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INQUÉRITO POLICIAL | Fernando Henrique Cardoso na mira da Polícia Federal

Fernanda PeluciDiretora do Sindicato dos Metroviários de SP e militante do Mov. Nossa Classe

sábado 27 de fevereiro de 2016 | 03:40

O Ministério da Justiça divulgou nesta sexta-feira (26), que a Polícia Federal abriu um inquérito para investigar as suspeitas de crimes cometidos pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso envolvendo o envio de dinheiro para Mirian Dutra, jornalista, por meio de um contrato da empresa Brasif Exportação e Importação S.A.

O inquérito, que correrá sob sigilo de Justiça, terá como base as afirmações da jornalista em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, na qual ela afirmou que o ex-presidente, com quem teve um caso extraconjugal, assinou um contrato fictício com a empresa pelo qual recebeu US$ 3 mil mensais entre 2002 e 2006. Ainda segundo Mirian, o ex-presidente teria enviado, se utilizando de contas no exterior, dinheiro para sustentar ela e seu filho Tomás no exterior quando ainda comandava o país.

A jornalista afirma ainda que chegou a ser "exilada" (como ela mesmo chama), pois teria sofrido pressão de Antonio Carlos Magalhães para não voltar ao Brasil na época em que FHC disputava a reeleição, pois isso poderia o prejudicar. O ex-presidente admitiu ter contas no exterior e ter dado um apartamento de 200 mil euros à Tomás, filho de Mirian, mas negou ter cometido irregularidades, negando também ter participado do contrato da Brasif com Mirian.

A Brasif foi concessionária das lojas de free shop em vários aeroportos brasileiros até 2006 e hoje atua em diferentes ramos (venda e aluguel de máquinas pesadas; varejo; usina de açúcar e alcool; biotecnologia; agricultura e pecuária; empreendimentos e investimentos imobiliários). A empresa não perdeu tempo em sair em defesa do ex-presidente, e já se antecipou buscando salvá-lo da denúncia, divulgando nota em que afirma que FHC não teve participação na contratação de Mirian Dutra.

Em nota, o coordenador jurídico do PSDB, deputado Carlos Sampaio, afirma que "A gritante omissão do Ministério da Justiça desde o início da operação Lava-Jato contrasta, agora, com a atuação forte do ministro [da Justiça] José Eduardo Cardozo em apressar a abertura de um inquérito policial contra o ex-presidente por questões de natureza exclusivamente pessoal", como se por ser "de natureza pessoal" estivesse isento crimes. Sabemos que não se trata disso, e deve sim ser apurado o caso, independente de sua natureza.

A cada nova denúncia dos muitos de casos de corrupção e desvio de dinheiro que cotidianamente surgem no país, fica evidente que não tem um partido da burguesia que se salve das mesmas, seja PT, PSDB e todos demais partidos da ordem junto à empresas, bancos, grandes multinacionais locais e estrangeiras. Este é somente mais um caso dos muitos, e, infelizmente, sabemos que não é o último. No mês passado mesmo, nós do Esquerda Diário já denunciamos outro caso que envolvia o ex-presidente na venda da empresa petrolífera argentina em 2002, onde seu governo está sendo acusado de receber propina na casa dos US$ 100 milhões, sem contar o escandaloso caso de roubo de merendas do qual o PSDB está evolvido no Estado de São Paulo.

Porém, o PSDB vem se utilizando da estratégia de buscar impor a agenda do impeachment de Dilma, buscando, "a duras penas", também aparecer enquanto partido "limpo de corrupção". Mas as últimas denúncias da Lava-Jato novamente envolvendo o PSDB, apontam o quanto a investigação está atingindo este partido que, inclusive, se apoiava nos resultados da Lava-Jato para justificar o impeachment (mas que para aplicar o ajuste fiscal contra os trabalhadores está junto com o PT).

O que se conclui de toda esta lamentável situação é que a corrupção é necessária para que a burguesia possa garantir seus interesses de lucros e, ao mesmo tempo em que favorece os privilégios dos políticos, estes mesmos governam somente para os ricos.

Por isto, a única saída capaz de defender um país livre desta indecência política, contra todos os partidos envolvidos nos esquemas de corrupção e que controlam o Congresso, é colocando os trabalhadores e a juventude como sujeitos políticos para reorganizar o país, e livrar o Brasil das mãos desses corruptos. Estes que roubam os cofres públicos são os mesmos que atacam as condições de vida e os direitos dos trabalhadores e o povo pobre em troca de seus interesses particulares, maior lucro aos bancos e empresários.

É preciso colocar de pé uma Assembleia Constituinte imposta pela mobilização popular, independente dos governos, da oposição de direita e do PT, e impor uma comissão de investigação independente e da justiça burguesa para apurar os casos de corrupção e desvio de dinheiro no país, com uma comissão composta de trabalhadores e juventude, para que se investigue até o fim, se puna todos os envolvidos e traga de volta todo o dinheiro roubado aos cofres públicos com o confisco de bens destes mesmos políticos que nos roubam cotidianamente.




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