo uma hipocrisia descarada.

3. O problema das bases materiais está bem explicada na fala. O que forma politicamente os jovens não são os discursos dos professores. O que forma é a realidade. E esta o ESP não pode (nem quer) mudar.

4. Os discursos dos defensores do ESP são extremamente rasos. O Miguel Nagib mostrou 5 vídeos do facebook e concluiu: "Como vocês podem ver, existe a doutrinação esquerdista de norte a sul do país". Um profissional de estatística morre cada vez que os defensores do ESP abrem a boca.

5. O projetinho ESP não quer atacar todos os professores e professoras. Tem um foco muito específico. Atacar a vanguarda. Aqueles professores e professores melhor formados politicamente que em momentos de crise (em consonância com a realidade concreta dos demais) é capaz de fazer falas e discursos que levam os demais para o movimento, para a luta, para a greve e manifestações. É este grupo específico de profissionais da educação que o ESP quer calar."

E o próprio Yvan deixou alguns comentários também em seu perfil no Facebook a respeito de sua fala:

"Alguns apontamentos sobre minha fala no plenário da Câmara Municipal no evento do Holiday sobre escola sem partido:

  •  Difícil estar na "casa do povo" sabendo que lá estávamos rodeados de mármore e carpetes enquanto boa parte do povo não tem condições mínimas de moradia e vida digna;
  •  Que Democracia pode ser feita sob os braços abertos de Jesus crucificado? Estávamos falando de pluralidade, mas estava explícito que ela é apenas um discurso vazio;
  •  Nesse projeto de lei o professor deve ser imparcial. Isso dito por empresários e políticos de partidos burgueses só pode ser piada. Não existe imparcialidade e quem clama por ela só disfarça seus reais objetivos;
  •  Estava nervoso por falar naquele espaço depois de tanta desonestidade que precisei ouvir antes de que o microfone fosse aberto. Esqueci muitas coisas e fiquei confuso em outras. Mesmo assim, a linha de raciocínio é importante: a escola é um espaço democrático? Na minha tese não! Vide sua organização que dura muito tempo perpetuando a exclusão, a injustiça, a divisão social do trabalho e a ignorância;
  •  Disse o termo "mãe solteira" mesmo sabendo que ele não está correto. Peço desculpas às mulheres mães e guerreiras que criam seus filhos sozinhas pelo machismo enraizado em nossa sociedade;
  •  Na escola do meu filho não existe mais dia das mães por atitude de bons professores que ele têm. Semana passada fui ao dia da família na escola e, como era de se esperar, era um dos poucos pais;
  •  O MBL fala em democracia mas não participou do debate. Utilizou a velha estratégia da direita de criticar as pessoas, para gerar confusão e depois dizer que somos intolerantes;
  •  Todo plenário viu que eu fui o último a me inscrever depois que anunciaram o fim das falas. Mas depois de mim ainda falaram 3 simpatizantes do projeto. Golpista da golpe até em mesa de discussão. E ainda falou "já fui democrático demais em deixar vocês falarem". Só mais um abismo gritante entre o que se fala e o que se faz;
  •  Cortaram meu microfone por falar algumas verdades entre elas os excessos da polícia militar do estado de São Paulo, que o MBL tem seguranças nazistas, que todo mundo da mesa tem rabo preso com a lama de corrupção que vivemos e que o tal projeto de lei não visa melhorar as escolas e a educação no país, mas sim, continuar com a precariedade de uma educação que não nos ensina a pensar!
  •  Existe política além do voto e esquerda além do PT;
  •  Não Passarão!"


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