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TEMPORAIS EM SALVADOR | Falta de moradia digna e emprego de qualidade faz deslizamento matar 15 pessoas em Salvador

quarta-feira 29 de abril de 2015 | 02:09

A capital baiana Salvador foi atingida na madrugada de domingo (26/04) por um temporal que se estendeu pela segunda-feira quando a defesa civil já contava com 241 ocorrências. A forte chuva provocou alagamentos em diversas ruas e avenidas da cidade e obrigou moradores dos locais afetados a usar caiaque, prancha de surf e barcos para transitar pelos bairros.
Um prédio de cinco andares desabou no Bairro de São Caetano, e até o momento 15 pessoas morreram em deslizamentos de terras na comunidade do Barro Branco (11) e bairro do Bom Juá (4).

A chuva já tinha castigado Salvador no começo do ano: a cidade estava em alta temporada e se preparando para o carnaval quando ruas e avenidas ficaram alagadas, deixando a capital baiana em baixo d’água. Naquela situação, a drenagem foi feita apenas no Rio das Tripas e o Rio Vermelho, que cortam bairros nobres como Iguatemi e Rio Vermelho, e que segunda-feira(27/04) transbordou novamente. Na periferia da cidade, nada foi feito: os córregos e rios enchem com pequenas chuvas e a população convive com o medo de alagamentos.
As mortes por deslizamento na capital não são novas: há 19 anos, 22 pessoas morreram na cidade. Delas, 15 eram crianças.

A chuvas chegaram na madrugada pegando todos de surpresa enquanto dormiam, levando a vida de 15 pessoas e deixando mais de 500 desabrigadas com a difícil tarefa de construir tudo a partir do zero, sem casa e sem móveis. As famílias desabrigadas tentam ir para casa de parentes e amigos antes de ir para os alojamentos nas escolas municipais, onde o frio e a má qualidade das refeições é uma certeza.

A prefeitura de Salvador abriu a temporada de promessas: o atual prefeito Antônio Carlos Magalhães Neto (ACM Neto) do DEM promete obras públicas e auxílios moradia para resolver o problema, mas não consegue explicar por que nada foi feito na sua gestão nas mais de 600 áreas de riscos na cidade e o por que se manteve imóvel depois das chuvas do começo do ano e de duas semanas atrás, que deixaram a cidade igualmente alagada e anunciavam o perigo.

A presidente Dilma (PT), depois de conversar com o governador da Bahia Rui Costa (PT) e com o prefeito ACM neto(DEM), anunciou que se solidariza com as famílias das vitimas e com os desabrigados, e ofereceu uma nebulosa ajuda: dispôs do Exército para ajudar no regaste, que já está sendo feito, e também informou que o Ministro da Integração, Gilberto Occhi, estaria no local para fazer um sobrevoo nas áreas atingidas pela chuva. A presidente e o governador também contribuíram para o desastre: o partido a qual pertencem (PT) elevou a terceirização de 4 milhões para 12,7 trabalhadores durante o seu governo, condenando mais de 8 milhões de trabalhadores ao emprego precário, que não garante uma boa moradia.

Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Salvador e região metropolitana tiveram a maior taxa de desemprego do país: 10,8% em fevereiro deste ano. Os dados do IBGE também dizem que, já em 2006, a cidade tinha o título de pior distribuição de renda do país, e em 2010, 23% dos domicílios particulares localizados nas favelas ganhavam até meio salário mínimo per capita, contra 1,23% que tem renda acima de cinco salários per capita. A falta de trabalho e de salário dignos para sobreviver sentencia centenas de milhares de pessoas a viverem em locais de risco. Estes fatos e dados de Salvador, a cidade mais negra do mundo fora da África, com 80% da população negra, evidenciam o racismo existente que dizem não existir.

Da Redação.




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