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EGITO | Ex-presidente egípcio Morsi é sentenciado à pena de morte

O Tribunal Penal do Cairo confirmou hoje a pena de morte imposta ao presidente egípcio derrotado Mohamed Morsi e à quase uma centena de membros da Irmandade Muçulmana por fugir de uma cadeia nas redondezas do Cairo durante as mobilizações de 2011.

quarta-feira 17 de junho de 2015 | 00:00

A mesma corte sentenciou hoje a cadeia perpétua ao ex-presidente e aos outros 16 dirigentes da Irmandade Mulçumana por um caso de espionagem e colaboração com organizações estrangeiras para planejar ataques ao Egito.

Desde o golpe de Estado de 2013, as autoridades egípcias veem perseguindo e assassinando milhares de partidários dos Irmãos Mulçumanos, declarando a organização como um grupo terrorista. A justiça condenou seus dirigentes e centenas de simpatizantes à pena de morte e prisão.

A mesma justiça egípcia havia absolvido ao ditador Hosni Mubarak das acusações pela repressão e assassinato de manifestantes durante as mobilizações que em 2011 terminaram com anos de seu governo ditatorial. A sentença foi tão escandalosa que tiveram que ordenar que repetisse o julgamento.

As repercussões internacionais pela sentença não demoraram a aparecer. A Casa Branca hoje se declarou “profundamente preocupada” pela sentença. O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, afirmou que o julgamento de Morsi é outro exemplo de “sentença politicamente motivada” e mostrou sua inquietude pelas práticas judiciais do novo governo egípcio. No mesmo sentido, se manifestou o secretario geral da ONU, Ban Ki-moon, que expressou hoje sua “profunda preocupação” e advertiu que pode ter um impacto negativo na estabilidade do país a longo prazo.

As declarações dos governos das principais potências mundiais não se devem a uma súbita reação humanitária. Os principais governos europeus e o norteamericano veem apoiando o governo de Al Sisi, sabendo que o general golpista, ungido como presidente em uma eleição possibilitada graças a uma forte repressão, garante a estabilidade do país em base a uma dura repressão e perseguição aos opositores.

A sentença de morte do ex-presidente Morsi pode impactar duramente a estabilidade do país. Caso seja executado, Morsi pode se transformar em um mártir para milhares de militantes da Irmandade Mulçumana, perseguidos e reprimidos pelo Estado, e pode radicalizar massivamente a forma de enfrentamento contra o governo.

Desde a derrubada de Morsi, em 2013, o estado de perseguição e repressão foi se agudizando como forma de garantir a estabilidade social diante da falta de respostas às demandas que serviram de motor para a “Primavera Árabe”. Esta brutal repressão fez crescer a influência de grupos reacionários como o Estado Islâmico e outras variantes, produto de que uma saída progressiva em base a mobilização operária e popular ficou fora do horizonte imediato de derrota a sangue e fogo da “Primavera Egípcia”




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