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DESMONTE DA SAÚDE PÚBLICA | Falta de investimento prejudica hospitais do interior de São Paulo

Falta de insumos básicos, como agulha, gaze e esparadrapo, e de vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), suspensão do atendimento no pronto-socorro e espera de até cinco anos por cirurgia. Além de atrasos em salários de médicos e superlotação. Esta é a realidade enfrentada por hospitais universitários e municipais no interior de São Paulo.

quarta-feira 14 de junho de 2017 | Edição do dia

Foto: Fila em hospital de Campinas

O argumento dos gestores se concentra tanto no crescimento da população quanto no aumento da demanda com a migração de pacientes que perderam o plano de saúde privado e hoje estão na rede pública (com a perda do emprego e a queda da renda da família com a crise).

De fato, a saúde pública vem sendo afetada duramente pelos ataques dos governos Dilma e do golpista Temer, em especial com a aprovação da PEC 241, que congela os gastos públicos em saúde e educação leia mais aqui.

Os principais motivos para a atual crise de financeira nos municípios, além do corte dos gastos públicos do governo Temer, estão na própria recessão econômica que gerou queda na arrecadação de impostos pelas prefeituras do estado de São Paulo. Outros fatores se somam, como os gastos das prefeituras com o pagamento de subsídios a empresários e para pagamento de juros e dívidas para os bancos (gastos prioritários).

Enquanto isso, é a população mais pobre que está pagamento com suas próprias vidas, pela precarização constante da saúde: um cenário de mortes, descaso, falta de remédios e exames com filas intermináveis nos corredores dos centros de saúde, Unidades de Pronto Atendimento e hospitais.

Para atacar pela raiz o problema da deterioração e desmonte deliberado do SUS, do sistema de saúde pública no país, é fundamental que os trabalhadores e a população pobre levantem um programa para a estatização de autarquias e hospitais terceirizados e privados, o fornecimento pelo estado de medicamentos e exames de qualidade, e o não pagamento da dívida pública dos estados e municípios, entre outras medidas, que poderão ser levantadas a com a imposição, pela luta, de uma Assembleia Constituinte livre e sobrerana, para que assim sejam os capitalistas que paguem pela crise.

Abaixo, o Esquerda Diário levanta alguns dos inúmeros exemplos (apenas no estado de São Paulo) deste quadro de precarização da vida dos trabalhadores.

Campinas: HC da Unicamp com superlotação e mortes de pacientes

O Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em Campinas, paralisou o atendimento no pronto-socorro adulto e infantil e na UTI pediátrica em maio em razão do excesso de pacientes. O pronto-socorro (PS) infantil ficou fechado por uma semana para novos casos e procedimentos eletivos foram suspensos. O PS adulto fechou por 24 horas, após chegar a 72 macas instaladas onde cabem 28. "Foi uma medida dura, mas necessária, em razão da superlotação", afirmou o superintendente do HC da Unicamp, João Batista de Miranda. Superlotação de 600% no pronto socorro adulto do Hospital das Clínicas da Unicamp, saturação da unidade de atendimento.

Um grupo de trabalho do HC investiga a morte da doméstica Marlene de Lourdes Spíndola, de 49 anos, em 26 de maio. A triagem para novos pacientes estava suspensa e ela, com dores no peito, não conseguiu atendimento. Foi levada para um posto municipal, onde morreu de enfarte.

Com a unidade superlotada, houve falta de espaço até para a circulação de médicos e enfermeiros. Ou caso é o de Paula de Oliveira de 26 anos, na 30.ª semana de gravidez, de alto risco, chegou às 5 horas no HC e foi atendida após seis horas. Esta escandalosa situação deve perdurar até setembro, quando as obras da nova UTI, com 20 leitos pediátricos, serão entregues.

Campinas, assim como muitas outras cidades do país, enfrenta uma verdadeira crise na saúde e este não é um problema recente, já em março de 2016, os hospitais da cidade se encontravam com uma grave situação de superlotação.

Segundo pesquisa divulgada nesta semana, cerca de 70% dos usuários dos centros de saúde da cidade enfrentam dificuldade para acesso a consultas, com tempo de espera de mais de 90 dias. O cenário fica mais grave com a falta de cerca de 40 itens básicos para atendimento aos pacientes, dentre eles remédios e utensílios para enfermagem, segundo pesquisa.

Ribeirão Preto: HC da USP com atendimento precário em macas

No Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, que atende à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão, as pessoas eram atendidas dentro das ambulâncias, do lado de fora, por falta de leitos, macas e de espaço físico na emergência, na madrugada do dia 7. Pacientes reclamam da dificuldade para conseguir atendimento em Ortopedia - há 2,3 mil pessoas esperando na região pelo procedimento, segundo o Departamento Regional de Saúde. O educador social Nilson Gabriel da Costa, de 52 anos, aguarda por uma prótese no joelho há cinco anos. Em nota, o HC informou que há limitação orçamentária para fornecimento de órteses e próteses.

Marília: HC da Faculdade de Medicina com equipamentos sem manutenção

No Hospital das Clínicas de Marília, ligado à Faculdade de Medicina de Marília (Famema), pacientes de radioterapia relatam interrupção do tratamento. "Meu marido faz radioterapia há seis meses, mas ficamos várias semanas sem tratamento porque o equipamento não estava funcionando. Acho que isso prejudica a recuperação dele", disse a dona de casa Valnete Mariano Lima. A unidade informou que houve paralisação para manutenção preventiva de equipamentos.

São Carlos, Sorocaba e Americana: superlotação e atraso nos salários

A pediatria do Hospital Universitário da Universidade Federal de São Carlos (UfsCar) registrou alta de mais de 60% no atendimento após o fechamento de unidades próximas.

Em Sorocaba, o Hospital Regional - referência para 48 cidades e que atende os estudantes da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) para residência - convive com a falta de insumos básicos. Pacientes afirmam que tiveram de comprar fraldas e pomadas.

Na cidade de Americana, cuja prefeitura enfrenta uma crise financeira, ocorreram demissões de 200 trabalhadores concursados (funcionários da saúde, educação, entre outros), além da suspensão de atendimento em UPAs da prefeitura e o fechamento de 3 farmácias municipais.

Com a falta de pagamento da prefeitura à empresa que administra o hospital da cidade, médicos ortopedistas estão sem salários e a população é quem mais sofre, com superlotação e filas para realização de cirurgias




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