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MACHISMO NA UNIVERSIDADE | Estudantes relatam novos casos de machismo e estupro na USP-EACH

quinta-feira 23 de abril de 2015 | 01:32

Mais uma vez surgem denúncias de estupros e abusos dentro da Universidade de São Paulo. Após os escândalos da Faculdade de Medicina na USP e da conclusão da CPI dos Trotes da Assembleia Legislativa (Alesp) apontando que nos últimos 10 anos houve mais de 112 possíveis casos de estupros dentro da FMUSP, agora as denúncias vêm da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH)
Em nota divulgada pelo Coletivo Feminista Maria Sem Vergonha Each-USP as estudantes relatam os casos de machismo e a acusação de estupro.

“Recentemente houve um caso de machismo no qual um estudante tirou foto da bunda de uma colega na sala de aula sem o consentimento dela. Como este tipo de comportamento parece estar naturalizado, muitas pessoas não viram machismo no episódio. Achamos que o melhor meio de explicar essas questões seja mostrar como esse caso se relaciona à um cenário maior da nossa sociedade.”

Assim como a nota problematiza muitas vezes o machismo está enraizado nos costumes e atitudes cotidianas, sendo que casos como esse muitas vezes são visto apenas como uma brincadeira. Mas a verdade é que esses casos são apenas alguns exemplos de um machismo estrutural presente dentro da universidade e na sociedade como um todo. Uma cantada, um foto íntima revelada sem consentimento, um julgamento pela roupa que usa ou pelo número de parceiros que tem, tudo isso parece, para o senso comum, ser algo leve e não tão grave quanto um estupro. Mas na realidade fazem parte da mesma ideologia que legitima o abuso e a opressão as mulheres e a naturalização desses casos dão margem para que abusos ainda maiores como o estupro, possam acontecer.

Em uma reunião do coletivo, algumas estudantes denunciaram os abusos que sofreram de um mesmo estudante da Each, “Nesta reunião, algumas das vítimas vieram até a coletiva e contaram, caso por caso, abusos que sofreram de um mesmo estudante da EACH. O sujeito se mostrava amigo e conquista a confiança das mulheres. As vítimas por muito tempo permaneceram caladas, por acharem que estavam sozinhas, por se culparem e por acharem que aquilo tinha sido um caso isolado. Demoraram pra reconhecer para si mesmas que tinham sofrido abuso sexual por uma pessoa que um dia consideraram amigo. Os casos de abuso não aconteceram dentro da EACH (aconteceram em acampamentos universitários, festas em repúblicas, festas) porém a convivência dos alunos e alunas acontece principalmente dentro do recinto da escola.”

A reitoria e a burocracia universitária demonstrou diversas vezes que não vai dar uma resposta efetiva que combata esses casos. No dia 8 de abril, a FMUSP suspendeu por 180 dias em razão de “infrações disciplinares”, um aluno que respondeu a uma sindicância sendo acusado de 3 estupros contra alunas da faculdade. Dessa forma ele não participou da colação de grau que aconteceu no dia 14. É essa a resposta que a reitoria da USP, enquanto pune e expulsa estudantes que lutam em defesa da universidade pública, ela apenas suspende um aluno acusado de três estupros, permitindo que daqui a seis meses ele possa ter seu diploma e atuar enquanto médico.

Diante dessa situação a professora Heloísa Buarque, cientista social e antropóloga que dá aulas na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, convocou uma reunião para a próxima quinta-feira (23), às 18h, no Anfiteatro do 2º andar da FMUSP. Para que as docentes da USP se mobilizem em defesa das vítimas dos estupros e assédios.

Os casos de estupros e violência às mulheres dentro da universidade não podem passar impune. Mas não devemos esperar nenhuma resposta da reitoria ou da burocracia universitária. Somente uma mobilização independente dos setores oprimidos apoiados por todos os estudantes, trabalhadores e professores da universidade pode garantir que esses crimes não passem impunes mais uma vez. Retomando o exemplo dos trabalhadores da USP que fizeram uma forte campanha se posicionando contra os estupros e assédios dentro da FMUSP, é necessário que todos os estudantes, coletivos e entidades estudantis, aliados aos sindicatos dos trabalhadores e dos professores levantem uma grande campanha contra a violência dentro da universidade.




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