Com estudantes de medicina presos e feridos, o governo, através das forças repressivas, violenta a Autonomia Universitária e continua a criminalização do protesto social
sexta-feira 22 de dezembro de 2017 | Edição do dia
Último minuto! Polícia intervém na UMSA
O sistema de saúde boliviano está em crise terminal e o governo de Evo Morales decidiu resolvê-lo com um maior punitivismo, modificando o sistema penal contra a prática médica. Os trabalhadores e estudantes da saúde vêm levando adiante greves e marchas contra essa intenção criminalizadora, com respostas repressivas por parte do governo. Nesta quinta-feira a polícia ingressou brutalmente a uma das universidades, reprimindo e detendo estudantes.
Depois da jornada de mobilização dos médicos na Bolívia, nesta quinta-feira a polícia reprimiu estudantes da Carreira de Medicina da Universidade Maior de San Andrés (UMSA), em portas do Monoblock. Com gases e golpes a polícia tentou derrubar as portas da UMSA. O governo, através das forças repressivas do estado, atropela a Autonomia Universitária e vulnera os direitos humanos dos protestantes, com prisões arbitrárias e abusos de força.
Cabe lembrar que esta não é a primeira vez que a polícia irrompe em universidades públicas, mobilizando pelotões com todo seu armamento antimotins: em 2016 o presenciamos contra os estudantes da Universidade Autônoma Gabriel Rene Moreno (UAGRM).
Nesta sexta-feira, em meio a uma jornada de mobilização conta o novo Código do Sistema Penal Boliviano, os médicos, trabalhadores da saúde e estudantes de medicina continuam sendo reprimidos nas ruas enquanto exercem o legítimo direito a protestar por serem acusados de serem “responsáveis da crise da saúde”. Maior irresponsabilidade do governo com respeito a um primordial direito como é a saúde. O presidencialismo do governo do MAS intensifica seus rasgos reacionários instalando um clima social tendencialmente mais repressivo.
Os uniformados não passarão
Reproduzimos à continuação a declaração da Corrente Estudantil Revolucionária OUTUBRO da UMSA:
• Repudiamos a intervenção do governo que, através das forças repressivas, vulneram os direitos dos estudantes de medicina, com prisões arbitrárias e deixando-os feridos, assim como o atropelo da Autonomia Universitária.
• Rechaçamos a atitude do governo do MAS por minimizar o conflito que se refere a uma crise estrutural e sistêmica da saúde, a um debate polêmico sobre a responsabilidade penal dos médicos em suas práticas.
• A penalização não resolverá um conflito da crise do sistema de saúde. O governo é responsável que os fundos e riquezas nacionais só beneficiem aos empresários, afetando evidentemente toda a população, mas essencialmente aos setores mais empobrecidos da sociedade.
• Repudiamos a intervenção policial, que criminaliza o direito de protesto dos médicos e estudantes da UMSA.
• Exigimos à FUL, Centros de Estudantes e Centros Facultativos da UMSA, a convocar a uma Assembleia Geral Docente Estudantil, para confrontar a intervenção do governo que através das forças repressivas atropelam os direitos dos estudantes.
• Chamamos a todas e todos os estudantes universitários a nos organizarmos com nossos delegados de base, a nos mobilizarmos contra esses atropelos.
• Exigimos as dirigências de trabalhadores, à COB, ao Magistério e outros setores a se pronunciar frente a essa situação.
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