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Denúncia | Fábrica de móveis Bartira segue sem prestar nenhum apoio aos trabalhadores demitidos

Como denunciamos na última semana, a fábrica de móveis Bartira localizada no ABC Paulista, iniciou o ano demitindo centenas de trabalhadores em plena pandemia. A indignação dos trabalhadores segue em alta.

terça-feira 18 de janeiro de 2022 | Edição do dia

Foto: Divulgação

Como denunciamos no Esquerda Diário no dia 11 de janeiro, a fábrica de móveis Bartira, localizada em São Caetano do Sul no ABC Paulista e uma das maiores do ramo no país, iniciou o ano de 2022 com centenas de demissões sem qualquer aviso prévio, o que representa mais de 1 em cada 3 trabalhadores, tendo uma redução de 1.130 para cerca de 800. Diferente das notas publicadas pela empresa e veiculadas na grande mídia regional, trabalhadores denunciaram ao Esquerda Diário que não receberam qualquer ajuda e temem o desemprego em meio ao retorno dos altos índices de infecções pelo coronavírus e a H3N2.

Apesar da Via Varejo, dona da Móveis Bartira, ter lucrado 1 bilhão em 2020 em meio à pandemia, a empresa veio acumulando uma série de processos e denúncias de seus funcionários, além de inúmeros outros relativos a acidentes de trabalho que não são contabilizados e divulgados. Segundo, depoimentos anônimos que recebemos no canal de denúncias do Esquerda Diário, diferente do que foi divulgado pela assessoria da empresa, os trabalhadores, além das demissões sem qualquer aviso prévio, não contam com nenhuma possibilidade de realocação, menos ainda de auxílio ou suporte para lidar com o desemprego, deixando claro mais uma vez quais são os interesses reais do empresariado, que é impor dificuldade e escassez de recursos aos trabalhadores para garantir a manutenção de seus lucros.

Reproduzimos abaixo denúncias de trabalhadores e familiares a respeito do ocorrido:

“Agora mais que tudo preciso segurar meu emprego porque meu esposo infelizmente foi quem sofreu essa, nem sei que nome dar com o que a Bartira fez".

“Queremos nos pronunciar sobre as demissões da Bartira. Vimos que a empresa divulgou nota que está auxiliando os demitidos com apoio e orientação a recolocação no mercado de trabalho. Empresa mentirosa, fora que coagiu funcionário a mudar de horário senão seria demitido, funcionário mudou e o que aconteceu, foi demitido da mesma forma. Até o presente momento a empresa não se pronunciou sobre a data de pagamento das recisões".

“Eles tem que ser transparente. Nós temos família, contas, sei que todos tem… mas as pessoas precisam se prevenir. Se você sabe que vai ser mandado embora voce já vai no mercado com outra visão… você ía gastar X e você vai cortando tudo que pode pra economizar. Aí hoje pensa que está tudo tranquilo, vai no mercado com a família, a criança pede um doce, qualquer coisa, mesmo apertado você abre mão e libera algo porque sabe que ralando vai pagar. Mas se você já sabe que vai ser demitido, você senta e conversa com sua família e diz nesse momento não dá. Triste demais”.

“Com a pandemia e a crise, após a retomada, começaram a procurar profissionais para o turno da noite, ninguém nunca quer, pois sempre souberam que é o primeiro turno que numa crise eles mandam todos embora. Meu esposo e outros trabalhadores receberam a proposta de: ou ía para a noite ou nada poderia ser feito por eles, e que eles aceitando aumentariam o salário e tudo mais. Meu esposo ficou um bom tempo no período da noite, quando avisaram para todos do turno da noite e falaram que o turno não ía continuar, mas as pessoas seriam remanejadas e não seriam mandadas embora, e assim foi feito. Porém quem era do período da noite continuou registrado no sistema como funcionário da noite. Na época que mandaram os 300 embora, há um tempo atrás, a maioria também foi do turno da noite. Mas com a fala de que ninguém ía ser mandado embora, todos da noite foram alocados pra manhã ou tarde. Chegou o final de ano a empresa ía dar férias, porém foi informado que a empresa iria dar 10 dias de coletivas. Mas para a surpresa, perto da data mudaram para 20 dias, sem possibilidade de argumentar que queriam menos ou mais dias, nunca se teve acordo sobre isso, era no momento que a empresa queria, inclusive trocaram férias marcadas pro dia que queriam. E assim se deu 20 dias de coletiva, e nada falaram. No dia 10, dia do retorno, os funcionários que, após acharem que estavam apenas de férias, que até o dia anterior curtiram suas férias, achando que estavam seguros, em pleno início de ano, foram recebidos por alguns encarregados com um papel dizendo que eles estavam cientes de que não precisam mais do seu serviço”.

“Foi isso aí esse papel. Ele me enviou pelo whats, claro meu chão caiu na hora, isso foi segunda (10), domingo mesmo estávamos "despreocupados", chega na segunda isso. Claro que despreocupados nunca estamos, mas esperávamos no mínimo um aviso que fosse uma empresa como muitas de grande porte, que ja mudaram de São Paulo ou anunciaram demissões, tivessem aviso prévio, nem isso foi dado. Aí soltam nota dizendo que estão ajudando. Mentira. Só entregaram esse papel, mandaram assinar, não deixaram escolher opção e não falaram mais nada. Uma funcionária chegou a ligar aqui, eu atendi e pedi pra aguardar que iria chamá-lo, ela desligou e tentamos retornar no número e não funcionava ligações e sequer ela ligou de novo, descaso total, nem a cesta básica do início do ano a empresa se preocupou em dar".

Promessas não cumpridas

Conforme matéria veiculada pelo jornal Repórter Diário: Em nota, a Via Varejo esclarece que realizou as readequações do quadro de colaboradores a fim de eliminar mais um turno de atividades na indústria. “Todos os profissionais desligados estão recebendo apoio e orientações para recolocação”, informa em nota. Assim como no Diário do Grande ABC: A Bartira se manifestou por meio de nota: "A empresa esclarece que realizou uma readequação do quadro de colaboradores, eliminando um turno de atividades. Todos os profissionais desligados estão recebendo apoio e orientações para recolocação".

Em entrevista ao Repórter Diário, o presidente do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores da Indústria da Construção e Mobiliário Solidariedade, Edison Luiz Bernardes diz que irá aguardar nova decisão da empresa, e que caso não favoreçam os funcionários e/ou repensem as demissões, organizará reunião geral para que providências sejam tomadas. “Fomos pegos de surpresa com essa situação. Tínhamos 1,3 mil funcionários e com um corte o número caiu para 800, um número assustador”, disse o representante do sindicato.

Todavia, isso não aconteceu. Os trabalhadores também denunciaram sobre essa situação a respeito do sindicato:

“Sindicato? Sindicato nunca fez nada. Isso é mensagem que se dê. Toma cuidado que logo você vai ser mandado embora, é o que entendo lendo isso, a reportagem sobre o sindicato”.

“Circula nas redes sociais uma informação de que a Bartira estaria se mudando para Minas Gerais, o que se for verdade é o fim dos tempos”.

O Esquerda Diário se coloca à disposição dos trabalhadores da região para novos relatos e denúncias, garantimos total anonimato. Whatsapp: 11 97750-9596




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